Arena Um: Traficantes De Escravos . Морган Райс

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Arena Um: Traficantes De Escravos  - Морган Райс


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nacional e os políticos das suas partes começaram a perceber que, para conseguir atenção, era necessário tomar posições extremas – que era o que precisavam para sua ambição pessoal.

      Como resultado, as pessoas mais importantes de ambas as partes eram os mais extremistas, cada um tentando superar o outro, tomando posições que eles sequer acreditavam, mas que se viam obrigados a tomar. Naturalmente, quando as duas partes debatiam, só podiam discutir um com o outro – e eles o faziam com palavras grossas e duras. No início, eram apenas insultos e ataques pessoais. Mas, com o passar do tempo, a guerra verbal foi se intensificando. E, então, um dia, chegaram a um ponto sem volta.

      Um dia, há uns dez anos atrás, um momento crítico chegou quando um líder político ameaçou outro com uma palavra profética: “secessão”. Se os Democratas tentassem elevar um centavo que fosse nos impostos, seu partido se separaria do sindicato e cada povoado, cada cidade e cada estado se dividiriam em dois. Não por terra, mas por ideologia.

      Não poderia ter sido em momento pior: nessa época, a nação passava por uma depressão econômica e havia descontentamento suficiente, o povo estava farto de perder o emprego à custa deste político ganhar popularidade. As mídias adoravam os níveis de audiência que estavam atingindo e lhe deram mais tempo no ar. Pronto, sua popularidade cresceu. Com o tempo, sem nada para detê-lo, com os democratas não dispostos a se comprometerem e, aproveitando o impulso que levava, sua ideia se fortaleceu. Seu partido propôs sua própria bandeira nacional e até mesmo sua própria moeda.

      Foi o primeiro momento crítico. Se alguém tivesse se levantado e o impedido, tudo poderia ter sido evitado. Mas ninguém o fez. E então ele foi ainda mais longe.

      Fortalecido, este político propôs que a nova união também tivesse sua própria força policial, seus próprios tribunais, suas próprias tropas estaduais – até mesmo seu próprio exército. Este foi o segundo momento crítico.

      Se o Presidente Democrata tivesse sido um bom líder nessa época, talvez ele pudesse ter detido as coisas antes. Mas ele agravou a situação ao tomar decisão ruim atrás de decisão ruim. Ao invés de acalmar as coisas, de atender às necessidades básicas que conduziram ao descontentamento, ele decidiu que o único jeito de anular o que ele chamou de “a Rebelião” era com uma atitude dura: ele acusou toda a liderança Republicana de sedição. Ele declarou a lei marcial e, no meio da noite, prendeu todos.

      Isso intensificou as coisas e juntou todo o seu partido. Também reuniu metade dos militares. Pessoas estavam divididas em cada casa, cada cidade, cada quartel militar; aos poucos, a tensão se acumulou nas ruas e vizinhos odiavam uns aos outros. Até famílias se dividiram.

      Uma noite, aqueles da cúpula militar leal aos Republicanos seguiram ordens secretas e organizaram um golpe, tirando-os da prisão. Houve confronto. E, nos degraus do prédio do Capitólio, o primeiro tiro fatídico foi disparado. Um jovem soldado achou que havia visto um oficial sacar uma arma e disparar primeiro. Assim que o primeiro soldado caiu, não havia mais volta. A linha final havia sido cruzada Um estado-unidense havia matado outro estado-unidense. Um tiroteio se seguiu, com dezenas de mortos. Os líderes republicanos foram levados para um local secreto. E, a partir deste momento, o exército se dividiu em dois. O governo se dividiu em dois. Cidades, vilas, condados e estados, todos se dividiram em dois. Isto se tornou conhecido como a Primeira Onda.

      Durante os primeiros dias, gestores de crise e facções governamentais tentaram reestabelecer a paz. Mas era um pouco tarde demais. Nada poderia deter a tempestade que estava por vir. Uma facção de militares de linha dura tomou o assunto para si mesmos, almejando glória, querendo ser os primeiros na guerra, querendo a vantagem de velocidade e surpresa. Pensaram que esmagar a oposição imediatamente era a melhor maneira de dar um fim a tudo aquilo.

