Seu Reino Por un Amor. Barbara Cartland

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Seu Reino Por un Amor - Barbara Cartland


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a chave que tinha guardado no bolso do colete. Sabia, embora isso fosse apenas um paliativo como o vinho, que só La Belle poderia fazer com que se esquecesse de tudo, por um momento.

      A porta da sala de estudos se abriu, mas a Princesa Zita, que lia junto da janela, não virou a cabeça.

      Estava, na realidade, no mundo da fantasia, onde ficava, sempre que lia um livro, e onde sé refugiava, à noite, ou mesmo durante o dia, quando não se interessava pelo que se passava à sua volta.

      Só quando percebeu que havia alguém a seu lado, foi que olhou para a recém-chegada, sua irmã mais velha, Sophie.

      −Imagine o que aconteceu!− exclamou Sophie.

      A contragosto, porque estava muito mais interessada na leitura, Zita perguntou:

      −O que foi?

      Não esperava nada de excitante, mas sabia que devia ser alguma coisa inesperada; do contrário, Sophie não teria vindo interrompe-la. A irmã sentou-se no banco da janela, diante dela.

      −Mal posso acreditar, mas mamãe diz que deve ser por isso que ele vem aqui,

      −De quem está falando? Quem é que vem aqui?

      −O Rei Maximiliano de Vaidastien avisou o meu pai que está fazendo uma tournée pelos países vizinhos e que deseja passar uns dias aqui.

      Sophie falou no tom preciso, inexpressivo que lhe era peculiar, mas seus olhos estavam animados, e encarou a irmã, com apreensão.

      Zita ficou sem fala, por um momento.

      −O Rei Maximiliano? Tem certeza?

      −Absoluta. E mamãe acha que ele vem pedir minha mão em casamento.

      −Não pode ser verdade! Sempre ouvimos dizer que o Rei é um solteirão inveterado, que não pretende casar, embora haja muitas mulheres dispostas a partilhar o trono com ele.

      Zita parecia estar falando para si mesma, como a irmã não respondeu, continuou:

      −Creio que sei porque motivo, ele mudou de idéia. Uma noite destas, o meu pai estava falando com o Barão Meyer sobre a determinação de Bismarck de expandir as fronteiras da Alemanha− fez uma pausa e acrescentou, em tom positivo−, sim! É por isso que o Rei quer não apenas ter certeza de que nosso país será seu aliado contra a Alemanha, como também ter um herdeiro.

      Zita não esperava que a irmã respondesse, pois sabia que Sophie não se interessava por política, nunca procurando ouvir a conversa quando o pai recebia algum membro do governo, nem tampouco, lendo os jornais.

      Zita gostava tanto de jornais quanto de livros. Muitas vezes achava que seu cérebro estava dividido em dois compartimentos: um se interessava por política e pelos problemas de todos os países da Europa, o outro estava repleto de fantasias que tornavam o mundo belo como um conto de fadas.

      Nesse último, não havia problemas, a não ser os que aconteciam com ninfas e sátiros, com gnomos e duendes, assim como com as sereias que atraíam marinheiros e navios com seu canto, levando-os à destruição.

      Era esse o assunto da história que estava lendo. Por um momento, teve dificuldade em abandonar as sereias, com seus cabelos longos flutuando nas ondas, para concentrar-se em Maximiliano e na sua procura de uma esposa.

      Então achou que a diferença não era muito grande, afinal de contas.

      A mãe de Zita, a Grã-Duquesa, ficaria horrorizada, se soubesse que a filha tinha conhecimento da reputação do Rei, isto é, a de dar sua proteção às mais lindas mulheres do teatro.

      O professor de música, que ensinava piano a Zita, tinha sido concertista, em Paris, assim sendo, conhecia o mundo do teatro, que fascinava a Princesa, já que ela vivia na quietude de Aldross, o país de seu pai.

      −Conte-me mais alguma coisa, monsieur, conte tudo!− pedia Zita, quando a lição terminava, e o professor tinha prazer em falar para ouvidos tão atentos.

