O Duque e a Filha do Reverendo. Barbara Cartland

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O Duque e a Filha do Reverendo - Barbara Cartland


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mais prejudicada do que já estava.

      Além disso, era sabido que nenhuma mulher decente e bem-educada se permitiria ser causa de um duelo.

      Ainda que algumas vezes elas fossem envolvidas, os cavalheiros tomariam todo o cuidado para ocultar o verdadeiro motivo da rixa e a atribuiriam a qualquer coisa, mas nunca à dama em questão.

      Entretanto, pensou o Duque sombriamente, Lady Delyth, com seus amigos ordinários e indecorosos, certamente consideraria o que acontecera como mais uma de suas vitórias.

      Contudo uma coisa era certa, no momento: não seria provável que algum outro, com a posição social de Richard, viesse a propor-lhe casamento. Perguntou a si mesmo se, depois de tudo o que aconteceu, ela tentaria obrigá-lo a manter a palavra quanto ao noivado. Este fora um dos motivos pelo qual resolvera afastar o primo imediatamente do Castelo Tring.

      Se Delyth Maulden conseguisse sair daquele caso sórdido com o futuro garantido, ela o faria.

      Nolan pensou que, estando Richard instalado em Kingswood, seria mais fácil evitar que ela o procurasse. Ao mesmo tempo, a sua ausência daria a entender que o noivado tivera um fim inesperado.

      «Diabos a levem», pensou, ao olhar para o rosto inconsciente de seu herdeiro. «Maldita seja ela e todas as mulheres! Por baixo da mesma camada externa, são todas exatamente iguais!»

      CAPÍTULO II

      O Duque de Kingswood e o major Haverington, montados em seus cavalos, já haviam galopado mais de um quilômetro, antes de obrigá-los a seguir a trote.

      Ainda era muito cedo. O sol não dispersara a bruma que envolvia o rio e uma camada de orvalho cobria o capinzal.

      Apesar de o Duque não ter se deitado antes das cinco da manhã, parecia extraordinariamente bem-disposto.

      Após ter levado Richard para Kingswood, mandara que um de seus cavalariços fosse buscar o médico a toda pressa. Quando ele chegou, fora difícil localizar a bala e extraí-la.

      Felizmente, o Dr. Emerson era um cirurgião muito hábil. Estivera no Exército e tinha grande experiência em ferimentos a bala.

      −Um milímetro mais abaixo, Excelência− dissera ele ao Duque, ao terminar a operação−, e não haveria esperança de salvar o Sr.Richard.

      −Já me haviam dito que o senhor consegue fazer milagres, Dr.Emerson− replicara o Duque−, e hoje presenciei um.

      Entretanto, o médico não sorriu, ao ouvir o elogio.

      −Ainda não estamos livres das dificuldades, Excelência− replicara ele−. O Sr.Richard precisará ser tratado com muito cuidado por um bom enfermeiro, mas sua saúde é boa, e assim foi desde menino,

      −Isso é positivamente um ponto a seu favor− respondera o Duque secamente.

      Todavia, quando tudo terminara, perdera o sono e, estendido na cama, ficara acordado, esperando não só que Richard vivesse mas que Delyth recebesse o devido castigo pela crise angustiosa que ele estava atravessando.

      Naquela mesma manhã, enquanto faziam o desjejum, ele contara ao Major Haverington o que ocorrera na véspera. Seu amigo lhe dissera:

      −Nolan, você não terá dificuldade em livrar-se de Lady Delyth. Depois de tudo o que aconteceu, todas as portas se fecharão para ela e só o casamento a salvará.

      −Você imagina que permitirei que se case com Richard?− perguntou ele−. Só se for sobre o meu cadáver!

      O major não respondera, mas ambos sentiram como se Delyth Maulden representasse uma ameaça pairando no ar.

      E agora, enquanto cavalgavam pelos campos dourados, com os ranúnculos floridos, que pareciam refletir a luminosidade do sol, o Duque disse ao amigo:

      −Se Richard viver, encontrarei uma esposa decente para ele.

