Beco Sem Saída. Блейк Пирс

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Beco Sem Saída - Блейк Пирс


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Ah, relatórios, nada de mais – Chloe disse.

      Os dois riram, Chloe começou a ler os arquivos e, quando Moulton colocou sua mão nos joelhos dela, não teve certeza se conseguiria manter tudo no âmbito profissional.

      Ela olhou os arquivos, lendo as partes importantes em voz alta. Eles viram que Garcia e Johnson haviam resumido o caso muito bem. O relatório da polícia era bem detalhado, assim como as fotos. Ainda não era fácil olhar para elas, e Chloe não culpava a polícia local. Ela percebeu que qualquer departamento de polícia local ficaria um pouco perdido com tanta violência e sangue.

      Eles discutiram algumas teorias e, quando passaram por uma placa indicando que Barnes Point estava a apenas vinte quilômetros, Chloe tinha mudado de ideia. Ela percebeu que seria capaz de ser profissional ao lado de Moulton. Ela tinha passado as últimas semanas tão focada em sua atração física por ele que quase esquecera o quão esperto e intuitivo ele poderia ser no trabalho.

      Ela imaginou que, se eles conseguissem trabalhar juntos, poderia ter o que toda mulher no mundo desejava: um homem que a respeitava com igualdade no trabalho, mas também na cama.

      Não faz nem um dia que vocês estão juntos, uma voz disse em sua mente. Era Danielle novamente. Você vai mesmo ser boba e começar a sonhar com isso já? Senhor, você se pegou com ele algumas horas, vocês sem fizeram sexo ainda. Você mal conhecer ele e—

      Mas Chloe escolheu espantar aqueles pensamentos.

      Ela tornou então sua atenção para o relatório do legista. O arquivo contava a mesma história que Johnson havia dito, mas com mais detalhes. E foi nos detalhes que Chloe focou. O sangue, a violência, a possível motivação política. Ela leu tudo, estudando cada detalhe.

      - Acho que isso não tem motivação política – ela disse. – Não acho que o assassino estava tão preocupado com a força política que os amigos dos Hilyard podem ter.

      - Senti confiança nas suas palavras – Moulton disse. – Me explique, por favor.

      - Lauren Hilyard levou dezesseis facadas. E todos os ferimentos estão no centro da região abdominal, sendo que um só acertou o peito esquerdo dela. O legista relata que os ferimentos foram feitos quase um em cima do outro, indicando que alguém deu as facadas uma atrás da outra. A anotação aqui no relatório diz: como se estivesse cegamente com raiva. Se isso fosse coisa de alguém com motivação política, provavelmente haveria algum tipo de mensagem ou outro indicativo.

      - Tudo bem – Moulton disse. – Concordo. Não teve motivação política.

      - Essa foi fácil.

      Ele encolheu os ombros e disse:

      - Estou começando a entender que as pessoas em Washington acham que tudo tem motivação política. E daí se os Hilyard talvez conhecem alguém com um cargo importante na política? Nem todo mundo liga para isso.

      - Gosto do jeito que você pensa – Chloe disse. – Mas eu não descartaria essa hipótese totalmente ainda.

      Eles já estavam perto de Barnes Point, e o fato de estarem envolvidos em um caso com potenciais amarras políticas deixava tudo mais interessante. Era uma oportunidade incrível para os dois, e Chloe precisava estar totalmente focada o tempo todo. Naquele momento, nada era mais importante do que aquele caso—nem seu pai aparecendo de repente, nem a voz teimosa de sua irmã... nem um potencial romance com o homem sentado ao lado dela.

      Naquele momento, só o que importava era o caso. E isso já era mais do que suficiente.

      CAPÍTULO SEIS

      Barnes Point era uma cidade calma e muito bonita, com população de cerca de nove mil pessoas. A residência dos Hilyard ficava às margens da cidade, em uma região chamada de Farmington Acres. O marido da vítima, Jerry Hilyard, ainda não tinha conseguido voltar para casa desde que descobrira o corpo sem vida da esposa. Sem parentes diretos vivendo por perto, ele havia sido convidado para passar alguns dias na vizinhança, com amigos próximos.

