A Noiva Americana. Barbara Cartland

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A Noiva Americana - Barbara Cartland


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para vê-lo, Seldon querido. Para falar a verdade, desembarquei ontem em Southampton.

      Ela caminhou pela sala e sentou-se num lindo sofá de brocado azul, observando Seldon intensamente.

      —Bem, qual é o veredicto?— perguntou ele, sorrindo.

      Lady Edith riu.

      —Você não é tão modesto, Seldon, para não saber que é bonito e atraente e que muitas beldades inglesas estariam doidas para caírem em suas graças!

      —Duvido.

      —O que você quer dizer com isso?

      —Quero dizer que um Duque sem dinheiro e cheio de dívidas não agrada a nenhuma beldade, por mais bonito que seja...

      —Imaginei que você ficaria dececionado com o que lhe aguardava aqui, na Inglaterra...— murmurou Edith, com um pouco de tristeza na voz.

      —Para dizer a verdade, Lionel e eu sabíamos que papai não administrava bem nossa fortuna, mas eu não podia imaginar que a situação fosse assim, tão... catastrófica!

      Edith concordou com a cabeça.

      —Eu gostava de seu pai. Foi um dos homens mais fascinantes que já conheci em toda minha vida, mas, infelizmente, nunca desistia de nada que desejasse, por mais caro que fosse.

      —Fico feliz em saber que você gostava de papai. O problema é que, agora, terei que pagar as contas dele pelo resto da vida; e se eu não começar imediatamente a trabalhar, em breve passarei fome!

      Sua voz era amarga e Edith murmurou:

      —Sinto muito, Seldon querido.

      —Eu também. E sei que você e todos os nossos parentes também sentirão muito quando eu fechar o castelo e esta mansão, mas não vejo outra alternativa.

      —Será muito triste para todos nós.

      —Fossilwaithe acabou de sair, e deixou bem claro que a quantia em dinheiro que meu pai deve aos credores daria para subvencionar o Exército Britânico por uns dez anos mais!

      Sem esperar qualquer comentário de Edith, ele voltou-se para a bandeja de bebidas e perguntou:

      —O que você bebe, Edith?

      —Um cálice de xerez, por favor.

      Enquanto ela bebia, Seldon chegou à conclusão de que era ótimo ela ser a primeira a saber das más notícias. Entre todos os seus parentes, Edith era a mais inteligente e a que possuía mais juízo e bom senso.

      A história dela era muito triste. Aos dezoito anos, conhecera um homem muito mais velho do que ela, extremamente rico e bonito. Os dois se apaixonaram quase de imediato e decidiram se casar, o mais breve possível. Mas, como era muito comum na época, os pais de Edith exigiram que o casal noivasse por seis meses, antes do casamento.

      O noivo de Edith já havia passado vários anos viajando pelo mundo, tanto a passeio quanto a serviço da Inglaterra, junto ao governo de outros países. Logo após a festa de noivado, ele foi convocado para resolver um grave problema entre o governo britânico e o Sultão do Marrocos.

      Ele não pudera recusar a convocação, mas prometera a Edith que faria tudo para estar de volta pelo menos dois meses antes do casamento.

      O tempo passara e, na época em que deveria estar de volta, ele não havia aparecido.

      Um mês depois, ela implorara ao pai que se informasse na Embaixada sobre o seu paradeiro.

      Foi então que soubera que o homem tinha simplesmente desaparecido!

      O governo inglês tomara todas as providencias possíveis para encontrar seu ilustre súdito. Muitos meses depois, ficaram sabendo que ele tinha sido visto junto a uma tribo hostil ao Sultão. Na certa, era prisioneiro.

      Tanto a Inglaterra quanto o governo marroquino fizeram o máximo para localizar a tal tribo inimiga, mas todos os esforços foram em vão. Finalmente, após muitas procuras, as buscas cessaram. Só Edith continuou esperando...

      Dez anos depois, uma expedição inglesa encontrara a tribo que havia raptado o noivo de Edith. Ficaram sabendo, então, que ele havia morrido e foi só com esta notícia que Edith parou de esperá-lo.

      Depois disso, ela voltara a ter uma vida normal, mas nunca se casara. Havia viajado para todos os lugares possíveis, primeiro com seus pais, depois com uma dama de companhia.

      Edith tinha trinta e cinco anos quando publicara seu primeiro livro: Viagens ao Oriente; no ano seguinte, lançou o Viagens ao Ocidente.

      Sob o reinado da Rainha Vitória, todos apreciavam livros de viagem, e ela tornara-se uma celebridade.

      Sua vida independente fora alvo de muitas críticas, pois todos acreditavam que nenhuma mulher pudesse viver sem a proteção de um homem, e que era papel de uma jovem ficar em casa cuidando dos filhos, ou então dedicando-se à caridade, caso fosse solteira.

      Mas Edith ria daquelas críticas. Era uma mulher experiente e sensata e Seldon sabia que só ela poderia ajudá-lo a tratar o assunto de sua quase pobreza com o restante da família.

      —A situação é essa, prima, e eu não sei o que fazer.

      —Eu teria uma solução para o seu problema, se estivesse disposto a me ouvir.

      —Mas é claro! Estou disposto a ouvir qualquer coisa que você tenha a me dizer— replicou Seldon, com a ligeira impressão de que a sugestão de Edith não deveria ser muito plausível.

      Ela colocou o cálice sobre uma mesinha de mármore italiano, ao lado do sofá.

      —É muito simples, Seldon: você tem que dar o golpe do baú!

      Ele nunca esperara ouvir aquilo de sua prima. Olhou para Edith completamente surpreso. Ela voltou a falar:

      —Acabei de chegar dos Estados Unidos e Nova York está cheia de mulheres ambiciosas querendo casar suas filhas com aristocratas ingleses.

      —Você não pode estar falando sério, minha cara!

      —Mas é claro que sim, Seldon!— replicou Edith rindo—, desde que Jenny Jerome casou-se com Lorde Randolph Churchill, em 1874, a ambição matrimonial das grandes anfitriãs da Quinta Avenida é ver suas filhinhas usando um título de nobreza.

      —Se o que você está falando é verdade, fique sabendo que não gosto nada da ideia. Ela me deixa doente!

      —Tinha certeza de que você me diria isso. Você viveu muito tempo fora do país e nem faz ideia do grande número de ingleses que não estão se importando muito em trocar seus títulos de nobreza por alguns milhões de dólares!

      —Mal posso acreditar no que está me dizendo— murmurou ele—, e é bom ficar sabendo, desde já, que a resposta para qualquer sugestão dessa natureza será «não».

      Edith pegou o cálice, bebeu mais um gole e falou com calma:

      —Tudo bem, Seldon, e eu o admiro muito por sua atitude. Mas, depois de tudo o que me disse, e que eu já sabia, gostaria de lhe fazer algumas perguntinhas, se você me permitir.

      —E quais são?

      —Sua tia-avó me escreveu uma carta, que recebi pouco antes de deixar Nova York, contando-me que, desde a morte de seu pai, não tem recebido a pensão.

      Edith esperou Seldon dizer alguma coisa, mas, como ele permaneceu em silêncio, continuou:

      —Seu pai costumava lhe dar setecentas e cinquenta libras por ano, e essa soma era tudo o que a pobre velhinha tinha para se manter. Ela vive com dois velhos e fiéis criados, numa casa de fazenda que aliás, está em péssimas condições; e como já tem mais de oitenta anos, duvido muito que consiga sobreviver sem essa pensão.

      Seldon continuava calado e Edith continuou:

      —E há mais um número enorme de velhinhos que sempre foram sustentados por seu


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