Caçador Zero. Джек Марс

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Caçador Zero - Джек Марс


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teve certeza de que algo tivesse, de fato, acontecido. A mulher congelou, arregalando os olhos em choque.

      Um fino arco de sangue jorrou de sua garganta aberta, borrifando contra o espelho e a pia.

      Maya apertou as duas mãos sobre a boca para reprimir o grito que tentava sair de seus pulmões. Ao mesmo tempo, as mãos da mulher voaram até o pescoço, mas não houve como impedir o dano que havia sido feito. O sangue escorria como um riacho entre os dedos enquanto ela caía de joelhos, um suave gorgolejo escapando de seus lábios.

      Maya apertou os olhos, ambas as mãos ainda sobre a boca. Ela não queria ver isso. Ela não queria ver essa mulher morrer por causa dela. Sua respiração veio pesada, soluços sufocantes. Da cabine ao lado, ela ouviu Sara choramingando baixinho.

      Quando ela se atreveu a abrir os olhos novamente, a mulher a encarava. Uma bochecha descansada contra o chão molhado e imundo.

      A poça de sangue que escapara de seu pescoço quase alcançou os pés de Maya.

      Rais inclinou-se para a cintura dela e limpou a faca na blusa da mulher. Quando ele olhou para Maya novamente, não era raiva ou angústia em seus olhos muito verdes. Era decepção.

      — Eu te disse o que aconteceria — ele falou suavemente. — Você tentou sinalizar para ela.

      As lágrimas obscureceram a visão de Maya.

      — Não. — Ela conseguiu soltar. Ela não conseguia controlar os lábios trêmulos, as mãos trêmulas. — Eu não fiz isso…

      — Sim — disse ele calmamente. — Você fez. O sangue dela está em suas mãos.

      Maya começou a hiperventilar, sua respiração entrando em tragadas ofegantes. Ela se inclinou, colocando a cabeça entre os joelhos, os olhos cerrados e os dedos nos cabelos.

      Primeiro senhor Thompson e agora essa mulher inocente. Os dois tinham morrido, simplesmente, por estarem muito perto dela, muito perto do que esse maníaco queria - e ele havia provado duas vezes que estava disposto a matar, mesmo indiscriminadamente, para conseguir o que queria.

      Quando ela finalmente recuperou o controle de sua respiração e se atreveu a olhar para cima novamente, Rais tinha a bolsa preta da mulher e estava a vasculhando. Ela viu quando ele pegou o telefone e arrancou a bateria e o cartão SIM.

      — Levante-se — ele ordenou Maya entrando na cabine. Ela se levantou rapidamente, prensando a si mesma contra a divisória de metal da cabine e prendendo a respiração.

      Rais jogou a bateria e o cartão SIM no vaso sanitário e deu descarga. Então ele se virou para encará-la, a poucos centímetros de distância no espaço estreito. Ela não conseguia encontrar seu olhar. Em vez disso, ela olhou para o queixo dele.

      Ele balançou algo diante do rosto dela - um molho de chaves de carro.

      — Vamos — ele disse baixinho. Ele deixou a cabine, aparentemente sem nenhum problema em andar pela grande poça de sangue no chão.

      Maya piscou. A parada de descanso não tinha nada a ver com deixá-las usar o banheiro. Não era sobre esse assassino mostrando um pingo de humanidade. Era uma chance para ele abandonar a caminhonete de Thompson. Pois a polícia pode estar procurando por ela.

      Pelo menos ela esperava que estivessem. Se o pai dela ainda não tivesse voltado para casa, havia poucas chances de que alguém soubesse que as Lawson estavam desaparecidas.

      Maya andou o mais cautelosamente possível para evitar a poça de sangue - e para evitar olhar para o corpo no chão. Cada junta de seu corpo parecia ser feita de gelatina. Ela se sentia fraca, impotente contra esse homem. Toda a determinação que ela reunira há poucos minutos na caminhonete se dissolvera como açúcar em água fervente.

      Ela pegou Sara pela mão.

      — Não olhe — sussurrou e guiou sua irmã mais nova ao redor do corpo da mulher. Sara olhou para o teto, respirando fundo através da boca aberta. Lágrimas frescas riscavam ambas as suas bochechas. Seu rosto estava branco como um lençol e sua mão fria e úmida.

