O Regresso. Danilo Clementoni

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O Regresso - Danilo Clementoni


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      Planeta Terra - Tell El-Mukayyar - Iraque

      Elisa Hunter estava tentando pela enésima vez enxugar a molesta gota de suor que, da sua testa, teimava em cair lentamente na direção do seu nariz, e, em seguida, mergulhar na areia quente aos seus pés. Eram já muitas horas que esta de joelhos, com a sua inseparável Espátula Marshalltown6 , raspando delicadamente o solo, na tentativa de trazer à luz, sem danos, aquela que parecia se a parte superior de uma lápide. Desde o começo essa teoria não a tinha convencido. Perto do Ziqqurat di Ur7 , onde da quase dois meses, graças a sua fama de arqueóloga e grande esperta de língua sumeriana, tinham dado permissão de trabalhar. Muitas sepulturas, deste o começo as escavações no inicio do sec. XX, foram encontradas, mas em nenhumas delas, tinham encontrado manufaturados como aqueles. Dada a forma quadrada particular e o grande porte, mais que um sarcófago, parecia a "tampa" de uma espécie de recipiente enterrado lá milhares de anos antes, para proteger ou esconder sabe-se o quê.

      Infelizmente, tendo trazido à luz, pelo momento, apenas uma porção da parte superior, ainda não era capaz de determinar o quanto, o suposto recipiente, pudesse ser alto. As incisões cuneiformes que cobriam toda a superfície visível da tampa, não se assemelhavam a nada que já tivesse visto antes.

      Para traduzir levaria vários dias e muitas noites sem dormir.

      "Doutora."

      Elisa levantou a cabeça e, com a mão direita logo acima dos olhos para se proteger do sol, viu o seu ajudante Hisham, vindo em sua direção com passos rápidos.

      "Doutora", repetiu o homem, "uma chamada para você da base. Parece urgente."

      "Já vou. Obrigada Hisham."

      Aproveitou a pausa forçada para beber um gole de água, já quase fervendo, do cantil que ela sempre levava preso ao cinto.

      Uma chamada da base... Só podia significar problemas chegando.

      Levantou-se, deu uns tapas nas calças levantando várias nuvens de poeira e caminhou determinada para a tenda que servia de base de apoio para pesquisas.

      Ela abriu o zíper que mantinha semi fechada a tenda e entrou. Demorou um pouco para seus olhos habituarem à mudança de luz, mas isso não a impediu de reconhecer, no monitor, o grande rosto do Coronel Jack Hudson, que severamente, olhava para o nada esperando uma sua resposta.

      O Coronel era oficialmente responsável pela equipe estratégica anti-terrorismo em Nassíria, mas a sua verdadeira tarefa era coordenar uma série de estudos científicos encomendados e controlados por um misterioso departamento: ELSAD8 . Este departamento era cercado da aura de mistério que normalmente convolve esse tipo de estrutura. Quase ninguém sabia exatamente os objetivos e as metas de todo o grupo. Sabia-se apenas que o comando operacional reportava diretamente ao Presidente dos Estados Unidos.

      No fundo, Elisa não se importava muito. A verdadeira razão pela qual ela tinha decidido aceitar a oferta em participar de uma das expedições era a de que, finalmente, poderia voltar para os lugares que mais amava no mundo, fazendo seu trabalho que adorava e em que, apesar da sua idade relativamente jovem (trinta e oito), era uma das mais talentosas e importantes no setor.

      "Boa noite, Coronel", disse ela mostrando o seu melhor sorriso. "A que eu devo esta honra?"

      "Doutora Hunter, pare com essas pieguices. Sabe muito bem por que estou ligando. A autorização que foi concedida para completar o seu trabalho já expirou há dois dias e a senhora não pode mais ficar aí."

      Sua voz era clara e firme. Desta vez, nem mesmo o seu charme inegável seria suficiente para arrancar mais delongas. Decidiu jogar sua última cartada.

