Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5). Amy Blankenship

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Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5) - Amy Blankenship


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levantou a cabeça do colchão e roçou suavemente os seus lábios na clavícula de Kriss, até ao arco do pescoço. Foi recompensado com um silvo agudo de Kriss e com a sua libertação.

      Várias horas depois, estavam deitados, entrelaçados, à medida que o dia nascia. Dean sabia, tal como Kriss sabia, que estaria ali quando Kriss acordasse de manhã. Ele estaria sempre ali.

      *****

      Kane vagueava pelas ruas da cidade tentando arejar as ideias em relação a tudo o que acontecera nas últimas semanas. Sentira mesmo vislumbres da sua antiga personalidade a vir à superfície por várias vezes… Sobretudo perto de Michael. Tinha de admitir que adorava o tipo.

      A rédea curta que mantinha nas suas emoções ao longo dos últimos dez anos estava a deslizar e ele já sentia a falta da segurança que aquelas barreiras imaginárias lhe proporcionavam. Tinha a certeza de que um desses psiquiatras trapaceiros que havia por aí diria que isso era algo bom, mas também tinha a certeza de que poderia fazê-los mudar de ideias em tempo recorde.

      Ele usava o torpor que tinha trazido consigo do túmulo como um escudo, mantendo-o a ele meio morto e protegendo as pessoas à sua volta. Tal como estava, esgotava todo o controlo de que era capaz para manter os seus sentimentos por Tabatha reprimidos e protegê-la de Misery ao mesmo tempo.

      Ainda se arrepiava ao pensar que Michael tinha finalmente percebido que tinha sido Tabatha a libertá-lo do seu túmulo. Se tivesse pensado com clareza, teria arranjado maneira de manter Scrappy afastado de Tabatha por mais algum tempo, enquanto tentava perceber como lhe contar. Se é que lhe ia contar.

      Na sua opinião, alguns segredos não deveriam ser revelados. A verdade é que ele nunca planeara contar a Tabatha.

      Kane rosnou, irritado com a interrupção dos seus pensamentos. Conseguia sentir olhos demoníacos sobre ele enquanto caminhava, a observar cada passo seu. Perguntou-se se teriam sido enviados por Misery. Não a sentia entre eles, o que aliás fazia todo o sentido. Porque é que aquela cabra o havia de seguir quando podia ter os seus lacaios a fazer isso por ela? A cidade estava agora repleta desses seres rastejantes, entidades negras que ele ajudara a criar.

      Ele acelerou o passo de tal modo que os faróis dos carros que vinham na sua direção seguiam agora subitamente na direção oposta atrás de si. O brilho vermelho das suas luzes traseiras iluminava a rua durante alguns breves segundos antes de desaparecerem por completo. Nunca tinha sido tão rápido antes, mas com a disposição que tinha ultimamente, andava a ignorar a escalada dos seus poderes.

      Naquele momento, só queria estar sozinho na sua própria bolha, em vez de estar perto de Michael e quem quer que o seu melhor amigo/irmão tivesse com ele. Não tinha a certeza se seria capaz de usar aquela máscara ‘Agora estou são’…não esta noite. A sua verdadeira personalidade estava próxima da superfície e isso era algo que Michael não precisava de ver.

      Enviando as mãos nos bolsos, Kane continuou o seu caminho numa tentativa de ignorar os espiões que o seguiam. Já tinha chegado a uma zona mais luxuosa da cidade e dirigia-se para a secção onde se situavam a maioria das discotecas. Precisava de uma boa bebida e talvez uma boa luta, mesmo que tivesse de ser ele a começá-la. As discotecas proporcionavam o líquido mentalmente entorpecedor e para o segundo fim, devia ser fácil localizar um ninho de vampiros.

      Ao virar da esquina para uma rua movimentada, Kane captou um aroma adocicado no vento e parou, focando-se novamente nas vistas e sons da cidade. Conseguia senti-la muito perto e olhou à sua volta para tentar determinar a sua localização. Inspirou profundamente, querendo mais dela, depois questionou-se se seria masoquista por se torturar a si mesmo.

      Ele sabia que devia manter-se longe dela, já que parecia atrair constantemente demónios, mas o seu lado negativo instantaneamente argumentou que a alma gémea tinha um talento especial para arranjar sarilhos sozinha. Se ela fosse suficientemente doida para andar numa zona infestada de demónios, talvez devesse refrescar-lhe a memória para a lembrar de como isso era má ideia.

