A Danúbio ao Entardecer. Barbara Cartland

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A Danúbio ao Entardecer - Barbara Cartland


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      —Gostaria de poder fazer esta viagem, mas deve lembrar-se de que tenho que ir à Dinamarca ha próxima semana.

      —Oh, eu me havia esquecido disso!— Aletha exclamou com um pequeno grito—, tem mesmo de ir, papai?

      —Como poderei recusar? Terei que representar Sua Majestade. Ela tocou no assunto novamente há dois dias.

      —Seria muito mais divertido ir à Hungria!

      —Concordo com você, porém, já que me é impossível fazer isso, Heywood terá de ir comprar os cavalos para mim. James Heywood era o administrador do Duque de Buclington. Tratava-se de um cavalheiro de boa família, cuja fortuna, infelizmente, devido à má especulação, se perdera.

      Heywood fora um cavaleiro excelente e havia conquistado inúmeras vitórias com seus próprios cavalos, participando de corridas como amador.

      Vendo-se forçado a conseguir um emprego para se manter, começara a trabalhar para o pai do Duque, vinte anos atrás. O falecido Duque confiara na capacidade de Heywood e, por viver sempre muito ocupado, entregara ao administrador a compra de quase todos os cavalos que possuía.

      Apesar de já estar envelhecendo, Heywood continuava com a mesma argúcia quando se tratava de julgar um cavalo.

      —Sim, Heywood deve ir à Hungria— o Duque murmurou como se estivesse pensando em voz alta—, precisaremos de oito ou dez animais extraordinários para juntarmos aos que já possuímos.

      —Imagino que teremos que treiná-los e adaptá-los ao nosso clima; crê que conseguiremos isso até o outono?

      O Duque sorriu.

      —Asseguro-lhe que faremos o melhor possível para alcançarmos esse objetivo. Só quero ver a alegria da Imperatriz quando montar os cavalos excepcionais que conseguiremos para ela.

      Ao notar o brilho nos olhos do pai à simples menção da Imperatriz , Aletha desejou que ele encontrasse alguém que viesse ocupar o lugar deixado pela mãe.

      Pessoalmente, ela preferia ter o pai só para si, mas reconhecia que uma segunda esposa o tornaria mais feliz, e era a felicidade do pai o que ela desejava.

      O Duque de Buclington era ainda um belo homem e não tinha nem cinqüenta anos. Ele se casara muito jovem, e seü filho estava com vinte e três anos. Havia cinco anos de diferença entre Aletha e o irmão.

      O corpo do Duque era o de um atleta, seus cabelos, ainda escuros, revelavam apenas alguns fios brancos nas têmporas, e sua aparência era a e um homem com muito menos idade do que a que realmente contava.

      «Será ótimo para papai ter a Imperatriz aqui em casa», Aletha pensou com altruísmo.

      No mesmo instante ocorreu-lhe que era uma pena o pai não poder ir à Hungria, o que significava que ela não iria também, e fazer essa viagem seria uma aventura que ela apreciaria muitíssimo. Porém compreendia que ele não tinha como deixar de atender a um pedido da Rainha.

      Logo a temporada teria início, e ao voltar o Duque, ver-se-ia envolvido com mil e um compromissos sociais. A filha, sendo debutante, teria seu baile de gala em Londres e também seria apresentada no Palácio de Buckingham.

      —Preciso entrar em contato com Heywood imediatamente— o Duque estava dizendo—, não tenho certeza se ele se encontra aqui ou se foi para Newmarket.

      Aletha ficou pensativa por um momento.

      —Tenho quase certeza de que ele se encontra em Ling. Vi o Sr. Heywood há dois dias e sei que ele só pretende ir para Newmarket na semana que vem.

      —Então vou pedir para alguém ir chamá-lo; quero vê-lo imediatamente.

      Mal tocou a campainha de ouro que se achava sobre a mesa e a porta abriu-se. Como era tradicional, os criados não ficavam na sala por ocasião do desjejum.

      Bellew, o mordomo, apareceu imediatamente.

