A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2). Johannes Biermanski

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A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2) - Johannes Biermanski


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aliadas da Europa, e assim se pôs sob a direção de nações cristãs. O acontecimento cumpriu exatamente a predição. (...) Quando isto se tornou conhecido, multidões se convenceram da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento. Homens de saber a posição uniram-se a Miller, tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente.

      Guilherme Miller possuía grandes dotes intelectuais, disciplinados pela meditação e estudo; e a êstes acrescentava a sabedoria do Céu, pondo-se em ligação com a Fonte da sabedoria. Era um homem de verdadeiro valor, que inspirava respeito e estima onde quer que a integridade de caráter e a, excelência moral fôssem apreciadas. Unindo a verdadeira bondade de coração à humildade cristã e ao poder do domínio-próprio, era atento e afável para com todos, pronto para ouvir as opiniões de outrem e pesar seus argumentos. Sem paixão ou excitação, aferia tôdas as teorias e doutrinas pela Palavra de Deus [YAHWEH]; e seu raciocínio são e o profundo conhecimento das Escrituras habilitavam-no a refutar o êrro e desmascarar a falsidade.

      Todavia, não prosseguiu êle o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que apresentava não eram recebidas favoràvelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus [YAHWEH], porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Biblia só," era a sua senha. A falta de argumentos das Santas Escrituras, por parte dos oponentes, supriam-na êles pelo ridículo e o escárnio. Empregavam tempo, meios e talentos para difamar aqueles cuja única falta era esperar com alegria a volta de seu Senhor, e esforçar-se por viver vida santa e exortar aos demais a prepararem-se para o Seu aparecimento.

      Diligentes esforços se faziam para que o espírito do povo fôsse desviado do assunto referente ao segundo advento. Procurava-se dar a impressão de que estudar as profecias que se referem à vinda do Messias e ao fim do mundo, fôsse pecado, algo de que os homens deveriam envergonhar-se. Assim, o ministério popular minava a fé na Palavra de Deus [YAHWEH]. Seu ensino tornava os homens incrédulos, e muitos tomaram a liberdade de andar conforme seus próprios desejos ímpios. Então os autores dêsse mal atribuíram-no todo aos adventistas.

      Se bem que Miller conseguia ter casas repletas de ouvintes inteligentes e atentos, seu nome era raras vêzes mencionado pela imprensa religiosa, exceto para fins de acusação e ridículo. Os descuidados e ímpios, tornando-se audazes pela atitude dos ensinadores religiosos, recorriam aos epítetos infamantes, graçolas vis e blasfemas, em seu esfôrço de amontoar o ultraje sôbre êle e sua obra. O homem de cabelos grisalhos, que deixara o lar confortável para viajar a expensas próprias, de cidade em cidade, de vila em vila, labutando incessantemente a fim de levar ao mundo a solene advertência do juízo próximo, era vilmente acusado de fanático, mentiroso e patife explorador.

      O ridículo, a falsidade, o insulto acumulados sôbre êle, provocaram indignados protestos, mesmo por parte da imprensa secular. "Tratar um assunto de tão imponente majestade e terríveis conseqüências," com leviandade e linguagem baixa, declaravam mesmo homens mundanos ser "não meramente brincar com os sentimentos de seus propagadores e advogados," mas "fazer zombaria do dia de juízo, escarnecer da própria Divindade, a desdenhar os terrores de Seu tribunal." - Bliss.

      O instigador de todo mal procurava não sômente contrariar o efeito da mensagem do advento, mas destruir o próprio mensageiro. Miller fazia aplicação prática da verdade das Escrituras ao coração de seus ouvintes, reprovando-lhes os pecados e perturbando-lhes a satisfação própria; e suas palavras claras e incisivas despertaram inimizade. A oposição manifestada pelos membros da igreja à sua mensagem, animava as classes inferiores a irem mais longe; e conspiraram alguns dos inimigos para tirar-lhe a vida quando saísse do local da reunião. Santos anjos, porém, estavam na multidão, e um dêles, certa vez, sob a forma de homem, tomou o braço dêsse servo do Senhor e pô-lo a salvo da turba enfurecida. Sua obra ainda não estava terminada, e Satanás e seus emissários viram seus planos frustrados.