      Rais abriu alguns centímetros da porta do banheiro e espiou o lado fora. Ele levantou uma mão.

      — Esperem.

      Maya olhou através dele e viu um homem corpulento com um boné de caminhoneiro se afastando do banheiro masculino, secando as mãos nas calças jeans. Ela apertou a mão de Sara e, com a outra, instintivamente alisou o próprio cabelo, que estava emaranhado e bagunçado.

      Ela não podia lutar contra esse assassino, a menos que tivesse uma arma. Não podia tentar pedir a ajuda de um estranho, ou eles poderiam sofrer o mesmo destino que a mulher morta atrás deles. Ela tinha apenas uma escolha agora, esperar e torcer para que seu pai viesse atrás delas... O que ele só poderia fazer se soubesse onde elas estavam, e não havia nada para ajudá-lo a encontrá-las. Maya não tinha como deixar pistas ou um rastro.

      Seus dedos se enroscaram em seus cabelos e saíram com alguns fios soltos. Ela os sacudiu da mão e eles caíram lentamente no chão.

      Cabelo.

      Ela tinha cabelo. E cabelo podia ser testado - isso era o básico de forense. Sangue, saliva, cabelo. Qualquer uma dessas coisas poderia provar que ela esteve em algum lugar, e que ela ainda estava viva quando esteve lá. Quando as autoridades encontrarem a caminhonete de Thompson, encontrariam a mulher morta e coletariam amostras. Eles encontrariam o cabelo dela. Seu pai saberia que elas estiveram lá.

      — Andem — disse Rais. — Saiam. Ele segurou a porta enquanto as duas meninas saíram de mãos dadas do banheiro. Ele as seguiu, olhando ao redor mais uma vez para garantir que ninguém estava olhando. Então, pegou o pesado revólver Smith & Wesson do senhor Thompson e virou-o na mão. Com um único movimento sólido, ele balançou o punho da arma para baixo e arrancou a maçaneta da porta do banheiro.

      — Carro azul — apontou com o queixo e guardou a arma. As meninas andaram lentamente para um sedan azul-escuro estacionado a algumas vagas da caminhonete de Thompson. A mão de Sara tremia junto à de Maya - ou talvez fosse a de Maya que estivesse tremendo, ela não tinha certeza.

      Rais manobrou o carro para fora da parada de descanso e de volta à interestadual, porém, não para o sul, como eles estavam indo antes. Em vez disso ele fez a volta e dirigiu para o norte. Maya entendeu o que ele estava fazendo; quando as autoridades encontrassem a caminhonete de Thompson, assumiriam que ele seguiria para o sul. Procurariam por ele e por elas nos lugares errados.

      Maya arrancou alguns fios de cabelo e os jogou no chão do carro. O psicopata que as sequestrou estava certo sobre uma coisa; o destino delas estava sendo determinado por outro poder, neste caso, ele. E era um que Maya ainda não podia compreender plenamente.

      Elas tinham, agora, apenas uma chance de evitar qualquer destino que lhes estivesse reservado.

      — O papai virá — ela sussurrou no ouvido de sua irmã. — Ele vai nos encontrar.

      Ela tentou não soar tão incerta quanto se sentia.

      CAPÍTULO DOIS

      Reid Lawson subiu rapidamente as escadas de sua casa em Alexandria, na Virgínia. Seus movimentos pareciam rígidos, suas pernas ainda entorpecidas pelo choque que experimentara há apenas alguns minutos, mas seu olhar se fixou em uma expressão de determinação sombria. Ele subiu os degraus de dois em dois para o segundo andar, embora temesse o que estaria lá em cima - ou, mais apropriadamente, o que não estaria.

      No andar de baixo e do lado de fora havia uma agitação. Na rua, em frente à sua casa, tinha nada menos que quatro carros da polícia, duas ambulâncias e um caminhão de bombeiros, todos os protocolos para uma situação como essa. Policiais uniformizados esticaram fita de isolamento formando um X sobre a porta da frente. A perícia coletava amostras do sangue de Thompson, no saguão, e folículos capilares nos travesseiros de suas filhas.

      Reid mal conseguia se lembrar de chamar as autoridades.


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