      —Mande um dos cavalariços ir o mais depressa que puder chamar o Sr. Heywood— o Duque ordenou.

      —Imediatamente, Alteza!

      Dada a urgência que pressentira na voz do Duque, Bellew deixou a sala bem mais depressa do que costumava fazê-lo.

      O Duque dirigiu-se à filha:

      —Eu estava pensando se deveríamos redecorar a “Suíte da Rainha ”. O que acha disso?

      —Não creio que seja necessário, papai. Há dois anos você redecorou esses aposentos para a Princesa Alexandra e também redecorou os aposentos ocupados pelo Príncepe de Gales. Desde então esses cômodos foram tão pouco usados...

      —É verdade, e nós dois sabemos que a Imperatriz estará mais interessada em nossas cocheiras— o tom do Duque era de orgulho.

      Pai e filha sabiam que as cocheiras de Ling abrigavam os mais fantásticos cavalos do condado, animais que faziam inveja aos outros senhores de terras das redondezas.

      —Os nossos caçadores certamente ficarão muito encantados— o Duque prosseguiu — eles ficaram um tanto ressentidos, porque da última vez, a Imperatriz, preferiu o centro de caçadas de Bicester, mas este ano certamente se vangloriarão do fato de a Imperatriz ter escolhido Pytchley.

      —Aí está um bom motivo para eles se esmerarem quanto à aparência, e eu também faço questão de um traje novo de montaria!

      —Suponho que exigirá um traje feito por Busvine, o alfaiate mais luxuoso de Londres!— o Duque observou sorrindo.

      —Naturalmente, e você precisará encomendar alguns pares de botas a Maxwell.

      —Detesto botas novas! As velhas são bem mais confortáveis!— o Duque reclamou.

      —Mas não são nada elegantes!— a filha insistiu e levantou- se para beijar o pai—, estou contente por vê-lo tão entusiasmado com a vinda da Imperatriz! Sei que ela o fará feliz, além disso, todos os mais elegantes e mais importantes cavalheiros de Londres ficarão morrendo de inveja de você!

      O Duque riu.

      —Você me lisonjeia! Mas sabe tão bem quanto eu, minha querida, que a Imperatriz virá a Ling não por mim, mas por causa dos meus cavalos! Ora, está sendo ridiculamente modesto, papai— Aletha provocou-o—, ninguém ignora que a Imperatriz, adora cavalheiros bonitos! Um passarinho me segredou que quando você esteve em Viena ela dançou com você todas as noites e muito mais vezes do que dançou com outros cavalheiros.

      —Não sei com quem andou conversando para saber dessas bisbilhotices absurdas!— o Duque censurou a filha, porém não conseguiu disfarçar o quanto se sentia lisonjeado.

      Aletha, por sua vez, dizia a si mesma que seria impossível uma mulher não achar o Duque de Buclington um homem muitíssimo atraente.

      Mais tarde, naquele mesmo dia, o Duque, comunicou à filha que já conversara com o Sr. Heywood sobre sua viagem à Hungria para comprar os melhores cavalos que houvesse naquele país, e Aletha, mais uma vez, lamentou não poder ir para a Hungria.

      Ansiava por conhecer Budapeste, já havia lido sobre a beleza da cidade e sobre as magníficas estepes onde os cavalos galopavam.

      Também ouvira falar sobre os luxuosos Palácio s construídos pelos aristocratas húngaros. Estes últimos, ela fora informada, eram os homens mais belos da Europa. Daí ser compreensível que a Imperatriz, preferisse os húngaros aos austríacos sem graça.

      Na verdade era do conhecimento de todos que a Imperatriz sentia-se tristonha na Áustria e só na Hungria sentia-se livre e não reprimida.

      Não era só o magnetismo do país que atraía a bela Elizabeth. Havia histórias a respeito de cavaleiros belos e intrépidos, os quais declaravam seu amor à Imperatriz com palavras cheias de beleza e poesia.

      Aletha era uma jovem inocente. Nada sabia sobre os affaires du coeur tão comuns em Londres entre os que freqüentavam a Marlborough House, seguindo


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