      O seu olhar penetrante fixou-se numa discoteca chamada Silk Stalkings e franziu o sobrolho ao lembrar-se que era ali que o caído, Kriss, trabalhava como bailarino. Era uma opção de carreira interessante para um caído, mas Kane não se sentia em posição de julgar. Suspirando resignado, Kane atravessou a rua e entrou na discoteca para poder levar Tabatha a casa antes que ela se metesse em mais sarilhos.

      Capítulo 2

      Tabatha atravessou a entrada do Silk Stalkings e olhou em volta. Viera à procura de Kriss…e rezava para encontrá-lo. Ele tinha desaparecido há alguns dias e nem tinha ligado. E já andava a evitá-la ainda antes disso. Ela sentia falta dele e já estava a ficar preocupada. No passado, quando ele desaparecia durante algum tempo, pelo menos ligava-lhe e dizia-lhe que estava tudo bem.

      Nem que o visse só de relance, já era o suficiente para eliminar o receio de que Misery o tivesse comido ou trancado numa cave algures.

      Sentada numa das mesas altas, continuava a observar o palco na esperança de que Kriss aparecesse para dar o seu espetáculo. Só ao fim de quase uma hora é que percebeu que horas eram e que Kriss já deveria ter atuado. Um dos empregados passou por ela e ela tocou-lhe num braço para chamar a sua atenção.

      “Precisa de alguma coisa, menina?” – perguntou ele.

      Tabatha sorriu – “Espero que me possa ajudar. Estou à procura do Kriss Reed. Sabe dizer-me qual é o próximo turno dele?”

      O empregado suspirou e abanou a cabeça – “Já é a sexta mulher a perguntar por ele esta semana. Infelizmente, ele despediu-se há uns dias e nunca mais ninguém o viu.”

      Tabatha sentiu-se como se tivesse levado um estalo na cara. Um sentimento de aflição surgiu no fundo do seu estômago e ela baixou a cabeça para esconder as lágrimas que se começavam a juntar. Tinha perdido o melhor amigo.

      “Está bem?” – perguntou gentilmente o empregado.

      Tabatha levantou o olhar para ele e sorriu, limpando a humidade que ameaçava borrar-lhe a máscara de pestanas. “Sim, estou ótima. Mas pode trazer-me um Malibu de ananás?”

      O empregado fez um olhar inquisidor antes de suspirar e voltar para o bar. Ele reconhecera Tabatha como uma das amigas próximas de Kriss e percebera que Kriss tinha saído da cidade sem lhe dizer. Era vergonha também. Ela parecia ser uma boa rapariga e o facto de Kriss ter desaparecido, obviamente, magoara-a.

      Tabatha retirou a sua caixa de pó compacto da carteira e examinou a sua maquilhagem. Ele tinha ido embora sem sequer dizer adeus. Ele tinha prometido, quando foram à Florida com Devon e Envy, quer nunca a deixaria. Tinham ficado ainda mais próximos desde o rapto dela…muito mais.

      “Aqui está” – anunciou o empregado e pousou a bebida à frente dela.

      Tabatha baixou a tampa do pó compacto e sorriu-lhe. “Pode abrir cartão, vou ficar mais um pouco”.

      O empregado acenou e começou a circular pelas suas mesas, verificando se toda a gente estava atendida, olhando ocasionalmente para a sua mais recente cliente para se certificar de ela não se embebedava para além do razoável.

      Tabatha esvaziou rapidamente o copo e pousou-o na mesa. Mas afinal porque é que ela estava preocupada? Kriss era um dos caídos. Ele tinha coisas mais importantes para fazer do que lidar com humanos. Muito menos com humanos que eram amigos. Ela detestava estar amuada e zangada ao mesmo tempo! Era uma sensação perturbante.

      Tinham colocado outra bebida à sua frente e ela engoliu-a rapidamente também. Cerca de seis bebidas depois, já estava bem tocada. Espreitando o palco, amuou vendo um tipo novo a sair com apenas uma tanga prateada e umas asas. Perguntou-se onde estaria um Guru para gente bêbada e chorona quando mais se precisava e cerrou os olhos, olhando com desdém para o bailarino que inconscientemente gozava com ela.

      “Mais uma antes de ir embora?” – perguntou ela ao empregado, que pairava por perto desde que ela se sentara.

      O empregado sorriu docilmente e abanou a cabeça. “Acho que já bebeu o suficiente. Quer que lhe chame um táxi?”

      “Não” – retorquiu


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