Terra em Fogo. Barbara Cartland

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Terra em Fogo - Barbara Cartland


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      TERRA EM FOGO

      Barbara Cartland

      Barbara Cartland Ebooks Ltd

      Esta Edição © 2020

      Título Original: “The Naked Battle”

      Direitos Reservados - Cartland Promotions 2020

      Capa & Design Gráfico M-Y Books

       m-ybooks.co.uk

       NOTA DA AUTORA

      O homem, vivendo atarefado na era da mecanização, perdeu de vista a fé que sempre orientou os povos primitivos.

      Quem viveu entre os nativos, na África, Índia ou em outras partes isoladas do mundo, compreendeu que esses nativos conseguem realizar verdadeiros milagres porque acreditam no poder da mente e em seus deuses.

      Mas nem mesmo um feiticeiro, na África, pode evitar que uma pessoa morra se essa pessoa já pôs em sua mente que morrerá. Os vodus da América do Sul podem ensinar muitas coisas extraordinárias àqueles que se dispuserem a ouvi-los.

      Os soldados que serviram na Índia no tempo do domínio inglês foram testemunhas de que muitos indianos tinham o poder de saber que um parente havia morrido, estando a centenas de quilômetros de distância.

      O que esses povos usam é seu instinto, ou o que os egípcios chamam de «terceiro olho». Muito do que chamamos de «clarividência» é apenas o instinto que todos nós temos e que, se desenvolvido e usado corretamente, pode nos servir de inspiração e proteção.

       CAPÍTULO I 1822

      Lucilla olhou para os morros que cercavam Quito e vislumbrou, por entre as nuvens, os picos brancos dos Andes.

      Não era de admirar que Quito fosse considerada a Cidade Encantada do Equador, pois a cada momento parecia mais bela.

      Lucilla, a irmã e o pai tinham vindo da Inglaterra para a baía de Guayaquil. Ali chegando, souberam, consternados, que os espanhóis tinham sido derrotados numa batalha.

      O pai de Lucilla, Sir John Cunningham, mal podia acreditar. Viera da Inglaterra num navio cheio de mosquetes e de outras armas, para vendê-los aos espanhóis, e agora parecia que sua viagem tinha sido inútil.

      Mas, otimista, achou que os boatos talvez fossem falsos ou exagerados, e resolveu seguir para Quito, com as filhas.

      Lucilla não ficou impressionada com Guayaquil, embora soubesse que a grande baía de sessenta e quatro quilômetros de comprimento e três vezes este tamanho de largura era não apenas uma das maiores da América do Sul, como tinha sido palco de grandes acontecimentos históricos.

      Só o que viu foram casas de bambu sobre estacas, construídas em terreno pantanoso. Três séculos de devastações feitas por piratas e cupins tinham transformado o porto um lugar feio, insalubre e perigoso.

      O pai só se interessava pelos navios ali ancorados, alguns construídos em Guayaquil, que levavam cacau, algodão e borracha para outras partes do mundo, dando ao Equador a fama de ser um centro de comércio.

      Enquanto esperavam as carruagens, fizeram uma refeição pouco apetitosa numa estalagem esquálida, sujá e sem conforto.

      Mas Lucilla nada criticou, feliz por ter chegado à América do Sul e não ter sido deixada em casa.

      Sua irmã Catherine, entretanto, tinha muito que dizer, demonstrando seu aborrecimento, como sempre acontecia quando não conseguia o que desejava. Lucilla passou a primeira parte da viagem tentando acalmá-la.

      Estava disposta a fazer qualquer coisa por Catherine, sabendo que era exclusivamente por causa da irmã que tinha vindo nessa viagem, que, Lucilla estava certa, terminaria num El Dorado.

      Em todas as transações anteriores com os espanhóis, Sir Cunningham viajara sozinho. Mas naquele ano ficara aborrecido porque ele e Catherine não receberam o convite que esperavam, para um baile dado pelo Rei, em Devonshire House.