      Contava sobre as grandes personalidades do teatro. Como ia sempre a Paris, onde tinha dois filhos casados, Zita sabia quais eram as últimas peças em cartaz.

      Ele descrevia as prima-donas que atraíam multidões à ópera, as estrelas dos cafés-concertos, as mulheres que enfeitiçavam os homens, que gastavam fortunas com elas em vestidos, jóias, carruagens, cavalos e tudo o que desejassem.

      Sabendo o quanto a moça se interessava, ele lhe trazia jornais franceses, que não apenas descreviam o que acontecia no palco, como os escândalos sobre as pessoas da atla sociedade.

      O nome de Maximiliano aparecia freqüentemente nesses jornais. Zita se interessava por ele, porque o Rei era muito bonito, a julgar pelos retratos e desenhos, e exatamente o que Zita esperava que um Monarca fosse. Com um ar dominador e autoritário, parecia muito diferente dos homens comuns, assim como dos parentes de sangue real da Princesa.

      Encorajado pelo interesse da aluna e levado por sua própria verbosidade, o professor às vezes era indiscreto. A mocinha ficou sabendo dos casos do rei. Assim que La Belle foi instalada em Valdastien, ela teve conhecimento do fato.

      −Diga-me como é essa atriz− pediu ao professor.

      −Linda, com o corpo de uma deusa! Quando anda pelo palco, usando um traje diáfano que revela a perfeição de suas formas, o público fica em silêncio. Não há maior homenagem para uma atriz do que o silêncio de um público fascinado por sua beleza e pelo papel que interpreta.

      Zita também ficava fascinada, mas não podia compreender que uma artista como La Belle pudesse trocar os aplausos mesmo por um Rei!

      −Será que ela não sente solidão, levando uma vida tão calma naquele país, que ouvi dizer que é parecido com o nosso?

      O professor sorriu.

      −Ela tem o Rei para aplaudi-la.

      −Quer dizer que dança para ele?

      A pergunta fez com que o professor percebesse que tinha falado demais com uma criatura jovem demais, que não deveria saber que mulheres como La Belle existiam.

      −A aula acabou, Princesa. Amanhã vamos tratar das composições de Liszt, em vez de perdermos tempo com conversa fiada.

      Num tom muito sedutor, Zita disse:

      −Mas, professor, deve compreender que, quando conversamos, o senhor abre para mim novos horizontes… e a música, quando vem do coração tanto quanto da mente, não pode ser abafada.

      Sabia que esse era o tipo de comentário que ele apreciava e compreendia.

      −Vossa Alteza Real é muito inteligente. Por outro lado, eu não devia falar nessas mulheres.

      −Se essas mulheres dançam tão bem, como o senhor disse, então elas dão beleza ao mundo, e é isso que todos nós buscamos.

      −Ê verdade, bem verdade, mas devo falar-lhe, Alteza, de Raquel, que foi uma atriz brilhante e uma das maiores prima-donas de óperas, e que ainda não estudamos completamente.

      −Sim, é claro. Se o senhor puder arranjar um retrato dela, numa das suas revistas, eu ficaria muito satisfeita.

      Sabia perfeitamente que não estava interessada nas qualidades artísticas de La Belle, e sim, em seu relacionamento com o Rei Maximiliano.

      «Por que será que ele a acha tão atraente?», pensou.

      Resolveu continuar insistindo com o professor para que lhe arranjasse um retrato de La Belle. Queria satisfazer sua curiosidade quanto aos encantos da atriz que tinham feito com que o Rei a tirasse de Paris e a conservasse em Valdastien,

      Agora, inesperadamente, ficava sabendo que o Rei vinha a Aldross para casar com Sophie.

      Ao compreender o significado disso, Zita soltou uma exclamação de alegria.

      −Sophie, você é a criatura mais feliz do mundo! Já pensou como o Rei é bonito e excitante? O meu pai


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