A Carícia da Morte . Блейк Пирс

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A Carícia da Morte  - Блейк Пирс


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me esquecia que estava ligada, Hallie,” Disse Cody com uma ligeira risada.

      Ela teve uma sensação agridoce. Ela gostava daquele nome – Hallie. Era o nome que utilizava quando trabalhava ali no Centro de Reabilitação Signet como terapeuta freelance.

      Era uma pena que Hallie Stillians desaparecesse no dia seguinte sem deixar rasto.

      De qualquer das formas, era assim que as coisas se processavam.

      E para além disso, tinha outros nomes de que também gostava.

      Hallie retirou a máquina da cama e colocou-a no chão. Endireitou cuidadosamente a perna de Cody e endireitou os cobertores.

      Por fim, acariciou o cabelo de Cody – um gesto íntimo que a maior parte dos terapeutas evitavam. Mas ela assumia aqueles pequenos gestos com frequência e nunca nenhum paciente se queixara. Ela sabia que projetava um certo calor e empatia – e acima de tudo, total sinceridade. Vindo dela, um pequeno toque inocente era perfeitamente apropriado. Nunca ninguém o interpretara de forma incorreta.

      “Como está a dor?” Perguntou ela.

      Cody vinha tendo algum invulgar inchaço e inflamação depois da operação. Por isso ali ficara mais três dias e ainda não fora para casa. Esse também era o motivo por que Hallie ali estava a fazer a sua magia curativa especial. O pessoal ali no centro conhecia bem o trabalho de Hallie. Os funcionários gostavam dela e os pacientes gostavam dela, por isso era frequentemente convocada para situações como aquela.

      “A dor?” Perguntou Cody. “Quase me esqueci dela. A sua voz fê-la desaparecer.”

      Hallie sentiu-se lisonjeada, mas não surpreendida. Estivera a ler-lhe um livro enquanto a máquina estava a trabalhar – um thriller de espionagem. Ela sabia que a sua voz tinha um efeito calmante – quase anestésico. Não importava se estava a ler Dickens ou algum romance pulp ou o jornal. Os pacientes não necessitavam de muita medicação para a dor quando estavam sob os seus cuidados; Geralmente o som da sua voz era suficiente.

      “Então é verdade que posso ir para casa amanhã?” Perguntou Cody.

      Hallie hesitou um milésimo de segundo. Ela não podia ser inteiramente sincera. Não tinha a certeza como é que o seu paciente se sentiria no dia seguinte.

      “É o que me dizem,” Afirmou ela. “Como se sente ao saber isso?”

      O rosto de Cody foi atravessado por uma expressão de tristeza.

      “Não sei,” Disse ele. “Daqui a três semanas é a vez do outro joelho, mas já cá não vai estar para me ajudar.”

      Hallie segurou na sua mão carinhosamente. Ela tinha pena que ele se sentisse daquela forma. Desde que estava sob os seus cuidados, ela contara-lhe uma longa história sobre a sua suposta vida – uma história bastante entediante, pensava ela, mas ele parecia encantado com ela.

      Por fim, ela explicou-lhe que o seu marido Rupert estava prestes a reformar-se da sua carreira de contabilista. O seu filho mais novo, James, estava em Hollywood a tentar vingar como argumentista. O filho mais velho, Wendell, estava ali em Seattle a dar aulas de Linguística na Universidade. Agora que os filhos estavam crescidos e entregues a si, ela e Rupert iam mudar-se para uma adorável vila colonial no México onde planeavam passar o resto das suas vidas. Partiam no dia seguinte.

      Era uma bonita história, Pensou.

      E no entanto, nada tinha de verdadeira.

      Ela vivia sozinha.

      Completamente sozinha.

      “Ah, veja só, o seu chá ficou frio,” Disse ela. “Vou aquecê-lo.”

      Cody sorriu e disse, “Obrigado. E tome também algum. A chaleira está no balcão.”

      Hallie sorriu e disse, “Claro,” tal como sempre fazia quando repetiam aquela rotina. Levantou-se da cadeira, pegou na caneca de chá tépido de Cody e levou-a até ao balcão.

      Mas desta vez, pegou na sua mala que se encontrava atrás do micro-ondas, dela retirando um pequeno contentor plástico cujo conteúdo esvaziou no chá de Cody. Fê-lo rapidamente, furtivamente, um movimento que aperfeiçoara com a prática, de tal forma que tinha a certeza que ele não o tinha percecionado. Mesmo assim, o seu coração bateu com maior rapidez.

      Depois ela serviu-se de chá e colocou ambas as canecas no micro-ondas.

      Não me posso enganar, Lembrou-se a si própria. A caneca amarela é para o Cody, a azul para mim.

      Enquanto o micro-ondas trabalhava, voltou a sentar-se junto de Cody e olhou para ele sem dizer uma palavra.

      Ele tinha um rosto agradável, Pensou ela. Mas tinha-lhe contado factos da sua própria vida e ela sabia que ele estava triste. Já estava triste há muito tempo. Fora um atleta premiado no secundário. Mas magoara os joelhos a jogar futebol, terminando as esperanças de prosseguir uma carreira no desporto. Aqueles mesmos ferimentos acabaram por resultar na necessidade de substituir as rótulas.

      Desde essa altura que a sua vida ficara marcada pela tragédia. A sua primeira mulher morrera num acidente de viação e a segunda mulher deixara-o por outro homem. Tinha dois filhos adultos, mas não falavam com ele. Também tivera um ataque cardíaco há alguns anos atrás.

      Ela ficava admirada com o facto dele não se ter tornado numa pessoa amarga. Na verdade, parecia cheio de esperança e otimista em relação ao futuro.

      Julgava-o querido, mas ingénuo.

      Ela sabia que a sua vida não ia mudar para melhor.

      Era demasiado tarde para isso.

      O micro-ondas deu sinal e Hallie despertou da sua divagação. Cody olhava para ela com olhos bondosos e expectantes.

      Ela deu-lhe uma palmadinha na mão, levantou-se e caminhou na direção do micro-ondas. Retirou as canecas, quentes ao toque.

      Lembrou-se mais uma vez.

      Amarela para o Cody, azul para mim.

      Era importante não as trocar.

      Ambos bebericaram o chá sem dizer nada. Hallie encarava aqueles momentos como momentos de companheirismo tranquilo. Entristecia-a um pouco saber que não haveria mais momentos daqueles. Dali a alguns dias, este paciente já não precisaria dela.

      Dali a nada Cody cabeceava de sono. Ela misturara o pó com um medicamento para dormir para garantir que tal sucedia.

      Hallie levantou-se e juntou os seus pertences para se ir embora.

      E então começou a cantar suavemente uma canção que conhecia desde sempre:

      Longe de casa,

      Tão longe de casa-

      Este bebé pequenino está longe de casa.

      Definha

      De dia para dia

      Demasiado triste para rir, demasiado triste para brincar.

      Não chores,

      Sonha até mais não poderes.

      Deixa-te vencer pelo sono.

      Não há mais suspiros,

      Fecha os olhos

      E estarás em casa pelo sono.

      Os seus olhos fecharam-se, ela afagou o seu cabelo carinhosamente.

      Então, depois de lhe pousar um beijo afável na testa, ergueu-se e foi-se embora.

      CAPÍTULO UM

      A Agente do FBI Riley Paige estava preocupada enquanto caminhava na escada de desembarque do Phoenix Sky Harbor International Airport. Estivera ansiosa durante todo o voo desde o Reagan Washington International. Viera à pressa porque ouvira que uma adolescente estava desaparecida – Jilly – uma rapariga em relação


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