Apaixonada Pelo Espião Americano. Dawn Brower

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Apaixonada Pelo Espião Americano - Dawn Brower


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Sentia que precisava fazer a sua parte em tornar o mundo um lugar mais seguro. William tinha um forte senso de dever.

      Victoria saiu da tenda e puxou uma capa de lã ao redor de si. Ela tremia um pouco e esfregava as mãos. O cabelo louro estava puxado para trás, preso em uma longa trança que caía até o meio de suas costas. William foi até ela. Victoria ergueu o olhar enquanto ele se aproximava e franziu o cenho até que o reconheceu.

      – William.

      Ela correu até ele e o abraçou com força.

      – Por que não me disse que estava vindo?

      – Não soube até hoje cedo, e quis fazer uma surpresa. – Ele se encolheu quando ela o abraçou com mais força. O ferimento no flanco estava doendo bastante.

      – O que é isso? – perguntou ela, dando um passo para trás. Victoria abriu o casaco dele e olhou. O sangue tinha encharcado a camisa de linho. Victoria suspirou. – Por que você sempre chega ferido?

      – Não estava nos meus planos, posso garantir. – Ele lhe lançou um sorriso. – Tive um pequeno desentendimento com um alemão enquanto vinha para cá. Ele queria que eu ficasse, mas, infelizmente, precisei insistir que ele me deixasse vir vê-la. Espero que perdoe a minha aparência. Não era assim que eu planejava chegar.

      – Venha comigo – ordenou ela. – Cuidarei do ferimento, e você poderá me contar tudo o que aconteceu desde a última carta.

      Eles foram em direção à tenda do hospital e ela o conduziu até os fundos. Ela fez sinal para que ele se sentasse em uma das macas e pegou os suprimentos para cuidar do ferimento.

      – Tire o casaco e a camisa. Preciso dar uma boa olhada no corte.

      – Você está tentando me ver nu, não está? – disse ele, despreocupado.

      Victoria olhou feio para ele.

      – Pode acreditar em uma coisa, essa não é a minha intenção.

      – Eu não quis dizer… – Ele suspirou. – Essa foi a minha lamentável tentativa de desanuviar as coisas. – William não estava lidando muito bem com a situação. Victoria parecia um pouco aborrecida com ele. Ela o cutucou, e ele deu um salto.

      – Desculpa – disse ela. – Não parece muito profundo. Você teve sorte; não vai precisar de pontos. Vou só fazer um curativo e então estará bom para ir.

      Ela trabalhou em silêncio até que cobriu o ferimento. Quando terminou, ela se afastou e lavou as mãos em uma pia ali perto.

      – Ficará por muito tempo?

      Por que ela lhe perguntou isso?

      – Você quer que eu parta?

      – Não foi o que eu disse… – Victoria afastou o olhar.

      William ficou de pé e a puxou para si. Ela veio para os seus braços e apoiou a cabeça em seu ombro. Queria confortá-la, mas chegou à conclusão de que aquilo era exatamente o que ele precisava. Abraçá-la e assegurar-se de que ela estava bem. Aquilo era tudo o que queria. Que Victoria estivesse segura e feliz…

      – O que posso fazer por você?

      – Já está fazendo – disse ela. – Mas talvez eu deva permitir que você termine de se vestir. – Victoria olhou para a camisa ensanguentada. – Tem outra camisa para vestir?

      – Não – disse ele. – Mas está tudo bem. Não me importo em usar a camisa suja por agora. Posso pegar outra mais tarde. – Não sabia onde, mas aquilo não importava. William não queria que ela se preocupasse. – Venha caminhar um pouco comigo.

      – Eu adoraria – disse ela, pegando a mão dele. Eles saíram da tenda e foram em direção às árvores. Estava frio, mas ele nem reparou. Ela estava com ele, e aquilo fazia todo o resto desaparecer.

      Passou a tarde com ela, e por algumas horas, ele ficou feliz. Foi capaz de esquecer que estavam na guerra, que tinha sido ferido mais cedo, e que teria que partir em breve. Ela lhe dava razão para ficar e lutar e esperar que, um dia, eles nunca mais se separassem.

