Rastro de um Assassino . Блейк Пирс

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Rastro de um Assassino  - Блейк Пирс


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estava impressionada. A garota tinha confiança e olhos negros penetrantes que sugeriam uma inteligência afiada. Ela também parecia saber se cuidar. Com cerca de 1,73 m de altura, tinha uma estrutura atlética, vigorosa, que sugeria que confrontá-la não seria uma atitude muito perspicaz.

      "Bom. Como posso ajudá-la?" Keri perguntou, tentando não parecer muito intimidante. Não havia muitas policiais mulheres na Pacific Division e Keri não queria espantar nenhuma delas.

      "Fiquei responsável por atender as ligações de denúncias anônimas para a delegacia nas últimas semanas. Como pode suspeitar, muitas delas eram relacionadas a seu confronto com Alan Pachanga e com a declaração que você fez depois, sobre tentar encontrar sua filha".

      Keri assentiu, lembrando. Depois dela resgatar Ashley, o departamento realizou uma grande coletiva de imprensa para celebrar o final feliz.

      Ainda de cadeira de rodas, Keri elogiou Ashley e sua família antes de aproveitar a coletiva para mencionar Evie. Ela levantou a foto da filha e implorou ao público para oferecer qualquer informação que pudesse ajudar em sua busca. Seu supervisor imediato, o tenente Cole Hillman, ficou muito irritado ao vê-la usar uma vitória do departamento como ferramenta em sua cruzada pessoal, tanto que Keri pensou que ele a teria demitido na hora se pudesse. Mas como demitir uma heroína que resgatou uma adolescente, ainda por cima, de cadeira de rodas?

      Quando estava no hospital, internada, Keri ouviu boatos de que ele teria ficado incomodado quando o departamento começou a ser inundado com centenas de ligações diariamente.

      "Sinto muito por você ter sido obrigada a encarar essa tarefa", Keri disse. "Acho que eu só queria aproveitar ao máximo a oportunidade e não pensei em quem teria que lidar com o resultado. Imagino que todas as ligações eram pistas falsas?"

      Jamie Castillo hesitou, como se ponderasse se estava tomando a decisão certa. Keri podia ver as engrenagens do cérebro da mulher mais jovem trabalhando. Ela assistiu enquanto Castillo calculava a atitude certa e não pôde deixar de gostar dela. Sentia que estava observando uma versão mais nova de si mesma.

      "Bem", a jovem policial finalmente disse, "a maioria foram facilmente ignoradas, por serem de pessoas instáveis ou, simplesmente, brincadeiras de mau gosto. Mas recebemos uma ligação esta manhã, que era, de alguma forma, diferente. Era tão simples e direta que me fez levá-la mais a sério".

      Quase imediatamente, a boca de Keri ficou seca e ela sentiu seu coração começar a bater forte.

      Mantenha a calma. Provavelmente, não é nada. Não exagere.

      "Posso ouvi-la?" ela perguntou, com mais calma do que pensou ser possível.

      "Já a encaminhei para você", Castillo disse.

      Keri olhou para seu celular e viu a luz piscando, indicando que tinha uma mensagem de voz. Tentando não parecer desesperada, tirou o telefone do gancho devagar e ouviu.

      A voz na mensagem era rouca, quase metálica, e difícil de entender, ainda mais pelo barulho de batidas ao fundo.

      "Vi você na TV falando sobre sua menina", dizia. "Quero ajudar. Há um armazém abandonado em Palms, do outro lado da estação geradora de energia Piedmont. Dê uma olhada".

      Era apenas isso, uma grave voz masculina oferecendo uma pista vaga. Então, por que as pontas dos dedos dela estavam latejando de adrenalina? Por que ela estava com dificuldade para engolir? Por que seus pensamentos subitamente dispararam em possíveis imagens de como Evie poderia estar agora?

      Talvez fosse porque a ligação não tinha nenhum dos indícios de ligações enganosas comuns. Não tentava chamar a atenção, o que claramente foi o que chamou a atenção de Castillo. E esse mesmo elemento — sua simplicidade — era a qualidade que agora fazia gotas de suor descerem pelas costas de Keri.

      Castillo observava-a ansiosa.

      "Você acha que é legítima?" ela perguntou.

