Alquimistas E Incendiárias. Katherine McIntyre

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Alquimistas E Incendiárias - Katherine McIntyre


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que ela o ouvisse com clareza.

      Suor formigava a testa dela. A qualquer segundo, ele poderia contornar o balcão e localizá-la, e ela estaria encurralada. Não havia para onde fugir.

      O dono da loja pegou uma sacola de ervas esverdeadas secas e continuou a despejá-las na balança.

      — Não vejo ninguém há algum tempo. Estou apenas trabalhando em um novo produto. Ela passou mais cedo?

      — Nós a vimos correr para este lado. — Leonard rosnou. — Sem histórias para boi dormir. Se a está escondendo, ganhará a ira da gangue de Jack Blair, e ele não é um inimigo que queira fazer.

      O coração de Belle batia tão forte que ela não conseguia ouvir mais nada. O ruído dos sapatos de Leonard fez soar um alarme interno nela. Ela cerrou os dentes e desarrolhou a garrafa de vidro antes de derramá-la. Ela se encolheu, esperando que o líquido espirrasse no chão, mas em vez disso, uma névoa escura se espalhou diante dela, obscurecendo até mesmo os próprios membros para a vista dela. O miasma agarrou-se à pequena área onde ela se escondia, como sombras trazidas à vida.

      — Não sei o que dizer, senhor. — respondeu o lojista, sem se mover um centímetro. — Se acontecer de eu ver alguma fugitiva, a enviarei para você.

      — Então, não se importará se eu olhar atrás do seu balcão? — Leonard perguntou.

      Com base no barulho das botas dele, ele estava avançando. Belle agarrou os joelhos com mais força, sem fazer nenhum som.

      — Fique à vontade. — o vendedor continuou, o tom suave e uniforme.

      Ela controlou a respiração até que saísse mais silenciosa do que um sussurro. Nuvens negras ainda se agarravam a ela como uma teia, provocando uma leve cócega contra a pele.

      Os passos pesados de Leonard soaram e, um segundo depois, ele apareceu atrás do balcão. O homem era tão feio quanto as monstruosidades aramadas de saias que desfilavam pela parte chique da cidade, os traços grandes demais para o rosto. Ele carregava consigo o fedor de cerveja rançosa e suor pegajoso, que inundou as narinas dela imediatamente.

      Belle congelou no lugar.

      O miasma preto era um truque barato, e o menor movimento ou som poderia alertá-lo. O ex-colega de gangue estava a centímetros dela e vasculhava ao redor.

      — Está bem satisfeito? — o lojista perguntou com o mesmo tom entediado de antes. — Ou precisa verificar as gavetas também?

      Leonard soltou um grunhido ao se agachar a trinta centímetros dela.

      Ela fechou os olhos, incapaz de tolerar a chance de os olhares deles se encontrarem. Ela podia sentir a pressão do olhar dele ao examinar a área.

      — Cuidado com o tom. — respondeu Leonard, antes de se levantar. — Uma só desavença com Jack Blair, e se verá sem esta lojinha bonita, isso se tiver sorte.

      — Minhas desculpas, senhor. Não quis ofender. — continuou o vendedor com surpreendente firmeza. — Apenas não tenho como ajudá-lo em sua busca aqui.

      Leonard soltou um suspiro pesado.

      — Tudo bem, homens. — disse ele, os passos pesados batendo na direção da porta. — Vamos procurá-la na próxima loja.

      Um farfalhar soou, seguido pelo barulho da saída deles. Belle prendeu a respiração até que a porta rangeu e fechou com um baque.

      O ar escapava dos lábios em um fluxo constante, mas ela não ousou se mexer. A qualquer momento, Leonard poderia irromper de volta e localizá-la aqui, e ela não poderia se dar ao luxo de ser pega. Ela declarou a própria liberdade uma semana atrás, e desde então, mal teve um momento para si. Viu-se correndo por becos, evitando prédios abandonados, se escondendo em esgotos, qualquer coisa para escapar da gangue de Blair. Sua melhor oportunidade seria sair da cidade de barco, mas exigia uma grana que ela não possuía.

