Para além da verdade. Robyn Donald

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Para além da verdade - Robyn Donald


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de ficar aqui? – perguntou então.

      – O quê?

      – Quanto tempo tem de ficar nesta ínsipida recepção. E não me diga que lhe parece maravilhosa. Estou a observá-la há um bocado e está aborrecida. Já jantou?

      – Não, mas…

      – Então venha jantar comigo.

      Rowan olhou-o sentindo o pulso acelerado. O seu instinto feminino advertia-a para que recusasse, uma vez que se apercebia do seu aspecto de pirata… e os piratas não aceitavam um não como resposta.

      Uma convicção mais escondida dizia-lhe que não era só o interesse sexual de um homem por uma mulher, mas sim algo mais profundo. Apesar da atracção que havia entre eles, intuía uma obscura contradição.

      Talvez fosse impressão sua…

      – Não me olhe com essa cara. Suponho que já a terão convidado para jantar outras vezes. Inclusive, no Japão.

      – Nunca nenhum desconhecido me convidou.

      Wolfe sorriu. Um sorriso despreocupado de um homem seguro de si mesmo.

      – Apresentou-nos uma amiga comum!

      Rowan tentou desculpar-se.

      – Vou jantar com Bobo. Pode vir connosco, se quiser…

      – Vamos perguntar-lhe – interrompeu-a ele, procurando Bobo com o olhar.

      A sua marchant falava com um grupo de pessoas, mas aproximou-se deles quando Rowan lhe fez um sinal.

      – Aconteceu alguma coisa?

      – Acabo de convidar Rowan para jantar, mas ela diz que não pode porque tem de jantar contigo – e Wolfe sorriu.

      Bobo também esboçou um sorriso de orelha a orelha.

      – Acontece que a mim também acabam de me convidar, por isso ela pode ir contigo. Mas antes de te ires embora, Rowan, vem cumprimentar Georgie.

      Entretanto aproximara-se da proprietária da galeria, que estava a partilhar os seus conhecimentos artísticos com vários convidados. Rowan sentiu os olhos verdes do homem cravados nas suas costas.

      Georgie cumprimentou-a efusivamente, anunciando que metade das peças já tinham sido vendidas e apresentou-a à sua corte de admiradores.

      Afastando-a pouco depois de forma profissional, Bobo conduziu-a a um gabinete privado.

      – Sabes quem é Wolfe Talamantes?

      – Não – admitiu Rowan. – O nome não me diz nada…

      – Claro, tu não lês os jornais – suspirou a sua agente.

      – Leio os títulos no café – discordou ela.

      – Estes artistas… Toda a gente na Nova Zelândia conhece Wolfe Talamantes.

      – Quem é? Uma estrela de rock, um actor de cinema?

      Capítulo 2

      – Wolfe Talamantes é meio americano, meio mexicano.

      – Ah, por isso tem um apelido tão esquisito.

      – É um magnata da tecnologia e incrivelmente rico – explicou Bobo. – Imensamente rico, multimilionário.

      – Segundo a informação económica, se é um magnata da tecnologia, rapidamente estará na falência – ironizou Rowan. – Vês? Afinal, leio os jornais.

      – Este homem não. Os seus negócios são muito sólidos. Ergueu uma pequena empresa de electrónica aqui em Auckland e converteu-a numa multinacional que vende para todo o mundo.

      Via-se pela sua cara, pensou Rowan. Traços arrogantes, nariz empinado, queixo quadrado, olhos cor de esmeralda, boca grande… tudo proclamava uma mistura de visionário e duro homem de negócios..

      – Não sabia que na Nova Zelândia havia multimilionários.

      – Pois surpreender-te-ias – Bobo sorriu. – Wolfe Talamantes é um homem duro… muito só, basta olhar para ele, nãe é? Não é casado, mas já teve muitas amantes.

      – E tu estás a atirar-me para a boca do lobo? – perguntou Rowan, sentindo náuseas a percorrer-lhe o estômago.

      – Sei que não é o tipo de homem que te fará sentir segura, mas, por que não provar? Ainda que devas ter presente, desde o princípio, que será apenas uma aventura.

      – Não gosto de homens promíscuos – afirmou ela. – E vou apenas jantar com ele, não penso ter nenhuma aventura.

      Tony não escondia que tinha ido para a cama com muitas mulheres. Parecia acreditar que esse facto o tornaria mais atractivo aos seus olhos.

      Bobo encolheu os ombros.

      – Ninguém de bom senso é promíscuo nos dias que correm. Pelos vistos é um monógamo «em série».

      – Como?

      – Significa que se cansa muito depressa das namoradas e rapidamente procura outra. Não tens de ir para a cama com ele, mas meia dúzia de jantares com Wolfe Talamantes seria uma publicidade estupenda. Já foi notícia o facto de coleccionar dinheiro e mulheres bonitas, mas seria estupendo se decidisse coleccionar as tuas obras.

      – Esse tipo de publicidade não me interessa – respondeu Rowan irritada consigo própria.

      Não gostava de se sentir atraída por um multimilionário que arranjava uma namorada nova todos os meses.

      – Qualquer publicidade é boa publicidade… e não te atrevas a dizer-lhe que não agora.

      – Ainda não lhe disse que sim.

      – Não vai acontecer nada. É um homem muito sexy, mas não se contam histórias esquisitas sobre ele e não faltaria quem as contasse se ele tivesses hábitos preversos. É um homem com sangue nas veias, mas, segundo toda a gente, também é um cavalheiro. A proveita o jantar com ele, nada mais – aconselhou Bobo, olhando para o relógio. – Vamos, temos de sair daqui.

      O rico e atractivo Wolfe Talamantes estava a falar com uma ruiva vestida de couro. Mas quando viu Rowan despediu-se dela, deixando-a praticamente a falar sozinha.

      – Diverte-te no jantar – desejou-lhe Bobo.

      – Igualmente para ti.

      – Obrigado – murmurou ele, com ar de gozo.

      Rowan ficou nervosa, tanto que teve de ordenar às suas pernas que se movimentassem por entre as pessoas. Tremia debaixo do escrutínio de muitos olhares, mas um desejo subversivo rompeu as suas defesas como lava ardente… bonita, perigosa e destrutiva.

      Não eram só as suas feições que chamavam a atenção, nem a elegância do seu andar, nem o impacto da sua altura ou os ombros largos.

      Às pessoas que o olhavam respondia instintivamente com um ar de superioridade, que era como uma capa invisível que Wolfe Talamantes vestia.

      «E aos seus olhos», pensou, vendo que uma rapariga ficara corada ao olhá-lo. Uns olhos verdes enigmáticos, com aqueles reflexos dourados que pareciam aprisionar tudo. Os olhos daquele homem tinham o condão de fazer com que se perdessem neles… uns olhos que podiam incendiar-se e queimar a vontade.

      – Pensei que talvez pudéssemos ir ao Olivier – sugeriu ele quando se aproximaram da porta.

      – Ao Olivier?

      – É um restaurante novo.

      – Não conheço muitos restaurantes em Auckland. Vivo no campo – explicou ela.

      – Onde? – perguntou Wolfe, abrindo a porta de vidro e olhando para os dois lados da rua.

      Rowan interrogou-se porque teria ele tido aquela preocupação, como se estivesse a


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