      Desde, o 23 março de 2003, quando a coalizão liderada pelos Estados Unidos tinha decidido invadir o Iraque, com o propósito expresso de depor o ditador Saddam Hussein, acusado de manter armas de destruição em massa (alegação que se revelaram infundados depois) e de apoiar o terrorismo islâmico, no Iraque, toda a pesquisa arqueológica, já muito difícil em tempos de paz, havia sofrido um bloco forçado. Apenas o fim formal das hostilidades, em 15 de Abril de 2003 que se reacendeu a esperança de arqueólogos de todo o mundo, de poder voltar aos lugares de onde, presumivelmente, as civilizações mais antigas da história tinham se desenvolvido e tinham, em seguida, espalhado a cultura em todo o mundo. A decisão das autoridades iraquianas e, em seguida, no final de 2011, a reabertura da escavação de alguns dos locais com valor histórico inestimáveis, a fim de "continuar a melhorar a sua herança cultural" finalmente a esperança virou certeza. Sob a bandeira da ONU e com inúmeras licenças assinadas e confirmadas por um número incontável de "autoridades", alguns grupos de pesquisadores selecionados e supervisionados por comissões especiais dedicadas, poderiam operar por períodos limitados, nas áreas arqueológicas mais significativas do território iraquiano.

      "Caro Coronel", disse ela, aproximando-se tanto quanto possível da webcam de modo que seus olhos esmeralda pudessem obter o efeito que esperava. " O senhor tem toda a razão."

      Sabia bem que dar uma razão ao interlocutor, o teria preparado de forma mais positiva.

      "Mas agora que estamos tão perto."

      "Perto do quê?" O Coronel gritou levantando-se da cadeira e apoiando os punhos sobre a mesa. "São semanas que persisti com a mesma história. Não estou disposto a confiar mais sem ver com os meus próprios olhos algo de concreto."

      "Se o senhor me der a honra da sua companhia esta noite no jantar, terei o maior prazer de lhe mostrar algo que vai fazer mudar de idéia. O senhor aceita?"

      Os dentes brancos ostentavam um sorriso bonito e o passar a mão pelo cabelo louro e comprido fazia o resto. Ela tinha certeza que o tinha convencido.

      O Coronel franziu o cenho tentando manter um olhar furioso, mas sabia que não saberia resistir a essa proposta. Elisa fazia o seu tipo e um jantar tête-à-tête o intrigava muito.

      Além do mais ele, apesar dos seus quarenta e oito anos, era ainda um homem bonito. Corpo atlético, traços fortes, cabelos grisalhos curtos, olhar forte e decidido de um azul intenso, uma boa cultura geral que lhe permitia manter discussões sobre muitos temas, tudo combinado com o charme indiscutível do uniforme, o fazia um exemplar do sexo masculino ainda muito 'interessante'.

      "Ok", bufou o Coronel, "mas se esta noite realmente não me mostre algo de incrível, já pode começar a recolher toda a sua bugiganga e fazer as malas" Ele tentou usar o tom mais autoritário possível, mas sem muito sucesso.

      "As vinte e zero zero esteja pronta. Um carro vai buscá-la ao seu hotel.", e desligou, um pouco arrependido por não ter despedido.

      Raios, Tenho que me apressar. Eu tenho poucas horas antes de escurecer.

      "Hisham", gritou fora da tenda. "Logo, reúne toda a equipe. Eu preciso de toda a ajuda possível."

      Ele caminhou, com passos rápidos, os poucos metros que separavam da área de escavação, deixando para trás toda uma série de pequenas nuvens de poeira. Dentro de minutos, todos se reuniram ao seu redor esperando por suas ordens.

      "Você, por favor, remova a areia daquele canto", ordenou, indicando o lado da pedra mais longe dela. "E você ajudá-lo. Tome cuidado, muito cuidado. Se é o que penso, este objeto vai ser a nossa salvação."

      Astronave Theos - Órbita De Júpiter

      O pequeno, mas extremamente confortável, módulo esférico de transferência interna estava correndo a uma velocidade média de cerca de 10 m / s, o duto número


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