Crónicas Eróticas, Irónicas, Um Pouco Espaciais. Lorenzo Longo
Читать онлайн книгу.pedestal de altivez e ajoelha-se para abeberar-se da inferioridade masculina, para provar o instinto ainda tão vivo nele, tão evidente, tão descoberto, pelo contrário nele vai ser descoberto de novo, desmascarado… enquanto faça estas altíssimas reflexões passo diante dum compartimento perfeitamente encerrado, não consigo visualizar dentro porque as cortinas estão cuidadosamente fechadas, mas de imediato descubro um buraco, um homem e uma mulher fazem sexo, ela está por cima dele e deixa-se baloiçar pelo movimento estouvado pelo comboio, parece estar a participar com muita paixão, desfruta e parece estar a desfrutar pela primeira vez, mexe-se mas não demasiado, não precisa para passar o limiar do prazer, fica sem razão, está apaixonada pelo seu homem, deseja-o e acolhe-o voluptuosa dentro de si. O seu tronco mostra uns ombros robustos pouco femininos mas ao mesmo tempo dois poderosos seios fazem uma pausa prolongada na boca e nas mãos do seu homem, que lhes plasma, lhes anela com tudo a si mesmo, ela pelo contrário está toda concentrada no seu clítoris, empurra para frente o corpo para embater contra a bacia dele que não percebe mas prossegue por instinto, de vez em quando levanta-se nas coxas e lhe esbarra na cara com os seios, depois cai em baixo como um peso morto e retoma o bailado. A luz avara consegue iluminar os seus olhos de gelo, cintilar na noite quando se abrem porque muitas vezes os têm fechado, “que meigo” pois sim. O ímpeto do acto aumenta, o homem fica mais frenético, a mulher abranda, quer que dure o paraíso na terra, “parvo auxilia-a” a dado passo queria dizer-lhe, mas fico calado por óbvios motivos. Continuo a desfrutar o dueto até que ele parece depois de alguns movimentos muitos velozes acalmar-se, o orgasmo chegou, parece também para ela que continua a beijá-lo afectuosamente, ele um pouco avesso, um pouco está com o pensamento para onde “descarregar” o saquinho que encheu com o seu esperma, a magia apaga-se e começa o revestimento, é hora de abandonar o lugar da descoberta, diverti-me, enfio-me de repente no compartimento de lado felizmente vazio, o homem desce do seu e dirige-se à casa de banho, assim que sinto-o a entrar na casa de banho saio e vou visitar a mulher, então no compartimento duma forma muito decisiva, já está vestida, não se espanta ao ver-me, diz:”agradou-te vendo-me? Fui extravagante?”
Esboço um tom de espanto mas depois supero:
“Muitíssimo, é uma deusa”
“Sou uma mulher. O meu namorado está para voltar… o que pretende?
“Não sei, fiquei fascinado pela sua maneira de fazer amor, queria fazer com a senhora, pensava que assim que o teu namorado adormecer poderia vir ao meu encontro no compartimento ao lado”
“O senhor é um descarado, sabe? Mas eu gosto dos descarados, quem sabe poderia enlouquecer… fica a minha espera”.
Sem uma outra palavra escapei e entrei no meu abrigo e fiquei à espera… não sei o quanto esperei, sei que adormeci e sei que improvisamente senti abaixar-me as calças, sem demora o pénis na boca e começou a possui-lo, tentei desvincular para pegá-la como queria eu mas me disse: “ou isto ou nada…”
Assim parei e deixei-me amar pela boca experimentada e sabia, pude admirá-la melhor, tinha uns fantásticos lábios, pronunciados e de forma sinusoidal, os dentes perfeitos e limpidíssimos aromatizavam saúde, maçãs-do-rosto altos e umas limpidíssimas fossetas transformavam o seu rosto doce e fofo como plumas, os cabelos ondulados e encaracolados como rebeldes saltam diante dos olhos no momento em que estava toda ocupada a saborear-me e a oferecer-me intensíssimas emoções, não havia entusiasmo nela mas reservadíssima técnica, tinha amado o seu homem e neste momento amava um desesperado, talvez o fazia por piedade, outro sentimento amplificado por esta absurda corrida do sul a norte… outra vez poucos minutos e deixou-me sozinho com as ultimas ondas que ainda saltitavam como bolhas de sabão. Eu, o entendido conhecedor dos ritos e dos excessos do comboio nocturno, o técnico da travessia da barreira Espaço-tempo aqui estou ainda mais uma vez repleto de infantis espantos pelas infinitas variações do povo da intercity… quem sabe se alguém tinha assistido ao nosso desempenho, quem sabe se alguém recordará quando a noite for engolida pelo primeiro fluxo de energia electromagnética, quem sabe se o dia será bem sucedido sublimando tudo o que acontece de noite.
