Interseção Com Nibiru. Danilo Clementoni

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Interseção Com Nibiru - Danilo Clementoni


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torno do majestoso planeta a distâncias e velocidades muito diversas entre si. Azakis colocou o dedo indicador no que estava orbitando mais longe de todos e ampliou-o até ficar quase do seu tamanho. Então, muito solenemente, disse: — Senhoras e Senhores, permitam-me a apresentar Kodon; esta imponente massa rochosa decidiu criar muitos problemas para o seu querido planeta.

      — Mas qual é o seu tamanho? — perguntou Elisa, intrigada, enquanto observava o globo cinzento irregular.

      — Digamos que é um pouco menor do que a sua Lua, mas a massa é quase o dobro — Azakis fez um gesto ligeiro com a mão e o sistema solar inteiro apareceu diante deles, com os planetas se movendo lentamente em suas respectivas órbitas. As trajetórias de cada um eram representadas por finas linhas coloridas e diversas.

      — Esta, — continuou Azakis, apontando para uma linha vermelha escura — é a trajetória que Nibiru seguirá ao se aproximar do Sol — Então ele acelerou o movimento do planeta, até estar perto da Terra, e acrescentou: — e este é o ponto em que as órbitas dos dois planetas se cruzarão.

      Atônitos, mas prestando muito atenção, os dois terráqueos observavam a explicação que Azakis estava dando sobre o evento que, em apenas alguns dias, complicaria suas vidas e as de todos os habitantes do planeta.

      — Em que distância Nibiru chegará até nós? — perguntou em voz baixa o Coronel.

      — Como disse, — respondeu Azakis, — Nibiru não será um incômodo excessivo para vocês. É Kodon que quase vai encostar na Terra e provocar muitos problemas — Ele trouxe a imagem um pouco mais perto e mostrou a simulação do satélite, no momento em que estaria no ponto mais próximo da órbita terrestre. — Este será o momento de força gravitacional máxima entre os dois corpos celestes. Kodon estará a apenas 200.000 quilômetros do seu planeta.

      — Raios! — exclamou Elisa. — Isso não é nada.

      — Na última vez, — retrucou Azakis — exatamente dois ciclos atrás, estava a cerca de 500.000 quilômetros de distância e todos nós sabemos o que conseguiu causar então.

      — Sim, o famoso Grande Dilúvio.

      Jack estava de pé com as mãos entrelaçadas por trás das costas, balançando lentamente para frente e para trás, se erguendo levemente, primeiro nos dedos do pé e depois nos calcanhares. De repente, num tom muito sério, quebrou o silêncio: — Com certeza não sou um dos maiores especialistas no assunto, mas receio que nenhuma tecnologia terrestre seria capaz de neutralizar um evento como esse.

      — Talvez pudéssemos lançar mísseis com ogivas nucleares — supôs Elisa.

      — Isso só acontece em filmes de ficção científica — respondeu Jack, sorrindo. — E de qualquer modo, supondo que pudéssemos fazer a aterrissagem de vetores desse tipo em Kodon, arriscaríamos destroçar o satélite em milhares de pedaços, provocando uma chuva mortal de meteoros. Isso seria realmente o fim de tudo.

      — Com licença — disse Elisa para os dois alienígenas. — Não disseram antes que, em troca do nosso precioso plástico, nos ajudariam a resolver esta situação absurda? Espero que realmente tenham algumas ideias boas para ajudar-nos aqui, porque senão, estamos conversados.

      Petri, que estivera quieto, de braços cruzados, sorriu ligeiramente e deu um passo em direção à cena tridimensional representada no meio da ponte. Com um rápido momento da mão direita, desenhou um tipo de rosquinha prateada. Ele apontou para a mesma com o indicador e moveu-a, até estar exatamente entre a Terra e Kodon, e então disse: — Esta deve ser a solução.

