Duelo De Corações. Barbara Cartland

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Duelo De Corações - Barbara Cartland


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Para lady Edgmont, que se achava em má situação financeira, a generosa quantia que o primo lhe pagava permitia-lhe ter uma vida confortável novamente. Sua maior preocupação como chaperon da imprevisível e travessa Caroline era não cumprir à risca seu dever e desapontar o Marquês .

      —Sua madrinha está zangada, minha querida— disse lady Edgmont.

      —Ela se zangou porque voltei para casa inesperadamente?

      —Você sabe que não devia ter deixado Londres sem dar explicações nem se despedir.

      —Sei. Mas escrevi à madrinha uma longa carta pedindo desculpas. Expliquei que meus pais iam viajar e quis despedir-me deles. Tanto a Condessa como você sabem que mamãe não está bem.

      —A verdade não é exatamente essa— disse lady Edgmont em tom reprovador.

      —Ora, vamos, Debby. Foi esse o único modo de abrandar a raiva da madrinha.

      —Mas há um motivo muito mais sério para a Condessa estar zangada. Francamente, não entendi a que ela se refere.

      —Outro motivo? Mas qual? Diga-me o que ela escreveu— Caroline pediu, impaciente.

      —Sua madrinha escreveu, "... esses rumores comprometem uma jovem lady na posição de Caroline. Eu bem que a adverti do perigo que corria dando atenção a alguém cujo nome prefiro não mencionar..."

      —Rumores? Mas que rumores?— perguntou Caroline, aflita—, continue. O que mais a madrinha escreveu?

      —A Condessa acrescentou que infelizmente o Marquês e a Marquesa estão de partida para a Itália. Não fosse isso ela viria conversar com eles sobre esse assunto tão desagradável.

      —Era isso que eu temia. Graças a Deus meus pais partirão amanhã cedo e a madrinha não terá chance de visitá-los. Só espero que ela não tenha tido a ideia de escrever para papai também.

      —Enfim… você me coloca em cada situação, Caroline— lady Edgmont queixou-se—, não sei ao certo a que a Condessa se refere, mas posso imaginar que você tenha cometido alguma imprudência. Minha obrigação, agora, seria conversar com sua mãe sobre esta carta.

      —Nem pense nisso!— Caroline volveu, agitada— mamãe não pode ter aborrecimentos! Se você falar com meu pai ele ficará furioso e mamãe irá perceber que algo errado está acontecendo.

      —Só me resta admitir que você tem razão— lady Edgmont cedeu com um suspiro—, por favor, Caroline, a que sua madrinha se refere?

      —Não sei nem estou interessada em saber— Caroline encolheu os ombros e disse—, você conhece bem a Condessa. Vamos, Debby, esqueça o assunto. Não pretendo voltar mais a Londres.

      —Não?!— repetiu lady Edgmont, perplexa—, ora, Caroline você não pode estar falando sério. Você é a beldade da temporada e aceitou convites para inúmeros bailes.

      —Não importa. Já me decidi e não vou mudar de ideia. Os comentários a meu respeito terminarão e ninguém mais se lembrará de mim.

      —Mas afinal… que comentários são esses? Por que não é franca comigo, Caroline?

      —Eu sei muito bem o que irei fazer…

      Debby insistiu, confusa:

      —Mas diga-me então… o que aconteceu naquela noite em que você saiu deixando um bilhete mencionando apenas que iria sair em companhia de lady Rohan? Por que razão, voltou para esta casa de noite, sozinha?

      —Esqueça o assunto, prima Debby. E uma longa história e não quero aborrecê-la falando sobre ela. Esqueça também que a madrinha lhe enviou essa carta boba. Depois da partida de meus pais vamos fazer nossos planos para o futuro.

      —Caroline! Oh, Caroline! Não consigo entendê-la. Volte para Londres. O que irá acontecer com todos os belos cavalheiros que a admiram e cortejam? Eles irão sentir saudades suas, Caroline… ou… pior ainda… eles podem esquecê-la.