      −Nolan, você está usando o mesmo tom de voz de quando nos dizia: “Tomaremos a posição inimiga, sejam quais forem as nossas condições de inferioridade!”

      −Pelo menos aquela mulher deveria curá-lo de esperar encontrar a felicidade junto a uma criatura daquela espécie!− exclamou o Duque, encolerizado.

      −Por mais que você a odeie, tem que admitir que é linda!

      −Não é o tipo de beleza que eu admiro− replicou Nolan.

      −Então você é diferente de qualquer outro homem em Londres− atalhou o major−. Embora eu a despreze, embora saiba exatamente quão perniciosa possa ser a sua influência sobre os rapazes, continuo afirmando que é linda.

      −Pare de falar nela! Você tem que me ajudar, Bevil, não só para fazer com que Richard a esqueça, mas também para descobrir alguém que a substitua.

      −Você não está sendo um pouco precipitado em seus planos para Richard?

      −Sempre acreditei que o melhor antídoto para um amor mal sucedido é outro amor.

      −Suponho que isso seja verdade− concordou o amigo−, mas quando um homem ama sincera e ardentemente, como Richard ama Lady Delyth, vai ser muito difícil desviar seu interesse para outra mulher.

      −Pode ser difícil, mas é o que devemos fazer. Quando ele já estiver convalescendo, vou convidar moças mais convenientes.

      O major Haverington não respondeu. Ocorreu-lhe o pensamento de que o Duque, conforme costumava fazer, estava planejando uma campanha, considerando todos os detalhes, sem deixar nada por conta da sorte. Pensou se não seria mais fácil para Nolan conseguir uma vitória em campo de batalha, agora porém, era diferente. Sua preocupação era um homem e uma mulher, e também o amor.

      −Sei o que está pensando− disse o Duque bruscamente−, e não se engane, Bevil. Neste caso, pretendo ser o vitorioso.

      −Desejo-lhe boa sorte, mas não subestime seu adversário.

      −Está se referindo a Delyth Maulden?

      −Estava pensando realmente nos sentimentos de Richard. Delyth talvez seja difícil, mas tenho certeza de que saberei manejá-la, porém, o que acho impossível imaginar é alguém que ocupe o lugar dela no coração amargurado de Richard.

      O Duque ficou calado, mas, de repente, murmurou:

      −Tem que haver alguém!

      Ao dizer isso, pensava nas mulheres que conhecia. Por mais lindas e glamourosas que fossem, nenhuma delas ajudaria nesse caso especial. Para começar, a maioria era casada.

      Havia viúvas sofisticadas à procura de outro marido, portanto, eram demasiadamente velhas para Richard, além de não serem o tipo de mulher que ele desejava ver como a futura Duquesa de Kingswood.

      Como se estivesse seguindo a sequência de pensamentos do amigo, o major observou:

      −Richard só tem vinte e um anos. O que você quer encontrar é uma moça de uns dezoito ou dezenove.

      −Eu sei, mas o mais extraordinário é que não consigo lembrar-me de quando falei pela última vez com uma garota dessa idade. Isto sem levar em conta um conhecimento maior de sua personalidade ou caráter−. Ao ver que o major sorria, continuou−. Droga! e as garotas dessa idade têm personalidade? A minha impressão é de que a maioria delas, ao sair da escola, tem a cabeça oca.

      −Mas aprendem muito depressa− replicou o major laconicamente.

      −E não se esqueça de que as criaturas encantadoras, que você acha tão sedutoras, um dia foram colegiais inexperientes, ingênuas, ignorando todas as tentações deste mundo corrompido.

      O Duque permaneceu calado. Seu amigo falara zombeteiramente, mas ele sabia que suas palavras eram verdadeiras. Ao mesmo tempo, vagamente, bem no íntimo, estava formando a imagem do tipo de moça que desejava como esposa de seu herdeiro.

      Alguém que fosse tranquila, sincera,


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