A Cidade Sinistra. Scott Kaelen

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A Cidade Sinistra - Scott Kaelen


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uma mina aqui atrás!” ele gritou por cima do ombro.

      Jalis apareceu um instante depois. “Tenha cuidado.”

      Oriken correu para a entrada da mina e deu uma olhada no interior. Com um encolher de ombros, ele atravessou a soleira. O primeiro conjunto de vigas de sustentação estava visível a uma curta distância; além disso, o resto do túnel se estendia na escuridão. Ele deu mais alguns passos e parou para passar os dedos na terra. Satisfeito que estava seca, ele jogou a mochila no chão e colocou o cinturão do sabre sobre ela, depois sentou-se apoiado na parede do túnel.

      Jalis correu para a entrada e empurrou o capuz para trás com um suspiro. Um instante depois Dagra entrou atrás dela, sacudindo a água da sua capa. Na charneca, o vento soprava e a chuva caía com um novo fervor.

      Uma vez livre do seu equipamento, Jalis sentou-se com as pernas cruzadas ao lado de Oriken. “Assim que aliviar, vamos sair de novo.”

      “Onde quer que haja uma mina, normalmente há um assentamento nas proximidades,” Oriken disse.

      Dagra emitiu um grunhido evasivo. “Qualquer assentamento estará em condições tão ruins quanto aquelas cabanas de trabalhadores lá fora. As casas da periferia não estavam vazias por mais do que algumas décadas, mas esta mina foi abandonada há, pelo menos, uma centena de anos.”

      “Ele está certo,” Jalis disse. “Não faz sentindo em ficar animado. Além disso, o bosque por aqui é muito mais esparso; se permanecer assim, não vamos esbarrar com mais nenhum cravante.”

      “Aye, bem,” Dagra murmurou enquanto passava. “Sem mais surpresas. Isto está bem para mim.” Ele largou seu equipamento contra a parede e agachou-se ao lado dele, colocando seu gládio sobre o colo.

      Oriken olhou além de Jalis para admirar os prédios quebrados. Ele se perguntava como eram os mineiros naquela época e se eles eram parecidos com seu pai. Estufando as bochechas, ele olhou na direção oposta da escuridão intensa do túnel. “Ei, espere,” ele murmurou. “Aquilo é… Dag, cuidado!”

      Um vulto correu direto para Dagra. Ele estava em pé em um piscar de olhos para encontrar o agressor de cabeça erguida, balançando sua espada no vulto escuro. Com um grunhido, o agressor passou as mãos ao redor do pescoço de Dagra e ele empurrou o gládio de lâmina larga através da barriga do agressor, empurrando-o mais alto no peito. As mãos ao redor do pescoço de Dagra afrouxaram e seu agressor caiu em cima dele. Ele arrancou a espada do corpo e o agressor caiu ao chão. Tudo tinha acontecido em segundos, mas Oriken e Jalis tinham suas armas sacadas e prontas para atacar a partir do túnel. O momento se prolongou, mas nada veio. Oriken olhou para Dagra, cujos olhos estavam fixos no corpo aos seus pés.

      Oriken olhou para baixo. “Merda,” ele disse enquanto olhava para a pele suja, coberta de machucados, o cabelo comprido e emaranhado e a barba desgrenhada de um homem nu.

      Dagra gemeu, caminhou até a entrada e ficou olhando para a chuva.

      “Um eremita?” Jalis ponderou. “Ou há mais no interior da mina?”

      “Um idiota, de qualquer maneira,” Oriken disse. “O que ele estava pensando?”

      “Invadimos sua casa.” Dagra mantinha suas costas para eles. “Ele estava somente se protegendo.”

      Jalis balançou a cabeça. “Não representávamos nenhuma ameaça para ele,” ela disse a Dagra.

      “Deveríamos queimá-lo.”

      Oriken jogou as mãos para cima. “Ótima ideia. Vou sair e pegar um pouco de madeira seca para uma fogueira. Há tantas árvores por aqui e realmente não está chovendo pesado.”

