O Dom da Batalha . Морган Райс

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O Dom da Batalha  - Морган Райс


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disse Merk finalmente, com uma sua voz grave. "A cidade estará cheia com o Império. Como é que vamos atravessá-la sem sermos mortos?"

      Silis encolheu os ombros.

      "Verdade", respondeu ela. "Se eles nos apanharem, seremos mortos. Mas se sairmos quando estiver escuro o suficiente, e matarmos qualquer um que se ponha no nosso caminho, talvez cheguemos ao porto."

      "E se encontramos esta passagem e chegarmos ao porto, mas os teus navios não estiverem lá?", perguntou Ario.

      Ela encarou-o.

      "Nenhum plano é certo", disse ela. "Podemos muito bem morrer lá fora - e podemos muito bem morrer aqui em baixo."

      "A morte vem para todos nós", Godfrey entrou na conversa, sentindo um novo propósito ao levantar-se e encarar os outros, sentindo uma sensação de determinação ao superar os seus medos. "É uma questão de como desejamos morrer: aqui em baixo, encolhidos como ratos? Ou lá em cima, almejando a nossa liberdade?"

      Lentamente, um de cada vez, todos se levantaram. Eles encararam-no e todos assentiram solenemente de volta.

      Ele sabia, naquele momento, que um plano havia sido formado. Eles iriam fugir naquela noite.

      CAPÍTULO OITO

      Loti e Loc caminhavam lado a lado sob o sol ardente do deserto, algemados um ao outro, enquanto eram chicoteados pelos vigias do Império que seguiam atrás deles. Caminhavam através do deserto e Loti indagava-se, mais uma vez, porque é que o seu irmão os tinha oferecido para aquele trabalho perigoso e árduo. Teria enlouquecido?

      "Em que é que estás a pensar?", ela sussurrou-lhe. Eles eram empurrados por trás e quando Loc perdeu o equilíbrio e tombou para a frente, Loti agarrou-o pelo braço bom antes de ele cair.

      "Porque é que nos havias de oferecer como voluntários?", acrescentou.

      "Olha em frente", disse ele, recuperando o equilíbrio. "O que é que vês?"

      Loti olhou em frente e não viu nada além de um deserto monótono diante deles, cheio de escravos e chão duro com pedras; mais à frente, viu uma inclinação para um cume, no topo do qual, trabalhavam mais uns quantos escravos. Estavam vigias por todo o lado e os chicotes soavam no ar.

      "Não vejo nada", respondeu impaciente, "apenas o mesmo de sempre: escravos a serem levados até à morte pelos vigias.”

      De repente Loti sentiu uma dor lancinante nas costas, como se a sua pele estivesse a ser arrancada. Ela gritou ao ser chicoteada nas costas, com o chicote a cortar-lhe a pele.

      Ela virou-se e viu o rosto carrancudo de um vigia atrás dela.

      "Cala-te!", ordenou ele.

      Loti teve vontade de chorar por causa da dor intensa, mas conseguiu suster-se, continuando a caminhar ao lado de Loc, com as suas algemas a chocalhar sob o sol. Jurou a si mesma que, logo que pudesse, mataria todo o Império.

      Continuaram a marchar em silêncio. Só se ouvia o som do esmagar das suas botas contra as pedras. Por fim, Loc aproximou-se dela.

      "Não é o que vês", sussurrou ele, "mas sim o que não vês. Olha bem de perto. Lá em cima, no cume."

      Ela observou a paisagem, mas não viu nada.

      "Só está um vigia lá em cima. Um. Para duas dúzias de escravos. Olha para trás, sobre o vale, e vê quantos lá estão."

      Loti olhou furtivamente por cima do ombro, e viu, no vale imediatamente atrás, dezenas de vigias a supervisionarem escravos que partiam as pedras e cultivavam a terra. Ela virou-se e olhou novamente para o cume, compreendendo pela primeira vez o que o seu irmão tinha em mente. Não só havia apenas um vigia, mas melhor ainda, havia uma zerta ao lado dele. Um meio de fuga.

      Ela ficou impressionada.

      Loc assentiu em concordância.

      "O posto de trabalho mais perigoso é em cima do cume", sussurrou ele. "O mais quente, o menos desejado, tanto pelos escravos como pelos vigias. Mas isso, minha irmã, é uma oportunidade."

