Pickle Pie. George Saoulidis

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Pickle Pie - George Saoulidis


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no lugar como um expert. Ele a girou contra a luz, alguém dificilmente o notaria.

      “O torneio, cara, eu estou te dizendo, nós vamos ficar ricos! Podres de ricos.” Diego colocou o pen drive novamente na mesa. Seus dedos sujos, suas unhas ainda piores, suas roupas fedendo a baseado, ele colocou o pen drive na superfície da mesa com reverência.

      Estranhamente, era a única coisa que estava limpa naquele homem.

      “Podre, de fato,” disse Hector, erguendo os olhos para o cliente. “Diego,” ele ritou. “Pela última vez, não sou um gerente esportivo. Eu faço armaduras. Eu conserto armaduras. Eu personalizo armaduras. Era tudo o que meu pai fazia e é tudo que sei fazer. Eu não sei merda nenhuma sobre esportes.”

      “Mas-Mas é isso, é perfeito, estou te dizendo. As garotas, elas usam armaduras. Você não vê, é a combinação perfeita?” Diego juntou as mãos para salientar seu ponto.

      Hector respirou fundo e se arrependeu na mesma hora. O aroma era... intenso. “Diego, apenas penhore isto e me traga pelo menos uma parte do dinheiro que você me deve,” ele disse, o assunto já havia se estendido demais.“Não, cara, eu só confio em você com minha mulher.”

      “Isso é… Uau. Vamos apenas dizer, errado, de muitas formas.”

      “A casa de penhores vai vendê-la,” disse Diego, de cabeça baixa. Ele limpou as unhas nervosamente. “Pelo menos, com você, eu sei que ela vai ser bem tratada, como eu trato.”

      Hector se inclinou para frente e jogou a armadura de peito de lado. “Diego, por favor, não me entenda mal, mas preciso dizer isso a você e tentarei ser o mais claro possível. Eu não dou a mínima para a sua mulher. Eu não dou a mínima para suas apostas. Eu preciso do dinheiro que você me deve. Canvas estará coletando amanhã. Se vire, venda sua conta de criptomoedas, seja o que for.”

      Diego mordeu o lábio, os olhos percorrendo o lugar... do lado de fora, bem longe na rua... Hector percebeu que o homem queria correr, mas não o impediria. Era uma causa perdida. Ele deveria pensar melhor antes de trabalhar com um viciado, mas Diego era um cliente de longa data. Seu pai o teria cortado instantaneamente, mas Hector era mole demais para os negócios.

      Não era de se admirar que o seu estivesse afundando.

      Sua cadeira rangia. Suas prateleiras estavam praticamente vazias. Quase não tinha clientes.

      Ele se virou na cadeira e tomou uma decisão. “Diego, dê o fora daqui e me consiga meu dinheiro. Por favor. Agora, deixe-me falar ao telefone com clientes realmente pagantes, quem sabe eu consigo um pedido de última hora.”

      Ele virou as costas.

      Diego congelou e não disse nada por um tempo. Então, ele se mandou da loja.

      GOTA TRÊS

      Ele trancou a loja e subiu para seu apartamento. Ele escreveu alguns e-mails, bebeu um pouco de ouzo barato, e os enviou para os clientes por meio de criptografia PGP. Era madrugada, mas sua clientela não trabalhava exatamente das 9 às 5, para dizer o mínimo.

      Ele bebeu um pouco mais de ouzo para ficar meio alto, e então saiu para a sacada. Atenas parecia pacífica. A vista não era muito boa, apenas um céu nebuloso, amarelo acastanhado com toda a poluição. Os postes de iluminação LED a pioravam. Ele estava em uma rua paralela à avenida Syggrou. A rua tinha algumas lojas, artesãos como ele, itens especiais. Armas de fogo personalizadas, empunhaduras, equipamentos, brinquedos sexuais. Clientes do tipo 'não pergunte, não conte'. Pseudônimos, negociações em canais criptografados, pagamentos em criptomoeda.

      Todas as coisas corriqueiras.

      Ele tinha que arranjar 10 mil para o Canvas para amanhã. Ele olhou de canto de olho para ver as horas. Restavam treze horas.

