O playboy implacável. Miranda Lee

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O playboy implacável - Miranda Lee


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conteve um suspiro. Tinha umas maneiras perfeitas. Parte dos seus recursos para seduzir seria fazer-se de cavalheiro com as mulheres. Afastaria as cadeiras da mesa, abriria as portas dos táxis… e usaria sempre preservativo.

      Conseguiu, por pouco, não ficar boquiaberta. Podia saber-se porque lhe acontecera aquilo? Efetivamente, Jeremy Barker-Whittle parecia-lhe atraente, como a todas as mulheres, porque era impressionante, mas o facto de lhe parecer atraente não tinha nada a ver com querer ir para a cama com ele. No entanto, quando olhou para aqueles olhos azuis lindos e para aquela boca tão sensual, não pôde evitar questionar-se como seria ir para a cama com ele. Tinha de ser bom se a irmã de Fiona não parara de o elogiar. Conhecera a irmã de Fiona, uma verdadeira foliona que, segundo Fiona, fora para a cama com todos. De acordo com isso, também teria ido para a cama com Jeremy.

      – O gato comeu-te a língua? – perguntou ele, com ironia.

      Alice pestanejou, engoliu em seco e esboçou um sorriso forçado.

      – Lamento muito, mas pensei em algo terrível e distraí-me.

      – Alguma coisa que deva saber?

      – Não. Estive um pouco obcecada com a posição dos convidados para o jantar e pensava que tinha cometido um erro numa das mesas. Mesmo assim, pode corrigir-se. O que queria dizer com «proceder» era se queres que se leiloem todos os lotes depois do jantar ou se preferes que se leiloem alguns entre os pratos.

      – Claramente, é melhor leiloar entre os pratos. Isso vai manter o interesse dos convidados e evitar que se aborreçam.

      – Estou de acordo. Segue-me.

      Jeremy seguiu-a e desfrutou muito mais da visão do seu rabo do que da sua atitude. A sua voz e o seu olhar eram frios, mas ainda faltava muito para que pudesse conversar com ela e satisfazer a sua curiosidade.

      Alice levou-o por um bosque de mesas circulares com toalhas de linho branco, faqueiro de prata, copos de cristal e uns cartões lindos com os nomes dos convidados.

      – Parece tudo fantástico – comentou ele.

      – Sim, é verdade – concordou, gélida.

      Jeremy franziu o sobrolho e interrogou-se o que incomodaria a linda menina Waterhouse. Não podia comportar-se assim com todos os homens que conhecia. Era algo contra ele ou era outra coisa? Talvez tivesse discutido com alguém. Podia ser um namorado ausente…

      – Organizaste tudo?

      – Quase tudo – respondeu ela, laconicamente. – Naturalmente, o pessoal do hotel ajudou-me muito.

      Chegaram ao palco, que era ao fundo da sala de baile e que podia usar-se para diferentes eventos: Concertos, entregas de prémios, apresentações… Naquela noite, tinha um atril com um microfone e uma mesa muito comprida por trás com uma variedade de objetos e um computador portátil aberto num extremo. Aquele seria o lugar de Alice, que lhe daria os objetos e iria anotando os números dos vencedores.

      Jeremy olhou para o atril e pensou que não era o melhor lugar para um homem nervoso. Ele, felizmente, não o era, mas interrogou-se como Jacobs teria aguentado. Embora também não o conhecesse muito bem. Que ele soubesse, Kenneth podia ser, no fundo, um exibicionista. Ser preguiçoso não significava que fosse tímido.

      Havia três lances de degraus para chegar ao palco. Alice parou a meio e, finalmente, virou-se para olhar para ele. Estava corada, mas os olhos continuavam a ser gélidos.

      – Deixei a lista dos lotes no atril. Podes dar-lhe uma olhadela enquanto vou verificar os lugares.

      – Está bem.

      Observou-a enquanto abria caminho entre as mesas. Não parou até chegar à que era mais perto da porta. Ele encolheu os ombros e foi para o palco.

