Poder e sedução. Michelle Smart

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Poder e sedução - Michelle Smart


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      – Disseste que tinhas de falar de algo importante comigo. Falas inglês tão bem como eu e prefiro não perder nada na tradução, o que te daria vantagem.

      – Não confias em mim?

      – Não.

      – Admiro a tua sinceridade.

      Era algo muito raro no seu mundo. A família era implacavelmente sincera com ele, mas, desde que se tornara uma autoridade do mundo da arquitetura e ganhara os seus primeiros mil milhões, graças ao seu trabalho e a uns investimentos acertados, não conhecera uma só pessoa que o contrariasse ou lhe negasse alguma coisa.

      O mordomo voltou ao terraço com o primeiro prato. Pousou as tigelas e um cesto com pãezinhos entre eles. Eva inclinou a cabeça para os cheirar e assentiu com a cabeça.

      – Cheiram muito bem.

      – Acabaram de sair do forno, mas também os temos sem glúten, se preferir – comentou o mordomo.

      – Não sou intolerante ao glúten, mas agradeço a oferta.

      Eva era a primeira mulher com quem saíra nos últimos três anos que não era intolerante ao glúten ou não seguia alguma dieta desatinada. Era estimulante e outra das muitas diferenças entre ela e as mulheres com quem saíra. Além disso, notava-se fisicamente. Para começar, tinha curvas e uns seios abundantes. Eva Bergen era sensual e desejava vê-la com roupa… feminina.

      Quando ficaram sozinhos outra vez, ela pegou num pãozinho e partiu-o com as mãos.

      – De que querias falar?

      – Vamos comer primeiro, falaremos depois.

      Ela pousou o pãozinho.

      – Não. Vamos falar enquanto comemos ou acharei que tentaste enganar-me outra vez.

      – Não te enganei no nosso último encontro – defendeu-se ele.

      – Deixei muito claro que não ia ser um encontro e transformaste-o nisso. As perguntas que me fizeste sobre o hospital podiam ter sido feitas em cinco minutos a beber um café.

      – E qual é a diversão disso?

      – O meu trabalho não é divertido… senhor Pellegrini – acrescentou ela.

      – Daniele.

      Dissera uma dúzia de vezes, durante o primeiro encontro, para não lhe chamar assim. Não pensara que não gostaria dos seus cuidados. O seu apelido e o seu físico sempre tinham sido como um íman para as mulheres. Desde que começara a receber elogios como arquiteto e a ganhar dinheiro, todas as mulheres tinham olhado para ele com um brilho de admiração nos olhos, até conhecer Eva. Embora tivesse havido um brilho de interesse quando os seus olhares se tinham encontrado pela primeira vez. Fora o primeiro arrebatamento de desejo desde a morte do irmão. Perdera todo o interesse pelas mulheres durante os dois meses que tinham passado desde a morte de Pietro. O sexo contrário ficara tão à margem que essa descarga de eletricidade entre Eva e ele fora como uma lembrança de que continuava vivo.

      Depois desse primeiro brilho, o comportamento dela fora sereno e profissional e presumira que se devia ao ambiente em que estavam. Também presumira que, se a tirasse desse buraco infernal que era Caballeros e a levasse a um sítio tão pitoresco como Aguadilla, ela relaxaria, mas enganara-se.

      Apesar das descargas de eletricidade que sentira nessa noite, ela permanecera fria e inexpressiva e as suas tentativas de a lisonjear não tinham servido de nada. Rejeitara a sua oferta de ir para a suíte com desprezo.

      Era inegável, Eva Bergen olhara para ele por cima do ombro. Para ele!

      Nunca ninguém olhara assim para ele. Sentira-se mal e descartara-a sem pensar duas vezes. Conseguia aguentar a rejeição, mas o desprezo…

      Parecera-se muito com a expressão do pai quando algum meio de comunicação social falava das suas aventuras com o sexo contrário. Os pais tinham querido que se casasse. Pietro encontrara uma mulher com quem assentar, embora tivesse demorado seis anos a casar-se com ela, e isso significara que era a vez dele.

      A sua vida era diversão sem dar explicações a ninguém. Se quisesse passar o fim de semana em Las Vegas, só tinha de entrar no seu avião privado e ir buscar alguns amigos pelo caminho. O seu irmão perfeito sempre se comportara lindamente e fora como um exemplo a seguir para ele. Tinham-no dado como exemplo quando ainda usava fraldas.

      Embora tivesse sido o último a rir-se. Fizera uma fortuna maior do que a pessoal de Pietro e a que herdaria juntas.

      Até ser o último a rir-se deixar de ser divertido.

      Pietro morrera num acidente de helicóptero e o homem que amara e desdenhara em igual medida, o irmão e rival, desaparecera. Estava morto.

      – Levo o meu trabalho a sério, senhor Pellegrini. Não estou aqui para me divertir – dissera Eva, como se fosse repugnante. – A sua sedução foi inadequada e a sua oferta de ir para a suíte, muito mais.

      Naturalmente, a irmã diria que era um masoquista por escolher uma mulher que o desprezava. Francesca não entenderia como era estimulante estar com uma mulher tão desafiante como Eva.

      O único perigo que Eva tinha era para a sua vaidade e até ele conseguia reconhecer que alguns desafios eram bons para a sua vaidade. Desprezava os homens suscetíveis e, se pensasse na sua reação quando Eva o rejeitara, poderia dizer-se que fora tão suscetível como o pior deles.

      – Pareceu-me que um jantar íntimo para dois num restaurante com estrelas Michelin era o lugar mais indicado para seduzir uma mulher bonita.

      Ela corou ligeiramente.

      – Vou-me embora se voltar a seduzir-me.

      – Sem ouvir o que tenho para te dizer…?

      – Isso depende de ti. Não será um inconveniente se não conseguires dominar a tua tendência natural de seduzir e não fores direto à questão.

      – Então, vou direto à questão. Preciso de uma esposa e quero que faças esse papel.

      – Isso não tem graça. O que queres realmente?

      – O que quero realmente é entrar no meu avião e sair daqui, mas preciso de uma esposa e tu, querida, és a mulher perfeita para esse emprego.

      Fez-se um silêncio de espanto tenso antes de ela se levantar.

      – És desprezível, sabias? Não quero saber dos teus joguinhos retorcidos e, para que saibas, não sou a tua querida.

      Eva agarrou na mala de lona e virou-se para sair do terraço e afastar-se daquele homem arrogante. Não dera dois passos quando ouviu que Daniele falava.

      – Antes de te ires embora, quero que vejas uma coisa.

      – Não tens nada que queira ver.

      – Nem sequer um milhão de dólares em dinheiro?

      Eva olhou para trás. Na mesa, ao lado da sua tigela de sopa, havia uma mala aberta. Pestanejou. Como se mexera tão depressa?

      A mala estava repleta de maços de notas. Olhou para ele nos olhos.

      – Chamei a tua atenção?

      Abandonara todo o bom humor, que lhe parecera uma fachada.

      Eva assentiu. Tinha a sua atenção, mas, em certo sentido, achava que estava a sonhar. Uma mala cheia de dinheiro só existia num sonho ou em filmes, não na vida real.

      Daniele Pellegrini também não existia na vida real. Era um multimilionário de uma família nobre e ancestral. A sua vida era tão irreal como se tivesse chegado da lua.

      – Se aceitares casar-te comigo, este dinheiro, um milhão de dólares, irá para as mãos da Blue Train Agency amanhã de manhã e é apenas o princípio.

      – O princípio…? – perguntou ela, em voz baixa, olhando para aquele dinheiro maravilhoso.

      –


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