      Canvas, o executor local do Ares Defence, aparecia mensalmente e pedia sua porcentagem. Em troca, ele te mantinha seguro, principalmente dele mesmo. Canvas era como um titã, uma torre de músculo e poder. Ele gostava de foder caras. Dois rapazes, em particular, os seus garotos Michael e Angelo. E ele gostava de longas caminhadas pelas lojas, mantendo a paz e drenando o sangue de seus inimigos para tingir seu corpo. Ele gostava que um de seus garotos o tingisse com sangue enquanto ele comia o outro.

      Sério, tinha vídeo e tudo mais.

      Hector o assistira enquanto cobria os olhos durante a maior parte do tempo. Ele tinha que admitir que era um bom pornô, sob duas condições: Primeiro, que você gostava de trios gays, coisa que Hector não gostava. Segundo, você poderia de alguma forma ver além do fato de que uma pessoa tinha morrido dolorosamente para possibilitar essa adorável peça de pornografia.

      E aquele homem estava prestes a bater em sua porta em poucas horas.

      Esqueça emails.

      Hector voltou para dentro e acessou o aplicativo criptografado. Ele faria algumas ligações e incomodaria algumas pessoas. O que eles fariam? Matá-lo?

      “Sim, os detalhes estão no e-mail que te enviei. Faça um pedido agora com pagamento antecipado e você terá 50% de desconto em dez armaduras de corpo. É, digamos que sim. Excelente. Assim que o pagamento chegar, eu entrarei em contato com você para saber as especificações que você quer, ok? Perfeito, bom fazer negócios com você.”

      Ele desligou. Sim! Quatro mil euros. Já era alguma coisa.

      O resto não respondeu, ou disseram que não precisavam de nada no momento. Hector conferiu as notícias, não havia nada sobre tiroteios, arrombamentos, assassinatos corporativos, nada.

      Que merda.

      Os negócios disparavam quando havia algo do tipo acontecendo. Ele se sentia como um abutre, mas o que ele poderia fazer? Não se sentir feliz quando um ataque terrorista no centro trazia cinco novos clientes em um dia?

      Ele virou o resto de ouzo, de uma vez só. Ele bateu em sua mesa, estava empolgado e meio alto. Sono? Pff. Ele dormiria quando estivesse morto.

      Ele carregou o perfil social de Canvas em seu véu e andou pela oficina.

      Tinha que ter algo aqui que pudesse salvar sua bunda.

      Esta velha e grande armadura de motim? Ele poderia ajustá-la para o grandalhão. Mas era volumoso, feio mesmo. Feito para o máximo de proteção. Claro, era intimidadora, mas o Canvas não precisava de ajuda nesse departamento.

      Um capacete? Algo com chamas? Do que os gays gostavam? Flores?

      Hector deu uma risadinha, o estresse pela sua morte iminente o deixou zonzo, mas ele não conseguia se conter. Nah, ele se imaginou presenteando um capacete florido ao titã, depois sendo pisoteado ali mesmo em uma poça de sangue, depois Michael mergulhando o pincel e enxugando-o levemente com um floreio.

      Não.

      Ele precisava de algo que Canvas fosse gostar pra caralho.

      Hector parou em frente ao que ele chamava de guarda-vadia. Ele não fazia tanta propaganda disso, mas nessa rua até mesmo isso poderia ser uma boa publicidade.

      Era uma armadura transparente, flexível. Um protetor de peito para mulheres, uma armadura líquida que se transformava com o impacto e podia absorver um tiro de bala, transparente para que elas pudessem exibir seu físico e/ou suas roupas íntimas caras. À prova de faca, à prova de água, confortável. Não poderia te salvar de calibres maiores, mas obviamente seria preciso mais reforço para isso. Esta tinha um propósito específico em mente, proteção pessoal com estilo.

      Hector levantou-a nos braços. Era pequena, mal conseguiria cobrir o lado esquerdo de Canvas, quanto mais seu peito inteiro.

      Era isso! Arte. Ele poderia emendar isso com...

      Hector jogou a armadura em sua bancada de trabalho, o sono desapareceu completamente, sua mente estava mais afiada do que nunca. Se safar da morte iminente faz isso com um homem. Ele tinha algumas horas para trabalhar nisso. Ele daria conta. Encomendaria algumas partes, que chegariam até as onze


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