A Dama Das Orquídeas. Barbara Cartland

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A Dama Das Orquídeas - Barbara Cartland


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conseguido conven- cê-lo a ensinar para Minella vários assuntos que estavam além da capa- cidade da velha professora que morava no povoado.

      Minella levava quinze minutos cavalgando pelos campos para che- gar à Paróquia de Little Welham e o reverendo Adolphus Langford a fazia estudar muito.

      Tinha catorze anos quando começou a ter essas aulas, e comparti- lhava as lições com a filha dele, Constance, três anos mais velha.

      Havia sido muito mais divertido aprender ao lado de outra garota, e Minella se orgulhava porque aprendia muito mais depressa e, no geral, era mais inteligente do que Constance.

      Quando não estavam no estúdio do reverendo, Constance não fazia cerimônia e dizia que achava as aulas uma completa chatice.

      —Acho que você tem muita sorte por ter um pai tão inteligente!— dissera Minella, certa vez.

      —E eu acho que você… é que tem sorte por ter um pai tão bonito e charmoso!— retrucara Constance.

      —Vou contar a papai o que você disse. Tenho certeza de que ele vai ficar lisonjeado.

      Minella levara Constance para tomar chá na mansão e seu pai havia sido muito atencioso, como sempre era com todo mundo, e Constance ficara maravilhada.

      —Ele é tão elegante e tão bonito!— não cansava de repetir—, oh, Minella, quando posso ir de novo à sua casa? Só de ver seu pai, já fico totalmente emocionada!

      Minella achava que aqueles comentários tão incisivos eram pouco gentis para com o próprio pai de Constance. Gostava muito do reverendo e achava a forma de ele ensinar muito eficiente e estimulante.

      Apesar disso, percebia que Constance a tratava muito bem e concluiu, que teria de convidá-la a voltar à sua casa. Como quase não tinha amigos, ficou muito feliz por acabar fazendo disso um hábito.

      Quando o reverendo não usava o cavalo, Constance tinha permissão, para usá-lo e as duas iam juntas para a mansão. Quando chegavam, para agradar a amiga, Minella sempre ia à procura do pai.

      Geralmente, ele estava no estábulo ou no jardim e, como era evi- dente que Constance o fitava cheia de admiração e ouvia cada palavra dele como se fosse o próprio evangelho, certa vez lady Heywood co- mentara sorrindo:

      —Não há dúvida de que você conquistou o coração da jovem donzela, Roy, mas não deve deixar que ela ou Minella o aborreçam. . .

      —Elas não me aborrecem— respondera ele, bem-humorado—, além disso, garotas dessa idade sempre se apaixonam peio primeiro homem que conhecem.

      —Tudo bem, contanto que ela não seja insistente!

      —Se for, chamo você para me proteger, querida!

      Lorde Heywood passara o braço em volta dos ombros da esposa e os dois caminharam pelo jardim, completamente felizes por estarem juntos.

      Um ano depois, “Connie”, como ela se apelidara, alegando que Constance, era melancólico e sério demais, fora para Londres.

      Ela havia lhe mandado uma carta, dizendo ter arranjado um emprego interessante, mas Minella tivera a impressão de que os pais dela foram muito vagos ao dizer do que se tratava.

      Depois disso, só lembrava de Connie ter ido à mansão uma vez, logo depois da morte de sua mãe. Apareceu tão diferente, que Minella tivera dificuldade em reconhecê-la. Estava magra, alta, com porte ele- gante e muito bem vestida.

      Na verdade, havia pensado que a jovem que batia à porta fosse alguma dama do condado que talvez tivesse vindo dar os pêsames à família pela morte de lady Heywood.

      —Não está me reconhecendo, Minella?

      Depois de uma breve pausa, Minella dera um gritinho de alegria e abraçara a amiga.

      —Que bom ver você! Pensei que tivesse desaparecido para sempre! Como está elegante e bonita!

      Era a mais pura verdade. Connie estava maravilhosa e seus cabelos loiros pareciam mais sedosos e brilhantes do que eram há um ano. Com os olhos azuis e a pele rosada, era o ideal perfeito que todo homem tinha da “rosa inglesa”.

      Minella levara-a para a sala de estar, desejando conversar com ela e saber o que estava fazendo em Londres. Porém, dois minutos depois, seu pai entrara e havia ficado claro que Connie só queria conversar com ele.

      Depois de alguns minutos, Minella saíra para preparar um chá e eles ficaram a sós. Quando estava voltando, tinha ouvido Connie dizer:

      —Obrigada por sua gentileza, senhor. Se fizer isso por mim, ficarei tão feliz que nem terei palavras para agradecê-lo.

      —Existe uma maneira melhor para você se expressar— respondera lorde Heywood com os olhos brilhando.

      —Não vai esquecer?— perguntara Connie, ansiosa.

      —Nunca esqueço minhas promessas.

      Depois de algum tempo, Minella e o pai acompanharam Connie até o portão e ela havia partido, parecendo absurdamente elegante e fora de lugar na pequena e antiquada charrete do reverendo.

      Enquanto a observavam se afastar, Minella tivera a certeza de que seu pai, pensava na fina cintura de Connie e em como aquele vestido justo lhe assentava maravilhosamente bem.

      —Connie ficou muito bonita, não acha, papai?— comentara, dando o braço para ele.

      —Muito bonita!

      —Eu sempre ganhei de Connie nas aulas, mas ela me superou em beleza.

      De repente o pai havia se virado e fitara-a intensamente, como se nunca a tivesse visto antes.

      —Não precisa ter ciúmes das Connies do mundo, minha querida. Você tem o mesmo encanto que eu adorava em sua mãe. É bonita, e além disso, parece uma dama, o que é muito importante.

      —Por que, papai?

      —Porque eu não a criei para outra coisa!— respondera ele, energicamente.

      Minella não havia entendido, mas, como conhecia seu pai muito bem, sabia que ele não queria que fizesse mais perguntas. Mesmo assim, tinha muita curiosidade para saber o que ele haveria prometido a Connie.

      Naquele momento, embora sentisse que estava tomando uma atitude bastante errada, abriu a carta e leu:

       “Caro lorde das luzes e do riso,

       Como serei capaz de agradecer sua atenção? Deu tudo certo, exatamente como o senhor garantiu. Consegui o emprego e também mudei para esse pequeno e confortável apartamento que agora posso manter, graças ao senhor. Sempre o achei maravilhoso, mas nunca tanto como agora, me ajudando quando eu realmente precisava. Espero que algum dia eu tenha condições de retribuir e fazer algo pelo senhor!

       Até lá, obrigada!

       Obrigada! Obrigada!

       Connie.”

      Minella releu a carta lentamente. Em seguida, perguntando-se o que seu pai teria feito para deixar Connie tão agradecida, leu o papel pela terceira vez:

       “Espero que algum dia eu tenha condições de retribuir e fazer algo pelo senhor!”

      Era tarde demais para que Connie fizesse algo por ele, mas e se… e se sua gratidão fosse extensiva a ela?

      Podia ser que lhe arranjasse algum emprego que a poupasse de aceitar o único convite que tinha recebido, ir morar com tia Esther.

      Minella leu o endereço no topo da carta, mas, como não conhecia Londres, o nome da rua não significou nada para ela, embora sou- besse que ficava em alguma parte de West End.

      «Se eu estivesse em Londres, haveria tantas opções de trabalho». pensou. «Poderia cuidar de crianças, até dar aulas para elas ou, talvez, embora mamãe reprovasse, trabalhar numa loja».


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