      “Ok, tudo bem!” Dagra virou-se para encará-los. “Vamos pelo menos arrastá-lo mais para dentro, se vamos ficar por um tempo.”

      “Isso eu posso fazer,” Oriken disse, tentando sem sucesso evitar a dureza na sua voz.

      Dagra olhou para ele e após um momento deu um breve aceno de cabeça.

      Oriken agarrou os pulsos do eremita e arrastou o corpo para o túnel, mantendo seus sentidos em alerta para mais perigo. A escuridão era completa, mas ele conhecia bem as entradas de minas. Quinze metros adiante, o túnel se dobrava e ele largou o cadáver no canto. Por um minuto inteiro, ele ficou parado e olhou para a escuridão enquanto pensamentos sem forma empurravam o limite das suas emoções.

      “Orik!” A voz de Jalis soou no túnel. “Você está bem?”

      “É claro,” ele disse. Ele deu à escuridão um olhar sombrio, em seguida virou-se para se juntar aos seus amigos.

      “Você não precisava ir tão longe,” Dagra disse quando Oriken se aproximou da entrada.

      “Não fui longe. Estava apenas pensando.”

      “Você realmente escolhe seus lugares para introspecção,” Jalis disse. “Em uma mina abandonada, no escuro, perto de um cadáver.”

      “Um pouco de respeito, por favor, garota,” Dagra disse. “Aquela era uma pessoa viva há poucos minutos.”

      “Ele nos atacou,” Jalis disse, “não o contrário. Você se defendeu. Você não tem nada para se sentir mal sobre isso.”

      “Não precisava matá-lo.”

      “Não, mas você não tinha como saber quão perigoso ele era nem que ele era um homem até que fosse tarde demais. Não se critique por causa disso. Ainda temos um longo caminho a percorrer e precisamos nos manter tão afiados quanto nossas espadas.”

      Dagra resmungou um reconhecimento sem palavras. “Gostaria que esta maldita chuva diminuísse para que pudéssemos seguir em frente.”

      Jalis sorriu. “Este é o espírito.”

      Oriken deixou-se cair para sentar-se encostado na parede.

      Jalis sentou-se de pernas cruzadas ao lado dele. “Algo aconteceu?”

      “Não.”

      Ela estudou seu rosto. “Lembre-se que é comigo com quem você está falando. Consigo ver sua alma.”

      Ele bufou. “Não tenho uma destas.”

      Dagra veio se juntar a eles. “Você não precisa seguir a Díade para ter uma alma,” ele disse. “Todo mundo tem uma. Até mesmo você.”

      “Sim, certo.” Oriken voltou seus olhos para a escuridão.

      “Sim, certo,” Dagra insistiu.

      “Não acredito em nenhum dos seus deuses, Dag. Você sabe disso. Nem na Díade. Nem no Vinculado. Nenhum deles.”

      “Bem, talvez eles acreditem em você.”

      “Pelo amor de Deus!” Oriken levantou-se e olhou com cara feia para seu amigo. “Você não pode deixar isso em paz, só para variar?”

      Jalis levantou-se e ficou entre eles. “Não sei como vocês conseguiram permanecer amigos por todos estes anos,” ela disse, passando um olhar severo de um para o outro.

      Dagra acenou uma mão com desdém. “Nem eu.”

      “Eu sei,” Oriken disse. “Eu devo...” Ele reprimiu o resto das palavras e pressionou os lábios com firmeza.

      Dagra virou a cabeça lentamente. Seus olhos se levantaram para prender Oriken com um olhar sinistro. “Não pare aí,” ele disse com calma. “Você ainda acredita que me deve? O que eu fiz por você, eu fiz tarde demais. Eu tive uma chance mais cedo e não aproveitei. Você não me deve nada.”

      Idiota! Oriken repreendeu a si mesmo. Você não podia manter a boca fechada. “Dag, olhe, sinto muito. Não pretendia...”

      “Você não pretendia,” Dagra sorriu com desdém. “Você não pensou. Este é o seu problema, Oriken. Você nunca pensa.” Com um suspiro, ele sentou-se de novo.


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