      —Nenhum deles me interessa!— Caroline rebateu.

      —Que tolice está dizendo! Pense no encantador Conde…

      —Se você mencionar o nome do Conde de Glosford, sou capaz de gritar! Já chega a insistência da madrinha que o admira só porque aquele tolo presunçoso vai ser um Duque. Nunca encontrei homem tão enfadonho. Cinco minutos em sua companhia me faz bocejar.

      O som de uma carruagem chegando interrompeu a conversa das primas. Caroline correu até a janela. Viu um coche azul e prata puxado por quatro magníficos cavalos cinzentos e conduzido por um cocheiro trajando elegante libré nas mesmas cores do coche.

      —Oh, que ótimo! Meu querido lorde Milbome veio nos visitar!— Caroline exclamou, afastando-se da janela—, ah, se ele me pedisse em casamento eu o aceitaria cheia de felicidade.

      —O que está dizendo? Lorde Milbome é velho demais para você!— disse lady Edgmont, escandalizada.

      —Sim, mas é um homem encantador, não um paspalhão como Glosford— retrucou Caroline, desaparecendo do salão.

      Quando lorde Milbome desceu do coche, ela já estava do lado dele e atirou-se em seus braços.

      —Tio Francis!

      —Caroline! Eu não esperava encontrá-la aqui nem ser recebido tão calorosamente. Já fiquei sabendo que você é a debutante mais bela da temporada.

      —Lorde Milbome riu antes de perguntar:

      —E verdade que os dândis se batem em duelo por sua causa?

      —Deixe de brincadeira, tio Francis. Nenhum daqueles jovens cavalheiros é tão atraente quanto o senhor.

      —Aduladora!— lorde Milbome acusou-a mas fitava-a com profunda afeição.

      Lorde Milbome era o melhor amigo do Marquês de Vulcan e conhecia Caroline desde bebê. Ela o chamava de tio, embora não houve parentesco algum entre ambos. Alto, distinto e elegante, com cinqüenta e dois anos, lorde Milbome era considerado pela. maioria das mulheres um belo cavalheiro. Morava sozinho em Sale Park, belíssima mansão, no campo, cercada de jardins bem cuidados, e administrava com sucesso todas as outras vastas propriedades.

      Quando Caroline e lorde Milbome, de braços dados, chegaram ao hall, o Marquês já se achava ali para receber o amigo.

      —Bem-vindo a Vulcan Park, Francis! Vamos à sala matinal onde o champanhe nos será servido. Serena está sabendo dè sua chegada e descerá em minutos.

      A sala matinal, um cômodo aconchegante e decorado com luxo discreto, abria-se para o jardim de rosas.

      —Vai mesmo partir amanhã, Justin?— lorde Milbome indagou.

      —Pretendemos partir logo cedo. Atravessaremos o canal até Calais nesse novo vapor que está fazendo a rota há apenas dois meses— elucidou lorde Vulcan.

      —Deve ser uma viagem muito confortável e bem mais rápida.

      —Serena e eu gostamos de novidade, embora nossa filha considere seus pais velhos e antiquados.

      —É verdade, Caroline? A propósito, Justin, estou sabendo que sua filha tem sido aclamada em Londres como a "Incomparável" da temporada. Nos clubes todos falam sobre sua beleza e ela está partindo corações. As mães com filhas solteiras estão mortificadas.

      —Tio Francis! O senhor está zombando de mim!— Caroline reclamou.

      —Caroline prometeu-me ficar muito comportada enquanto estivermos fora e sua promessa me faz viajar despreocupado— lorde Vulcan dirigiu à filha um olhar significativo. Voltou-se então para o amigo—, quais são as novidades, Francis? Serena e eu esperamos por você, dois dias atrás. O que aconteceu?

      —Eu teria, mas cometeram um assassinato no meu distrito.


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