      A despeito de tôda a oposição, o interesse no movimento adventista continuou a aumentar. As congregações cresceram das dezenas e centenas para milhares. Grande aumento houve nas várias igrejas, mas depois de algum tempo se manifestou o espírito de oposição a êsses conversos, e as igrejas começaram a tomar providências disciplinares contra os que tinham abraçado as opiniões de Miller. Êste ato provocou uma resposta de sua pena, em escrito dirigido aos cristãos de tôdas as denominações, insistindo em que, se suas doutrinas eram falsas, se lhe mostrasse o êrro pelas Escrituras.

      "Que temos nós crido," disse êle, "que não nos tenha sido ordenado pela Palavra de Deus [YAHWEH], a qual, vós mesmos o admitis, é a regra e a única regra de nossa fé e prática? Que temos nós feito que provocasse tão virulentas acusações contra nós, do púlpito e da imprensa, e vos desse motivo justo para excluir-nos [os adventistas] de vossas igrejas e comunhão?" "Se estamos errados, peço mostrar-nos em que consiste nosso erro. Mostrai-nos, pela Palavra de Deus [YAHWEH], que estamos enganados. Temos sido bastante ridicularizados; isso nunca nos poderá convencer de que estamos em êrro; a Palavra de Deus [YAHWEH], ùnicamente, pode mudar nossas opiniões. Chegámos às nossas conclusões depois de refletir maduramente e muito orar, e ao vermos sua evidência nas Escrituras." - Bliss.

      Século após século as advertências que Deus enviou ao mundo por Seus servos foram recebidas com igual incredulidade e descrença. Quando a iniqüidade dos antedliluvianos O moveu a trazer o dilúvio sôbre a Terra, primeiramente Êle lhes fêz saber Seu propósito, para que pudessem ter oportunidade de abandonar seus maus caminhos. Durante cento e vinte anos lhes soou aos ouvidos o aviso para que se arrependessem, não acontecesse manifestar-se a ira de Deus a fim de destruí-los. A mensagem parecialhes, porém, uma história ociosa, e nela não creram. Fazendo-se audaciosos em sua impiedade, caçoavam do mensageiro de Deus, recebiam frivolamente seus apelos e até o acusavam de presunção. Como ousa um homem levantar-se contra todos os grandes da Terra? Se a mensagem de Noé era verdadeira, por que todo o mundo não o viu e creu? A palavra de um homem contra a sabedoria de milhares! Não queriam dar crédito ao aviso, nem buscar refúgio na arca.

      Escarnecedores apontavam para as coisas da natureza - a sucessão invariável das estações, o céu azul que nunca havia derramado chuva, os campos verdejantes refrescados pelo brando orvalho da noite - e exclamavam: "Fala êle parábolas?" Desdenhosamente declaravam ser o pregador da justiça um rematado fanático; e continuavam mais àvidamente na busca de prazeres, mais decididos em seus maus caminhos do que nunca dantes. Mas a incredulidade que alimentavam não impediu o acontecimento predito. Deus suportou por muito tempo sua iniqüidade, dando-lhes ampla ocasião para o arrependimento; ao tempo designado, porém, os juízos de YAHWEH caíram sôbre os que haviam rejeitado Sua misericórdia.

      O Messias declara que existirá idêntica incredulidade no tocante à Sua segunda vinda. Como os contemporâneos de Noé não o conheceram, "até que veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também," nas palavras de nosso Salvador, "a vinda do Filho do homem." S. Mateus 24:39. Quando o professo povo de Deus se estiver unindo com o mundo, vivendo como vivem os do mundo, e com êles gozando de prazeres proibidos; quando o luxo do mundo se tornar o luxo da igreja; quando os sinos para casamentos estiverem a tocar, e todos olharem para o futuro esperando muitos anos de prosperidade temporal, sùbitamente então, como dos céus fulgura o relâmpago, virá o fim de suas resplendentes visões e esperanças ilusórias.

      Assim como Deus enviou Seu servo para advertir o mundo do dilúvio a vir, enviou também mensageiros escolhidos para tornar conhecida a proximidade do juízo final. E como os contemporâneos de Noé se riam com escárnio das predições do pregador da justiça, assim, no tempo de Miller, muitos, mesmo dentre o povo professo de Deus, mofavam das palavras de adveradvertência.

      E por que foram a doutrina e pregação da segunda vinda do Messias tão mal recebidas pelas igrejas? Ao passo que para os ímpios o advento do Senhor traz miséria e desolação, para os justos está repleto de alegria e esperança. Esta grande verdade tem sido o consôlo dos fiéis


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