      CAPÍTULO TRÊS

      Fevereiro de 1916

      Victoria suspirou enquanto saía do trem. Finalmente, estava em Paris. Teve o suficiente dos hospitais de campanha por uma vida. Não sabia o que esperar no hospital da capital francesa, mas ao menos não seria forçada a andar, frequentemente, pela lama. Aquilo tinha que ser uma melhora. Não que as coisas no lamaçal estivessem aquecidas esses dias… A lembrança daquilo estava cravada em sua mente. Ela tinha começado a odiar de verdade qualquer coisa que se parecesse com mistura de pó e água.

      Ela pisou na plataforma. Era um milagre os alemães ainda não terem destruído totalmente a linha férrea. Esperava que, em algum momento, viajar de trem fosse ser impossível. Ao menos não tinha sido forçada a caminhar até Paris.

      Levou a mão ao bolso e tirou de lá um maço de cartas. Talvez não devesse tê-las conservado, mas era tudo o que tinha de William. A correspondência entre eles era parca e espaçada. Ele nem sempre estava em um lugar para que ela pudesse respondê-las, mas ele enviava muitas. Victoria temia por ele, e seu coração se quebrava por saber que não tinha certeza de quando voltaria a vê-lo. A mão tremia enquanto as colocava de volta no bolso. Estava tentada a abri-las e ler as palavras novamente, mas aquela não era a hora.

      Não era a primeira vez, e provavelmente não seria a última, que se perdia nas cartas. Era um péssimo hábito ao qual teria que pôr um fim. Guardando-as no devido lugar, virou-se para a estação. Tinha que ir logo para o hospital e parar de pensar em coisas que não poderia mudar.

      O baú com o qual viajara há um ano foi substituído. Seus pertences minguaram, e só tinha o bastante para preencher a pequena valise que levava consigo. Todos os seus uniformes tinham ficado puídos, e ela tinha mais três em estado decente. Esperava encontrar alguém que pudesse fazer outros. Victoria começou a ir em direção à saída. De repente, sentiu a urgência de deixar o passado para trás.

      De alguma forma, conseguiu chegar ao hospital e então entrou. Ninguém a deteve ou perguntou por que ela estava ali. Todo mundo parecia ter algum lugar para onde deveria ir correndo. Victoria ergueu a mão tentando chamar a atenção de alguma das enfermeiras, mas a ignoraram. Suspirou e foi até o saguão principal. Eles pareciam estar lotados. Soldados enchiam as camas da enfermaria, e sendo atendidos pelo pessoal.

      Uma mulher veio até ela. Os cabelos castanhos-avermelhados estavam presos em um coque apertado. Os olhos enrugavam nos cantos, como se ela estivesse lutando contra a exaustão.

      – Posso ajudá-la? – perguntou a enfermeira.

      – Sou Victoria Grant – disse ela. – Fui alocada neste hospital.

      A mulher suspirou aliviada.

      – Obrigada, Senhor. Você não poderia chegar em melhor hora. Estamos trabalhando à exaustão tentando cuidar de todos os feridos. – Ela apontou para o hospital lotado. – A maior parte é de pacientes novos, mas eles já foram examinados pelos médicos, e é nossa responsabilidade nos certificar de que eles estejam sendo cuidados. – Ela lhe lançou um sorriso vacilante. – Eu me chamo Catherine Langdon. Venha, vou lhe mostrar o seu quarto, e, se não se importar, nós poderíamos fazer um bom uso de você agora mesmo.

      – É para isso que estou aqui – respondeu Victoria. – Prefiro ser útil a sentar por aí, ociosa, observando todo mundo trabalhar. Mostre-me onde guardar as minhas coisas, e posso começar a cuidar dos soldados agora mesmo. – Era aquilo que ela fazia, afinal de contas… Seu lugar era ali. Onde era necessária. Não sonhando acordada com um homem com quem jamais teria um relacionamento de verdade.

      Abril de 1916

      Victoria se acomodara no hospital de Paris sem maiores problemas. Gostava do calor e da falta de sujeira que experimentou nos hospitais de campanha. Tinha começado a gostar muito do gato de Catherine


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