      Tell el-Mukayyar – A fuga

      Na tenda do laboratório, os dois falsos beduínos que tentaram roubar o "precioso conteúdo" da nave auxiliar dos dois alienígenas, estavam amordaçados e firmemente amarrados a um grande barril de combustível. Estavam sentados no chão, encostados no contêiner pesado de metal, em direções opostas. Um dos assistentes da doutora ficara de guarda no lado de fora da tenda e de vez em quando, olhava para dentro para vigiá-los.

      O mais magro, que visivelmente tinha algumas costelas partidas por causa do murro do Coronel, e apesar da dor que o impedia de respirar, não parou, nem um segundo, de olhar em volta, procurando algo para libertá-lo.

      A luz do sol da tarde penetrava a tenda timidamente por um pequeno buraco na parede, lançando um feixe fino de luz no ar quente e poeirento. Aquele raio de luz feito uma espada esboçava uma pequena elipse branca no chão, que estava se movendo lentamente em direção aos dois prisioneiros. O sujeito magro estava observando o progresso lento do pedaço iluminado, quase hipnotizado, quando um clarão de luz repentino o trouxe de volta à realidade. A cerca de um metro, algo metálico, soterrado pela metade na areia, refletia a luz do sol diretamente no seu olho direito. Ele mexeu um pouco a cabeça e tentou descobrir o que era, em vão. Então, tentou esticar uma perna naquela direção, mas uma terrível pontada em suas costas fez com que lembrasse do estado das costelas, e resolveu desistir. Pensou que provavelmente não alcançaria o objeto, e tentando falar através da mordaça, sussurrou: — Ei, ainda está vivo?

      O comparsa gordo não estava em situação melhor. Depois de Petri lançá-lo pelo ar, um grande hematoma apareceu no seu joelho direito; tinha um belo galo na testa, o ombro direito estava lhe torturando e o pulso direito estava inchado como um balão.

      — Acho que sim — ele respondeu em voz baixa, murmurando através da mordaça.

      — Ainda bem! Chamei-o por um bom tempo. Estava ficando preocupado.

      — Devo ter desmaiado. Minha cabeça está estourando.

      — Definitivamente precisamos sair daqui — disse o sujeito magro com determinação.

      — Mas como você está? Algo quebrado?

      — Devo ter algumas costelas partidas, mas me viro.

      — Como deixamos nos pegarem assim de surpresa?

      — Não importa agora. Aconteceu o que aconteceu. Vamos tentar ficar livres. Olhe para a sua esquerda, onde o raio da luz do dia aparece.

      — Não consigo ver nada — respondeu o gordo.

      — Há alguma coisa enterrada pela metade lá. Parece um objeto de metal. Veja se consegue alcançar com a sua perna.

      O ruído repentino do zíper da tenda se abrindo interrompeu a operação. O guarda apareceu e olhou para dentro. O gordo voltou a fingir que estava inconsciente enquanto o outro permaneceu completamente imóvel. O homem deu uma olhada neles, então rapidamente verificou todo o equipamento espalhado em volta, e com um ar satisfeito, se retirou e fechou a entrada novamente.

      Os dois ficaram parados um instante, então o gordo falou primeiro: — Essa foi perto.

      — Então, pode ver o objeto? Pode alcançá-lo?

      — Sim, agora eu posso. Espere, vou tentar.

      O falso beduíno obeso começou a balançar para frente e para trás, tentando soltar um pouco as cordas que o seguravam, e então começou a esticar a perna esquerda o máximo que podia na direção do objeto. Ele conseguiu alcançá-lo. Começou a cavar com o calcanhar até conseguir expor uma parte.

      — Parece uma espátula. Deve ser uma Marshalltown Trowel. Essa é a ferramenta preferida dos arqueólogos para raspar o chão, na procura de louça antiga.

      — Consegue apanhá-la?

      — Não.

      — Se você parasse de se empanturrar com porcarias, seria um pouco mais ágil, seu gordo feio.

      — O que meu físico vigoroso tem com isso?

      — Vamos lá então, "físico vigoroso", vê se consegue pegar aquela espátula, ou farão com que emagreça na cadeia.

      Imagens de cafetões repugnantes e fedorentos de repente surgiram diante dos olhos do homem gordo. Essa visão terrível provocou uma força que pensava que não


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