      O vendedor não tentou falar com ela. Em vez disso, ele mexeu na bolsa e continuou o trabalho na balança, colocando mais algumas garrafas de vidro no balcão. O silêncio se espalhou, tornando o ar mais espesso a cada minuto que passava.

      Belle deslizou os pés primeiro, estabelecendo as solas no chão. Ela pensou que o miasma poderia segui-la, mas a nuvem negra permaneceu no espaço onde ela o derramou. Ela se empurrou para fora do cubículo em que se amontoou. Belle se levantou e passou os braços acima da cabeça para esticar os músculos tensos. O vendedor ainda não olhara na direção dela.

      Belle pigarreou. Enquanto crescia a tentação de fugir daquele lugar, ela devia ao menos expressar gratidão ao homem. Poucos teriam feito o que ele fez, oferecer refúgio e permanecer inabalável frente aos homens de Blair.

      — Obrigada.

      Ele se virou para ela e ofereceu a mão.

      — Nate Whitfield. Prazer em conhecê-la.

      Belle lutou com o sorriso que ameaçou surgir quando ela aceitou a mão e a apertou. A palma do homem era quente, os dedos delicados. Ela não notara como era atraente ao primeiro vislumbre, mas os cabelos escuros e espessos, o nariz inteligente e os olhos castanho-escuros que não podiam ser classificados como nada além de doces a fizeram o encarar. Era óbvio que ele não era daqui.

      — Isobel Griffiths, embora possa me chamar de Belle. — ela respondeu, oferecendo um sorriso genuíno. — Lidou bem com os homens de Blair.

      Nate deu de ombros, o cansaço pesando nos ombros.

      — Minha loja já foi saqueada duas vezes desde que a abri há um mês. Se acontecer de novo, ficarei tentado a fechar e vagar para outro lugar.

      — Gostaria de dizer que somos melhores do que isso, mas bem-vindo a Islington. — ela se encostou no balcão, os braços cruzados. — O que havia na garrafa que me entregou?

      Ele franziu os lábios, antes de olhar para ela.

      — Uma poção alquímica para se embrenhar em sombras. Não percebeu em que loja entrou?

      Belle soltou um assobio baixo, girando uma mecha do rabo de cavalo.

      — Um alquimista? Não temos muitos desses por aqui, e não, não estava prestando atenção, assim que os notei por perto, eu precisava desaparecer e rápido.

      — Problemas com gangue? — ele perguntou, embora o olhar dele tenha vagado para o balcão.

      Belle puxou o rabo de cavalo.

      Deus, ela precisava aprender a ter um pouco de discrição se quisesse sobreviver. Hoje não era este dia.

      — Digamos que ao tentar abandonar essa vida não se encontra muitos apoiadores.

      Ele não respondeu, mas quando o olhar dele a percorreu, uma consciência despertou a pele dela para a vida com uma eletricidade que ela havia a muito descartado.

      Belle mordeu o lábio e inclinou a cabeça em um aceno.

      — Olha, posso ver que é um homem ocupado e peço desculpas por desperdiçar tanto do seu tempo. E sua poção. Se acontecer de estar por perto amanhã à noite, ficarei feliz em pagar uma bebida para você no Águia de Ferro, ou posso desaparecer nesse entardecer, e você pode esquecer que sequer entrei em sua loja.

      Ela começou a caminhar para a porta, a mão pousou na maçaneta de metal frio.

      — Uma pergunta. — Nate perguntou por trás.

      Belle se virou para ele.

      — Qual era o seu papel na gangue?

      Não havia julgamento algum na voz dele, apenas curiosidade genuína.

      Um sorriso agridoce puxou os lábios dela.

      — Incendiária.

      Com isso, ela abriu a porta e saiu para as ruas de Islington.

      Capítulo Três

      Nate


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