      - Acho que eu teria ido para mais longe de casa – Moulton disse. – Digo, você consegue imaginar por tudo o que esse cara está passando?

      - Mas ele pode querer ficar perto de casa – Chloe respondeu. – Perto do lugar onde ele e a mulher dividiram uma vida.

      Moulton pareceu considerar a ideia ao levar o carro pela região, em direção ao endereço que a polícia do estado havia lhes enviado durante o caminho até lá. Aquele tinha sido mais um exemplo de como Chloe estava começando a entender e respeitar a fluidez com a qual o FBI trabalhava. Era difícil imaginar que quase qualquer informação necessária—endereços, números de telefone, registros de trabalhos, históricos criminais—estaria disponível imediatamente, a apenas uma ligação ou e-mail de distância. Chloe imaginou que os agentes em algum momentos se acostumavam com aquilo, mas até o momento, ela ainda se sentia muito privilegiada por fazer parte de tal sistema.

      Eles chegaram ao endereço e caminharam até a porta. A caixa de correio dizia Lovingston e a casa em si era praticamente uma cópia de todas as casas da vizinhança. Era o tipo de bairro onde as casas ficavam coladas umas nas outras, mas o ambiente era calmo—um bom local para crianças aprenderem a andar de bicicleta e provavelmente se divertirem muito no Halloween e no Natal.

      Chloe bateu na porta e foi atendida imediatamente por uma mulher com um bebê no colo.

      - Você é a senhora Lovingston? – Chloe perguntou.

      - Sou. E vocês devem ser os agentes do FBI. Recebemos uma ligação da polícia um tempo atrás dizendo que vocês estavam vindo.

      - Jerry Hilyard está hospedado aqui? – Moulton perguntou.

      Um homem apareceu atrás da mulher, vindo da sala à esquerda.

      - Sim, ainda estou aqui – ele disse. Ele juntou-se à senhora Lovingston na porta e encostou-se na entrada da casa. Ele parecia totalmente exausto, aparentemente sem estar dormindo bem desde que perdera sua esposa de um jeito tão brutal.

      A senhora Lovingston virou-se para ele e olhou-o de maneira que fez com que Chloe pensasse que o bebê nos braços dela receberia muitos olhares assustadores no futuro.

      - Você tem certeza que está pronto para isso? – ela perguntou.

      - Estou bem, Claire – ele disse. – Obrigado.

      A mulher assentiu, segurou o bebê com mais força no peito e voltou para dentro da casa.

      - Entrem – Jerry disse.

      Ele levou-os até a mesma sala de onde tinha vindo. Era uma sala decorada com livros e duas cadeiras elegantes. Jerry sentou-se em uma das cadeiras como se seus ossos não pudessem mais sustentá-lo.

      - Eu sei que Claire pode estar um pouco hesitante sobre a presença de vocês aqui – Jerry disse. – Mas... ela e Lauren eram muito amigas. Ela acha que eu tenho que estar de luto... e eu estou. Mas é que...

      Ele ficou parado e Chloe pode vê-lo lutando contra uma onda de emoções, tentando conseguir conversar sem desabar na frente deles.

      - Senhor Hilyard, sou a Agente Fine e esse é meu parceiro, Agente Moulton. Estive pensando se você poderia nos falar sobre alguns laços políticos que sua família possa ter.

      - Senhor – ele suspirou. – Isso é um exagero. A polícia local fez um estardalhaço sobre isso. Tenho certeza que foi por isso que vocês foram chamados, né?

      - Esses laços políticos existem? – Moulton perguntou, complementando a questão.

      - O pai de Lauren era um amigão de golfe do Secretário da Defesa. Eles cresceram juntos, jogando futebol juntos, tudo isso. Eles ainda se encontram às vezes—para caçar patos, pescar, coisas assim.

      - Lauren chegou a conversar com o Secretário algum dia? – Chloe perguntou.

      - Não enquanto estivemos casados, pelo menos.


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