      "É difícil dizer", Keri respondeu calmamente, apesar dos batimentos cardíacos acelerados, entquanto ela pesquisava a estação elétrica no Google Maps. "Vamos checar a origem da ligação mais tarde e pedir a um especialista em tecnologia para examinar a mensagem e ver o que mais pode ser resgatado a partir da voz e barulho ao fundo. Mas duvido que possam descobrir muita coisa. Quem fez essa ligação foi cuidadoso".

      "Foi o que pensei também", Castillo concordou. "Não deu nenhum nome, tentativa clara de mascarar a voz, barulho de distração ao fundo. Apenas parecia... diferente das outras".

      Keri estava ouvindo apenas parcialmente enquanto olhava para o mapa em sua tela. A estação geradora se localizava na National Boulevard, que ficava ao sul da rodovia 10. Pelas imagens do satélite, ela verificou que havia um armazém do outro lado da rua. Se estava abandonado, não dava para saber.

      Mas já vou descobrir.

      Ela olhou para Castillo e sentiu uma onda de gratidão... e também algo que não sentia há muito tempo por um colega policial: admiração. Keri tinha um bom pressentimento sobre ela, e estava feliz por tê-la por perto.

      "Bom trabalho, Castillo", ela disse para a jovem policial, que também estava olhando para a tela. "Tão bom que acho que é melhor eu ir conferir".

      "Você precisa de companhia?" Castillo perguntou com expectativa, enquanto Keri se levantava e juntava suas coisas para ir até o armazém.

      Mas antes que pudesse responder, Hillman colocou a cabeça para fora de seu escritório e gritou por todo o salão da delegacia até ela.

      "Locke, preciso que você venha ao meu escritório agora". Ele a encarou. "Temos um novo caso".

      CAPÍTULO DOIS

      Keri ficou imóvel, congelada no mesmo lugar. Uma onda de emoções conflitantes a consumia por dentro. Tecnicamente, isso era uma boa notícia. Parecia que ela estava sendo posta novamente em campo um dia mais cedo, sinal de que Hillman, apesar das diferenças entre eles, sentia que ela estava pronta para retomar suas responsabilidades normais. Mas, naquele momento, parte dela só queria ignorá-lo e ir direto para o armazém.

      "Ainda hoje, por favor", Hillman gritou, arrancando-a de sua indecisão momentânea.

      "Estou indo, senhor", ela disse. Então, voltando-se para Castillo com um pequeno meio sorriso, ela acrescentou, "A saga continuará em breve".

      Quando entrou no escritório, Keri notou que o cenho geralmente franzido de Hillman tinha mais vincos que o normal. Ela nunca sabia se ele não notava ou apenas não dava a mínima. O tenente estava usando um blazer, mas sua gravata estava frouxa e sua camisa mal ajustada não podia esconder uma barriga levemente protuberante.

      Sentado na velha e surrada namoradeira contra a parede mais distante, estava o detetive Frank Brody. Brody tinha 59 anos e estava a menos de seis meses de se aposentar. Tudo em sua postura refletia isso. De sua polidez pouco convincente até sua camisa social amarrotada, manchada de ketchup, quase perdendo os botões por causa de sua formidável pança, cujos pneuzinhos pareciam querer vazar pela costuras, sempre na iminência de se romper a qualquer momento.

      Keri nunca achou que Brody era um dos detetives mais dedicados e comprometidos, e recentemente ele parecia mais interessado em seu precioso Cadillac do que em resolver casos. Ele trabalhava no departamento de Roubos e Homicídios, mas havia sido transferido para Desaparecidos com o desfalque na unidade, por causa das lesões de Keri e de Ray.

      A transferência o havia colocado num estado de mau humor permanente, apenas reforçado pelo desgosto que ele sentia por ter que trabalhar com uma mulher. Tratava-se realmente de um homem de outra geração. Ela até já tinha ouvido por alto ele dizer, "Prefiro trabalhar com um merdinha do que com uma fadinha". O sentimento, apesar de ser, talvez, expresso com palavas um pouco diferentes, era mútuo.

      Hillman fez sinal para Keri se sentar na cadeira dobrável de metal em frente à sua mesa, então, tirou o telefone do mudo e falou.

      Dr. Burlingame,


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