Chantagem com a noiva. Kim Lawrence

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Chantagem com a noiva - Kim Lawrence


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caiu-lhe.

      O homem franziu o sobrolho ao ver os seus maravilhosos cabelos louros. Kate sentiu um nó no estômago quando aqueles olhos azuis percorreram o seu corpo de uma forma insolente e se detiveram nas partes mais relevantes.

      Instintivamente, quis proteger-se com as mãos. Contudo, depressa se apercebeu do quanto estava a ser ridícula e deixou cair os braços ao longo do corpo. Reparou, então, que segurava na mão uma quantidade considerável de cabelos escuros. Abriu-a e desenvencilhou-se deles, recordando-se da forma como lutara para se libertar dos seus braços e do puxão de cabelo que lhe dera.

      – Devias saber que ele não estava aqui. Vieste por iniciativa própria? Querias aproveitar-te da ausência dele? – perguntou sem desviar o olhar dela. – Vê se descobres o que ela procurava nessa gaveta, ouviste, Serge?

      Kate sentiu um calafrio. Dava a impressão de que nas veias daquele homem corria água gelada em vez de sangue.

      – É evidente que não estou aqui por acaso – admitiu, enervada, enquanto o tal Serge, com uma rapidez surpreendente para a sua estatura, se dirigiu para a cómoda.

      Os batimentos cardíacos de Kate aumentaram assustadoramente, o que era natural numa situação como aquela. Porém, o que a preocupava não era isso; era ter consciência de que o seu nervosismo se devia ao magnetismo daquele homem. Disfarçadamente, olhou para ele e sentiu um aperto no coração.

      O homem emanava uma sensualidade imponente. Nunca vira nada assim. No entanto, aquele não era o momento ideal para analisar a estranha atracção que sentia por aquele sujeito de olhar frio. Tinha de esquecer tudo o resto e concentrar-se.

      Pelos vistos, a irmã não era a única Anderson a sentir-se atraída pelo perigo.

      – Estou aqui para recuperar algo que não pertence a esse tal senhor González. E que é… meu – afirmou calmamente, incapaz de desviar o olhar daquela figura corpulenta que revolvia o conteúdo da gaveta, espalhando-o pelo chão. Consciente de que o outro a observava atentamente, humedeceu os lábios com nervosismo.

      Conviveu com muitas pessoas culpadas, por isso, facilmente reconheceu que ela própria evidenciava todos os sinais de culpabilidade.

      – Acho que a surpreendemos com isto, Javier.

      Kate não pode evitar lançar-se sobre as fotografias quando Serge as entregou ao tal Javier.

      – São minhas! – gritou.

      Durante alguns segundos, Kate ofereceu resistência aos dedos que apertavam os seus pulsos como algemas, e não tardou a olhar com ressentimento para o seu agressor, ao mesmo tempo que sentia os olhos encherem-se de lágrimas de dor e frustração.

      – Não tens o direito… – calou-se quando o homem, conhecido por Javier, começou a abrir o envelope.

      Aterrorizada, viu-o tirar uma fotografia e analisá-la.

      Kate deu conta de que corava intensamente quando o homem desviou o olhar da fotografia e a encarou, antes de olhar de novo para a fotografia e de guardar no envelope. De seguida, tirou os negativos e esteve a vê-los contra a luz. O leve tremor dos seus lábios revelava a repugnância e a reprovação que sentia perante o que via.

      Serge perguntou-lhe algo em castelhano e o outro respondeu-lhe no mesmo idioma. Kate cerrou os dentes e apertou as mãos com força. A sua raiva aumentava perante as gargalhadas dissimuladas que os dois davam às custas de Susie.

      – Fazes isto para ganhar a vida ou é apenas um passatempo?

      «Julga que as fotografias são minhas», constatou, boquiaberta. Noutras circunstâncias, até lhe agradaria que confundissem o seu corpo com o de Susie, que era irresistível. Porém, naquele momento, sentiu-se enlouquecer.

