Gravidez por contrato. Maya Blake

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Gravidez por contrato - Maya Blake


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      Os olhos dele toldaram-se.

      – Se queres que me desculpe, terás de me dar um pouco mais de tempo para encontrar as palavras adequadas.

      Suki não conseguia acreditar que alguém tão seguro de si próprio pudesse ficar sem palavras. Transformara o negócio dos pais, que tinham começado com alguns hotéis em Cuba, na cadeia internacional prestigiosa Acosta Hotéis, ao mesmo tempo que se entregava à sua paixão: A arte. De facto, conforme Luis lhe contara, da noite para o dia, os seus quadros e esculturas eram muito solicitados.

      – Pareces de pior humor do que de costume, mano – observou Luis, enquanto retirava o alumínio que cobria a rolha da garrafa. – Quase consigo ver o fumo a sair-te pelas orelhas.

      Ramón cerrou os dentes.

      – É assim que queres passar o resto do teu aniversário? A fazer piadas às minhas custas?

      – Só tentava relaxar um pouco o ambiente, precisamente porque é o meu aniversário, mas se não quiseres contar-me o que se passa, pelo menos, atende o maldito telemóvel. Deve estar há cinco minutos a vibrar-te no bolso.

      Ramón lançou-lhe um olhar irritado, tirou o telemóvel do bolso e mal olhou para ele, antes de o desligar.

      Luis ficou boquiaberto.

      – Desligaste o telemóvel? Sentes-te mal? Ou estás a ignorar as chamadas de alguma pessoa em concreto?

      – Luis… – murmurou Ramón, num tom de aviso.

      O irmão, no entanto, não fez caso.

      – Meu Deus! Não me digas que há problemas no paraíso? Os saltos de agulha fizeram a grande Svetlana tropeçar na passarela e caiu em desgraça?

      As feições de Ramón endureceram.

      – Ia esperar para te contar, mas, já que puxas o assunto… Desde esta manhã, já não estou noivo.

      Um silêncio ensurdecedor apoderou-se da mesa. As palavras de Ramón ricocheteavam como uma bala na mente de Suki. Já não estava noivo…

      O barulho brusco da rolha ao sair disparada fez Suki dar um salto. Luis passou-lhe um copo.

      – Bebe, pequena. Agora, temos duas… Não, três razões para celebrar – declarou.

      – Ena, alegra-me que o fim da minha relação te faça tão feliz – murmurou Ramón, num tom gélido.

      Luis ficou sério.

      – Desde o princípio, respeitei a vossa relação, mas sabes que sempre pensei que não era a mulher adequada para ti. Não sei se foste tu que decidiste acabar ou se foi ela, mas…

      – Fui eu.

      Luis sorriu.

      – Então, celebra connosco ou aproveita para afogar as mágoas.

      Ramón levantou o copo, desejou-lhes novamente um feliz aniversário e bebeu-o de um gole. Suki só bebeu alguns golinhos, mas Luis começou a servir um copo atrás de outro, enquanto a tensão entre Ramón e ela aumentava.

      – Hora de começar muito bem o meu segundo quarto de século – anunciou Luis, de repente, levantando-se, com os olhos fixos numa ruiva espantosa, que não parava de sorrir de outra mesa.

      Suki, aliviada, empurrou o copo.

      – Acho que vou para casa – murmurou.

      – Fica – pediu Ramón. E, antes de conseguir responder, virou-se para o irmão. – Tenho a minha limusina à espera lá fora. Diz ao motorista onde queres que vos leve.

      Luis pôs-lhe a mão no ombro.

      – Agradeço a oferta, mas vou ter cuidado com aquela florzinha. Não quero incomodá-la com os nossos luxos de milionários e fazer com que fuja.

      Ramón encolheu os ombros.

      – Tanto me faz se quiseres apanhar o autocarro. Desde que, na segunda-feira de manhã, chegues ao escritório a horas, sóbrio e inteiro…

      – Vou fazê-lo, se me prometeres que garantes que a Suki chega a casa sã e salva.

      Ela abanou a cabeça, agarrou na mala e levantou-se.

      – Não é preciso, a sério. Chegarei bem.

      E ela iria de autocarro. Tinha de vigiar os seus gastos. Pelo menos, o telemóvel não tocara desde a última vez que ligara para o hospital, há quatro horas, portanto, a mãe devia estar a passar a noite tranquila. Ou, pelo menos, era o que esperava.

      – Senta-te, Suki – disse Ramón, num tom autoritário. – Não acabámos de falar.

      Lançou um olhar desesperado a Luis, mas o amigo limitou-se a inclinar-se por cima da mesa para lhe dar um abraço e sussurrou-lhe ao ouvido:

      – É o teu aniversário e a vida é demasiado curta. Faz uma pausa e vive um pouco. Vai fazer-te feliz e a mim muito mais.

      E, antes de conseguir responder, Luis afastou-se em direção à mesa da ruiva, com aquele sorriso que fazia com que as mulheres se derretessem.

      – Disse-te para te sentares – insistiu Ramón.

      Dificilmente conseguiria sair da mesa com ele a bloquear a saída. Com as palavras de Luis a ecoar na sua mente, voltou a sentar-se muito devagar.

      – Não sei porque queres que fique – disse. – Não tenho nada para te dizer.

      Ramón voltou a estudar o seu rosto com esse olhar intenso que a deixava nervosa.

      – Pensava que tinhas dito que te devia… alguma coisa.

      – Um pedido de desculpas. Custa-te assim tanto dizer a palavra?

      Ramón encolheu os ombros e abriu a boca para responder, mas os ocupantes de uma mesa próxima desataram a rir-se, sem dúvida, levados pelo álcool.

      Ramón fez um ar de nojo, levantou-se e, desviando-se para que ela pudesse sair, disse:

      – Vem comigo, podemos continuar a conversa noutro lugar.

      Suki obedeceu, não porque lho ordenara, mas porque, quando estivessem fora do local, poderia inventar alguma desculpa e escapulir-se. A última coisa que queria era ter de continuar a aguentar o seu mau humor.

      As experiências que tivera com o sexo oposto, incluindo o próprio pai, tinham-na levado a desconfiar dos homens em geral. Contudo, depois de conhecer Luis, pensara que devia haver mais exceções à regra como ele e, ignorando os conselhos da mãe, começara a sair com o ex-namorado, Stephen, há seis meses. Infelizmente, era um canalha que saía com várias mulheres ao mesmo tempo. E a parte dela, que ainda estava magoada, avisava-a de que devia evitar Ramón.

      Por isso, ao sair do pub para o ar frio do mês de outubro, respirou fundo e começou a andar, mas, antes de ter dado três passos, Ramón agarrou-a pelo cotovelo para fazer com que parasse.

      – Onde achas que vais? – inquiriu, parando à frente dela.

      Embora lhe tremessem as pernas por causa da sua proximidade e da ferocidade da sua expressão, Suki olhou para ele nos olhos e respondeu:

      – É tarde.

      – Sei perfeitamente que horas são – murmurou ele e, quando deu um passo para ela, as suas coxas encontraram-se.

      Suki perdeu a força nas pernas.

      – Tenho de… Devia ir.

      Ramón deu mais um passo, encostando-a contra a parede do pub, e pôs as mãos ao lado da cabeça dela, impedindo-lhe a fuga.

      – Sim, talvez devesses. Mas sei que não queres ir.

      Ela abanou a cabeça.

      – Quero, sim.

      Ramón inclinou-se para ela e sentiu a respiração quente no rosto.


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