Bela senhora da noite,
Cheirosa
Perfumada
De sexo
Sobre mim afunda
As tuas unhas de cera
E incita violenta
Os meus carnais desejos
O estado surreal me sugere poesias, aquelas que se esquecem de manhã… o corredor povoa-se, a luz brilha sobre a planície do pó e desperto totalmente. Não quero perder-me à chegada. Muitos de nós estamos no corredor, silêncio total, como se fosse um rito que ninguém quebra, ninguém ousa. Todos observam a paisagem correr, é uma espera repleta de pensamentos, de preocupações, expectativas. Todos sabem que estão a caminho de Milano (Milão) mas ninguém imagina que rumo está a tomar a sua vida. Um nó no estômago me possui no momento da descida do comboio, um estranho efeito da estranheza de tudo aquilo que me circunda e me parece de acumular em mim o sentimento global de todos os passageiros, me parece impossível suportar, seguidamente ao segundo passo sinto-me já leve, ao terceiro de pertencer a este mundo de desconhecidos, o impulso terminou, aterrei, também este impulso Espaço-tempo foi um sucesso.
Aromas de rosa
Tínhamos pouco tempo, um pouco depois de ter fechado a porta às nossas costas a tinha cercado com os meus braços, a tinha puxado para mim e sem demora as mãos tinham partido para enfiarem-se por baixo da sua justa e curta blusa. O ventre sempre descoberto e uma porção das costas logo por cima das nádegas eram as partes da sua pele que todos os dias se gravavam na cabeça à chegada no escritório, a candura daquela pele, a elegância dos seus glúteos veneráveis sobre uma cintura fininha e duas pernas de modelo, tudo tinha contribuído para deixar-me encantar pela sexy consultora de help desk. A sedução tinha sido duradoira e cansativa mas neste momento éramos amantes cerca de um ano e tínhamos os nossos ritos e os nossos hábitos não obstante a minha mulher! Enquanto pensava nisto as mãos estavam nos seios macios, a minha mão lhes cobria e vagueava entre os dedos o mamilo. Toda a parte superior estava nua e toda parte da sua suavíssima pele tinha sido explorada, acariciada, estimulada, tocada ligeiramente. O toque suave era a chave da entrada ao seu mágico corpo, atlético, nervoso, todavia coberto por uma subtil camada de carne e pele que criava um implacável e formidável instrumento e objecto de sexo. As ancas estavam grudadas e estava excitadíssimo, sabia da minha predilecção pelas suas ancas e começava a conceder-mas mesmo cobertos pelas calças jeans com cintura baixa. Antegozava o momento em que teria desabotoado e abaixado o zip para deixar cair as calças no chão, e no entanto beijava-a no pescoço e lhe mordiscava a orelha. As mãos navegavam em praias desconhecidas mas sempre lindíssimas, a mão roçava o púbis e seguidamente subia em direcção ao seio, controlava que o mamilo crescesse e depois ainda por uma outra volta até dar o simulacro do infinito.
Muitas vezes actuava umas variações no disco: as mãos iam ao lugar que nos seios espetavam-se por baixo dos sovacos provocando um ligeiro mal-estar, “outra vez” dizia. Então retomava a partir do princípio, um douto trabalho de acarinhamento, cada vez mais pesado, cada vez mais incisivo, a pele quente sobre as minhas mãos parecia suave veludo, púrpura aromatizada de rosa. Começava a derreter-se cada vez mais e a tomar umas iniciativas, as mãos quentes tensas atrás procuravam as minhas coxas e encontrados as calças tentavam cair, o sinal estava claro.
Sem demora viro-a e lhe tiro as calças acompanhando-as até ao tornozelo, os sapatos soltam-se facilmente e pouco tempo depois fica consigo apenas a cueca, quase na ponta dos pés sai pelo duplo toro circular representado pelas calças, o seu corpo liberta graça e elegância e o meu boxer estão explodindo. Estou aos seus pés e lhas lamberei…
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