      Se o seu adversário não tivesse reagido com aquela surpreendente rapidez, o punho cerrado de Kate tê-lo-ia atingido em cheio no rosto. Ela, que nunca em toda a sua vida sentira necessidade de recorrer à força, ficou abismada com a sua própria reacção. De repente, foi invadida por um incontrolável desejo de fugir dali.

      – Deixa-me ir embora! – implorou e deu-lhe um pontapé na perna, com os olhos repletos de lágrimas e a respiração entrecortada pela raiva.

      – Agora é que estás a mostrar quem realmente és – declarou com desdém. – Tem calma, gatinha, as tuas fotografias indecentes não me interessam, podes ficar com elas…

      Kate sentiu-se tão pateticamente aliviada, que teve vontade de chorar. Embora trémula, esforçou-se por manter a dignidade e olhou propositadamente para os dedos morenos que lhe prendiam o pulso, procurando ignorar o tom de desprezo utilizado. Não se podia dar ao luxo de perder o controlo; era ele quem tinha as fotografias e, pelo bem de Susie, precisava de as conseguir, nem que tivesse de se humilhar.

      Mesmo consciente disso, era inegável que o que mais desejava era destruir aquele sorriso desprezível que ele tinha estampado no rosto, antes de lhe soltar a mão.

      – Quando me deres a informação de que preciso – concluiu, abanando a cabeça numa atitude de gozo e com um sorriso cínico, que acabou por se desvanecer.

      Kate sentiu-se impotente, sobretudo ao olhar para as fotografias, ainda fora do seu alcance. Rapidamente se apercebeu de que estavam a jogar ao gato e ao rato com ela e que nada podia fazer.

      – Não sei de nada – murmurou, aflita, enquanto esfregava o pulso dorido pela força bruta do homem.

      – Não te faças de inocente. É obvio que o conheces, a não ser que envies fotografias pornográficas a desconhecidos.

      Aquilo era um insulto e, sem o poder evitar, corou de vergonha.

      – Não são pornográficas… são de bom gosto – replicou, vacilante.

      – Sim, são uma obra de arte – o homem arrastou as palavras de um modo injurioso. – Que tipo de relacionamento é que tens com ele? É teu amante ou teu fornecedor?

      – Fornecedor?! – exclamou, abismada. Droga! Oh, santo Deus! Onde é que se tinha metido? Será que o Luís Gonzàlez tinha interferido no negócio daqueles bandidos? Estariam eles ali para lhe darem uma lição ou fazerem-lhe algo pior? – Deve haver aqui algum mal-entendido – gaguejou. – Não sei nada de drogas.

      – Claro que não!

      Os seus olhos encheram-se de lágrimas, e Kate pestanejou para tentar disfarçar. Se fosse capaz de chorar com a mesma facilidade que Susie, talvez conseguisse alguma coisa. Porém, algo lhe dizia que aquele homem não se comovia tão facilmente.

      – Porque é que não acreditas em mim? Por acaso, tenho aspecto de ser toxicodependente ou algo do género?

      – E qual é o aspecto dos toxicodependentes?

      «Se soubesse como os distinguir dos outros, a minha irmã não teria passado pela agonia de todos aqueles meses de reabilitação», pensou, angustiado.

      – Deves conhecer a resposta melhor do que eu. Afinal, essa especialidade é tua e não minha.

      O homem estava tenso. Não moveu nem um só músculo da cara, ainda que os seus olhos brilhassem de fúria.

      – Não compreendo as mulheres como tu. Porque é que o proteges? Um homem desse calibre, arrasta-te para o seu mundo sórdido e quando estiveres arruinada, abandona-te.

      Inesperadamente, agarrou-lhe no braço e arregaçou-lhe a manga da camisa. Entretanto, passou suavemente um dedo pelas veias do antebraço e do pulso esquerdo. Baixou a luz que o ajudante prontamente dirigiu sobre a zona, e examinou a pele lisa em busca de algum sinal que a denunciasse.

      O roçar da mão masculina sobre a sua pele incendiou o corpo de Kate, que só conseguiu respirar de novo quando ele a soltou.

      – Estás contente? – perguntou, baixando a manga com uma expressão íntegra e solene.

      – Nem por isso.

      – Deixa-me em paz! – replicou,


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