      A lista era comprida e variada. Havia lembranças de eventos desportivos e de espetáculos, jantares para dois em restaurantes exclusivos, um fim de semana familiar numa casa de hóspedes de Weymouth, umas férias breves para dois em Espanha, bilhetes preferenciais para um concerto de rock, voos de ida e volta para diferentes capitais da Europa, um retrato a óleo da duquesa de Cambridge pintado por um artista emergente de Londres e, por último, embora não o menos importante, o privilégio de Kenneth Jacobs usar o nome de duas pessoas no seu próximo romance.

      Jeremy não demorou a ler a lista e voltou a deixá-la no atril, antes de pegar no maço de madeira, observá-lo e experimentá-lo, fazendo com que ecoasse na sala vazia. Os empregados levantaram a cabeça, mas Alice não. Já não estava na mesa próxima da porta. Questionou-se se não teria sido uma desculpa para não estar mais com ele do que o estritamente necessário. Cerrou os dentes enquanto saía do palco e se dirigia para a saída. Na verdade, começava a sentir-se incomodado e perturbado. Porque não gostava dele? As mulheres gostavam sempre dele e nunca o tratavam com essa displicência.

      Depressa percebeu que Alice também não estava na zona das bebidas. Já tinham começado a chegar pessoas, mas a sala não estava cheia e um cabelo loiro como o dela destacava-se em qualquer lugar.

      – Jeremy Barker-Whittle! – exclamou um homem, atrás dele. – É uma alegria ver-te aqui.

      Jeremy virou-se, contrariado. George Peterson fora seu cliente quando era assessor de investimentos. Era dono de vários estacionamentos e confiara nele para que transformasse as suas economias consideráveis numa carteira de valores que lhe permitisse reformar-se antecipadamente. Felizmente, conseguira agradá-lo. George tinha cinquenta e muitos anos, como a esposa, e gostava que não tivesse trocado a esposa por uma modelo, como muitos homens que tinham começado do zero faziam.

      – No outro dia, estive a falar com a Mandy sobre ti, não foi, querida? – George sorriu de orelha a orelha. – No mês passado, estive muito nervoso porque vendi todas as minhas ações e participações e pus o dinheiro no banco.

      – Fizeste bem, George, está tudo muito volátil, mas o dinheiro não vai crescer no banco. Talvez devesses pensar comprar alguma propriedade.

      – Vês? O que te disse, querida? O Jeremy sabe sempre o que está a acontecer. O que fazes agora, rapaz? Já tens uma namorada como é devido ou continuas a andar de flor em flor?

      Foi um acaso que Alice aparecesse naquele momento com uma taça de champanhe na mão direita, sorrindo e falando enquanto percorria a sala. Os seus olhares encontraram-se e Jeremy sorriu. George virou o rosto corado para ver quem estava a sorrir.

      – Muito bonita – comentou George. – É a tua acompanhante para esta noite?

      – Não – reconheceu Jeremy. – É a mulher que organizou tudo isto. Chama-se Alice Waterhouse. Alice! – chamou-a. – Vem conhecer uns amigos muito bons.

      Jeremy sorriu porque ela já não conseguiria evitá-lo.

      – Conheço a Alice – interveio Mandy. – Falei com ela ao telefone quando recebi a primeira mensagem por causa deste evento. Quando lhe contei como gostava dos livros do Kenneth Jacobs, disse-me que me poria na mesa dele.

      Alice esboçou um sorriso forçado e foi conhecer os amigos de Jeremy. Jeremy apresentou-lhos e ela lembrou-se depressa da sua conversa com Mandy.

      – Lamento imenso, mas o senhor Jacobs não vai poder vir esta noite. Tem uma constipação horrível.

      Alice alegrou-se por poder falar com alguém que não fosse o fastidioso Jeremy, que continuava a sorrir com aquele ar petulante, como se houvesse uma relação secreta entre os dois.

      – No entanto – continuou ela –, vamos continuar com o leilão do seu prémio. O editor dele aceitou, muito amavelmente, fazer as honras como leiloeiro.

      Alice esboçou um sorriso açucarado que não se refletiu nos seus olhos.

      – O quê? – George esbugalhou os olhos. – Está a falar de ti, Jeremy?

      – Efetivamente.

      – Desde quando és editor?

      –


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