      —Droga!— exclamou ele, quando percebeu que não seriam convidados—, este país está em decadência! E não é de admirar, já que o monarca vive endividado e passa o tempo flertando com velhotas gordas, em vez de cuidar dos negócios de Estado!

      As duas irmãs acharam melhor nada dizer. O pai continuou:

      — Só o que posso fazer é dar graças a Deus por voltar à América do Sul! Os espanhóis sabem como tratar um cavalheiro como eu. Na última vez que estive em Lima, o Vice-Rei me conferiu privilégios especiais, que muito apreciei.

      Seus olhos pousaram na filha mais velha. Não havia dúvida de que Catherine era realmente bela. Tinha a típica beleza inglesa: cabelos dourados, olhos de um azul vivo, tez rosada. Uma verdadeira flor desabrochando.

      De repente, Sir John deu um murro na mesa e berrou:

      —Não vou ficar aqui e ser tratado com pouco-caso por pessoas que se julgam superiores a nós! Vou levá-la para Lima, Catherine. Você vai causar sensação, lá, e os espanhóis lhe mostrarão como os verdadeiros cavalheiros se comportam com as mulheres que admiram.

      —Para Lima, papai?— perguntou a moça, surpresa.

      —Ouviu o que eu disse. Esteja pronta para partir daqui a uma semana. Leve suas melhores roupas. Se pensa que as senhoras de Lima não se vestem de acordo com á moda, está muito enganada!

      Lucilla, que era muito perspicaz, notou, pelo tom de voz do pai, que as mulheres de Lima eram muito do seu agrado. Sempre soubera que, desde a morte da esposa, Sir John tinha ficado mulherengo.

      Desse momento em diante, houve um verdadeiro caos. Catherine começou a encomendar vestidos, chapéus, capas, sapatos, luvas sombrinhas e inúmeras outras coisas que somente Lucilla poderia encontrar para ela.

      Lucilla não teve tempo para pensar em si própria. Mesmo que tivesse, aceitaria o inevitável, isto é, que ficaria em casa, com a prima Dorcas, que tinha vindo servir de dama de companhia para as duas irmãs, desde a morte da mãe. Dorcas estava meio entrevada devido à artrite, e isto a tomava uma pessoa de desagradável convivência.

      E então, surpreendentemente, quatro dias antes de partirem, tudo mudou.

      Como de costume, Catherine chegou atrasada para o desjejum, na sala de jantar, onde estavam o pai e a irmã mais moça. Com uma expressão furiosa, disse:

      —Hannah se recusa a me acompanhar!

      —Que quer dizer com... recusa?— perguntou Lucilla.

      —Você não é surda, é? Disse que está muito velha e, além do mais, tem medo do mar.

      — Mas Hannah sempre cuidou de você!— protestou, Lucilla. — Como é que vai poder treinar alguém, em tão pouco tempo?

      Sabia que isto era quase impossível, porque, apesar de sua riqueza, Sir John não era muito generoso, quando se tratava de pagar os empregados. Além disso, Catherine era uma patroa difícil e as criadas mais jovens tinham medo dela.

      — Vou falar com Hannah— disse Lucilla, levantando-se.

      —Não adianta! Supliquei, fiquei furiosa e cheguei mesmo a lhe oferecer mais dinheiro, mas Hannah é teimosa feito uma mula. A não ser que seja levada para bordo à força, ela não irá conosco.

      —Pois bem, há Rose— sugeriu Lucilla.

      —É uma tonta! E não sabe costurar. /

      —E Emily é moça demais— comentou Lucilla, como se falasse consigo mesma.

      —Talvez eu deva ir à agência para ver se há alguém disponível.

      —É melhor você ir conosco— sugeriu Catherine, emburrada—, quando se trata de costurar, você é melhor do que qualquer uma dessas idiotas, inclusive Hannah.

      Lucilla olhou-a, atônita. Mais admirada ainda ficou, .ao ouvir o pai dizer:

      —Talvez


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