      A guerra começou. Batalhas tomaram conta do solo americano. Pittsburgh virou a nova Gettysburg, com duzentos mortos em uma semana. Tanques iam contra tanques. Aviões contra aviões. Todo dia, toda semana, a violência aumentava. Limites eram colocados nas terras, militares e a polícia se dividiram e batalhas se espalharam por todos os estados da nação. Em todos os lugares, pessoas lutavam umas contra as outras, amigo contra amigo, irmão contra irmão. Chegou a um ponto em que ninguém mais sabia pelo que estavam lutando.  Foi derramado sangue pelo país inteiro, ninguém parecia ser capaz de parar essa situação. Essa época ficou conhecida como a Segunda Onda.

      Até este momento, sangrenta como era, ainda era uma guerra convencional. Então veio a Terceira Onda, a pior de todas. O Presidente, em desespero, operando de um refúgio subterrâneo secreto, decidiu que havia apenas um jeito de acabar com o que ele ainda chamava insistentemente de “a Rebelião”. Reunindo seus melhores oficiais militares, eles o aconselharam a usar os recursos mais fortes para sufocar a rebelião de uma vez por todas: mísseis nucleares dirigidos. Ele concordou.

      No dia seguinte, as bombas nucleares foram lançadas em estratégicas fortificações Republicanas por todos os Estados Unidos. Milhares morreram nesse dia, em lugares como Nevada, Texas, Mississippi. Milhões morreram no segundo.

      Os Republicanos responderam. Eles arranjaram seus próprios recursos, emboscaram a NORAD (Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte) e lançaram suas próprias bombas nucleares nas fortalezas dos Democratas. Estados como Maine e New Hampshire foram os mais afetados. Dentro dos próximos dez dias, quase todo Estados Unidos foi destruído, uma cidade atrás da outra. Era onda atrás de onda de pura destruição, aqueles que não morreram por ataques diretos morreram depois devido ao ar e água tóxicos. Dentro de um mês, não sobrou mais ninguém para lutar. Ruas e prédios se esvaziaram um por um já que as pessoas saíam para lutar contra ex-vizinhos.

      Mas papai sequer esperou pelo recrutamento – e é por isso que eu ainda o odeio. Ele foi embora muito antes. Ele havia sido um oficial da Infantaria da Marinha muito anos antes disso tudo acontecer, e ele sabia que essa guerra iria estourar antes que a maioria. Toda vez que ele assistia ao noticiário, toda vez que via políticos gritando uns com os outros de maneira desrespeitosa, sempre aumentando a aposta, papai balançava a cabeça e dizia: “isso vai virar guerra. Acreditem em mim”.

      E ele estava certo. Ironicamente, papai já havia cumprido seu serviço militar e estava aposentado da Infantaria há anos quando tudo isso começou a acontecer; mas, quando o primeiro tiro foi disparado, neste dia, ele se alistou de novo. Antes mesmo de haver se falado em uma guerra completa. Ele provavelmente foi a primeira pessoa a se voluntariar por uma guerra que ainda nem havia começado.

      E é por isto que eu ainda estou brava com ele. Por que ele teve que fazer isso? Por que ele não podia simplesmente deixar que os outros se matassem? Por que ele não ficou em casa, nos protegendo? Por que ele se importava mais com este país do que com sua família?

      Ainda me lembro, nitidamente, o dia em que ele nos deixou. Naquele dia, eu havia voltado para casa depois da escola e, antes mesmo de abrir a porta, eu ouvi gritos vindo de dentro. Eu me preparei. Odiava quando papai e mamãe brigavam, o que parecia o tempo inteiro, e eu achei que aquilo fosse apenas mais uma de suas discussões.

      Eu abri a porta e sabia, de cara, que algo estava diferente. Alguma coisa estava muito, muito errada. Papai estava em pé, completamente uniformizado. Não fazia sentido. Ele não vestia seu uniforme há anos. Por que ele o estaria vestindo agora?

      “Você não é homem!” mamãe ralhou com ele. “Você é um covarde! Abandonando sua família. Para que? Partir e matar inocentes?”

      O rosto de papai ficou vermelho, como sempre acontecia quando ele se zangava.

      “Você não sabe do que está falando!" ele gritou de volta. “Estou cumprindo o meu dever para com meu país. É a coisa certa a fazer.”

      “A coisa certa a fazer por quem?” ela retruca. “Você sequer sabe por que está lutando. Por um grupo de políticos idiotas?”

      “Eu sei exatamente pelo que estou lutando: para manter nossa nação unida.”

      “Oh, puxa, desculpe-me, Senhor América!” ela grita com ele. “Você pode justificar isto do jeito que quiser na sua cabeça, mas a verdade é que você está partindo porque não consegue me suportar. Porque você nunca soube lidar com a vida


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