      Loti foi subitamente pontapeada nas costas. Desequilibrou-se para a frente juntamente com Loc. Os dois endireitaram-se e continuaram a subir até ao cume, Loti com falta de ar, tentando recuperar o fôlego debaixo do calor que aumentava à medida que eles subiam. Mas desta vez, quando ela olhou para cima, sentiu-se otimista e entusiasmada: finalmente, eles tinham um plano.

      Loti nunca tinha achado que o seu irmão fosse ousado, tão disposto a assumir tal risco, a enfrentar o Império. Mas agora, ao olhar para ele, ela conseguia ver o desespero nos seus olhos, podia ver que, finalmente, ele estava a pensar como ela. Ela via-o sob uma nova luz, e admirava-o muito por isso. Era exatamente o tipo de plano que ela própria teria engendrado.

      "E as algemas?", sussurrou-lhe ela, ao certificar-se que os vigias não estavam a olhar.

      Loc fez um gesto com a cabeça.

      "A sela dele", respondeu Loc. "Olha com atenção."

      Loti olhou e viu a longa espada pendurada na sela; ela apercebeu-se que eles podiam usá-la para cortar as algemas. Eles podiam fugir a partir dali.

      Sentindo-se otimista pela primeira vez desde que havia sido capturado, Loti observava com muita atenção os outros escravos no topo do pico. Eram todos homens e mulheres destroçados, corcundas sem pensar nas suas tarefas, sem qualquer pingo de resistência; ela percebeu imediatamente que nenhum deles poderia ser de alguma ajuda para a sua causa. Por ele não havia qualquer problema - eles não precisam da ajuda deles. Eles apenas precisavam de uma oportunidade e que todos aqueles escravos servissem como uma distração.

      Quando chegaram ao pico do cume, Loti sentiu um pontapé na parte de baixo das costas e tropeçou para a frente, caindo de cara no chão. Ela sentiu umas mãos ásperas a levantarem-na por arrasto. O vigia empurrou-a com força, antes de se virar e começar a descer o cume, deixando-os ali.

      "Coloquem-se em fila!", gritou um novo vigia, o único no topo do cume.

      Loti sentiu as suas mãos calejadas a agarrarem a parte de trás do seu e a empurrarem-na; as suas correntes chocalhavam enquanto ela corria para a frente, tropeçando no campo de trabalho dos escravos. Foi-lhe dada uma longa enxada com uma ponta de ferro e, depois, foi-lhe dado um último empurrão uma vez que o vigia do Império esperava que ela começasse a lavrar com todos os outros.

      Loti virou-se. Viu Loc fazer-lhe um aceno significativo e ela sentiu o fogo a queimar-lhe as veias; ela sabia que era agora ou nunca.

      Loti soltou um grito, levantou a enxada, balançou-a à volta, e com toda a sua força trouxe-a para baixo. Ela ficou chocada ao sentir o baque, vendo-a alojada na parte de trás da cabeça do vigia.

      Loti tinha-se virado tão rapidamente, tão decisivamente, que ele, claramente, não estava à espera. Ele não tinha tido sequer tempo para reagir. Claramente que nenhum daqueles escravos ali, cercado por todos aqueles vigias e sem ter para onde correr, ousaria tal movimento.

      Loti sentia o zumbido da enxada ao longo dos seus braços e mãos. Ela viu primeiro em choque, depois com satisfação, que o guarda tinha tropeçado e caído. Com as costas ainda a doerem-lhe dos golpes, aquilo sabia a reivindicação.

      O seu irmão aproximou-se, ergueu a sua própria enxada, e, quando o vigia começou a contorcer-se, ele trouxe-a diretamente para baixo na parte de trás da cabeça dele.

      Finalmente, o vigia ficou imóvel.

      A respirar com dificuldade, coberta de suor, com o seu coração ainda a bater com força, Loti deixou cair a enxada incrédula, salpicada com o sangue do homem, e trocou um olhar com o seu irmão. Eles tinham conseguido.

      Loti sentia os olhares curiosos de todos os outros escravos à sua volta. Ela virou-se e viu que estavam todos a assistir, boquiabertos. Apoiaram-se todos nas suas enxadas, pararam de trabalhar e lançaram-lhes um olhar horrorizado e incrédulo.

      Loti


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