Mentropia. Estêvão Soares
Читать онлайн книгу.para o digital. Só essa mudança de mentalidade já garante um grau superior de empatia e que, no final, vai permitir com que sua comunicação fique mais humanizada. Afinal de contas, você conhece o comportamento do público e sabe que, em um dia corrido, você é um ponto no escuro. E se quiser fazer algo extraordinário, sabe que terá que se esforçar para colocar o seu ponto, seu negócio, em evidência em um contexto que não te favorece por padrão.
Agora, a partir do momento em que você faz parte da narrativa do usuário é aí que a mágica acontece, e é por isso que relevância e contexto são palavras chave para o sucesso de qualquer estratégia digital.
Quando for desenvolver sua estratégia, coloque o usuário no centro, pensando em como o que você está oferecendo se encaixa na camada digital da vida de quem vai receber o seu conteúdo.
Não seja mais um no caos, entenda o paradoxo
Não tem como lutar, esteja em paz. Abrace o caos e aceite que ele faz parte da sua vida. Está tudo bem assim. Veja o caos como um benefício do digital e não como o maior problema. Se você o utilizar como seu aliado, muitas coisas boas vão surgir a partir daí.
Abraçar o caos é um grande paradoxo, assim como muitas outras coisas no digital. Entender esse aspecto vai permitir que você tenha mais assertividade e execute seus projetos em menos tempo.
Nossa relação com o online por si só já é um grande paradoxo. Como as pessoas preferem se comunicar por mensagem ao invés de conversarem frente a frente? Eu tenho mil explicações para isso e você provavelmente também. Eu vou além, você provavelmente pensou que, dependendo da pessoa, também prefere conversar somente por mensagem. Certo?
O que você fez aqui foi qualificar a interação com base na relevância que ela tem para você. E assim que a nossa vida segue na era exponencial do caos.
É uma resposta natural, automática para podermos focar no que realmente é interessante (do nosso ponto de vista). Você já viu isso acontecendo?
Você vai ao restaurante, pega uma pequena fila, a casa está cheia. O som está agradável e o aroma no ar te leva a imaginar o quão deliciosa será a refeição ali. Assim que você entra sozinho, nota que algumas pessoas estão à mesa. Algumas famílias com crianças, outros casais, mas quase ninguém sozinho. Você resolve tirar um momento para analisar a situação atual. E a única coisa que você vê são pessoas sentadas olhando para o celular ao invés de interagirem. Dá aquela tristeza de pensar que as pessoas estão mais longe, mais frias, mais distantes no final das contas.
Um adolescente em especial lhe chamou a atenção, enquanto os pais estão discutindo de forma acalorada, até incomodando um pouco, ele está ali, uma garota, imersa em seu mundo no celular. Mais uma vez, você fica triste.
Corta a cena para a visão da garota.
Ela é introspectiva, seu nome é Livia, mas os amigos chamam de Lili. Os pais vivem brigando, o que torna a vida dela bem complicada. Entre xingamentos e princípios de agressão, ela se esconde por trás da tela e é ali que ela encontra algum conforto para poder explorar o mundo por uma visão que não seja a visão que ela tem em casa. Os pais chegam, depois de um dia horroroso e falam que precisam ir ao restaurante porque já estava programado, eles não queriam perder a reserva. Chegando lá, eles pegam um local de destaque, especialmente porque é importante eles serem vistos juntos, o casal precisa espantar alguns rumores de que o casamento não estava legal.
Eles não se importam em como a Lívia está vendo tudo isso, estão mais preocupados com a opinião alheia, do que com os de dentro de casa.
Mas a Lívia pode acessar o mundo a partir do celular, e agora ela está em uma outra dimensão, sonhando com a faculdade, com as opções de vida em outros lugares e ao mesmo tempo interage com amigos que a amam e permite com que ela se sinta como parte de algo, ela pertence.
Mas para quem está vendo de fora, é só mais uma adolescente mal-educada e que não respeita os pais, que está distante e foi engolida pela tecnologia.
Isso acontece todos os dias.
A tecnologia afasta as pessoas? Em alguns casos sim, mas também aproxima.
A Internet deixou as pessoas mais mal-educadas? Algumas sim, mas outras também expandiram sua mente e sua linha de raciocínio porque tem acesso a mais informações.
A impressão que eu tenho é que muitas pessoas esquecem que do outro lado da tela existe um ser humano, que tem sentimentos e muitas vezes está se esforçando para fazer um bom trabalho. Claro que sempre existe uma exceção e alguns indivíduos simplesmente não tem filtro. Por isso é importante conseguir filtrar o que é uma crítica construtiva e o que é uma ofensa.
Precisamos aprender a não levar tudo para o lado pessoal e encarar o ambiente online como um lugar, muitas vezes, hostil. Minha opinião é que as pessoas só deveriam escrever o que elas teriam coragem de falar pessoalmente. Mas a Internet chegou e removeu esse filtro. Esse é o lado ruim, mas tem o lado bom também. Ao mesmo tempo a Internet possibilitou que pessoas, com afinidades e desejos em comum, encontrassem-se e pudessem se relacionar.
Do ponto de vista de quem já deu a sentença, é um paradoxo. Do ponto de vista de quem já ampliou a mente, é mais uma camada em meio ao caos e, na verdade, não importa o que é, importa como reagimos, trabalhamos e priorizamos o que nos foi dado.
Para uns parece uma maldição, para outros, um grande presente. É um paradoxo, mas só para quem ainda não acordou para este novo estado, constante, que como praticamente tudo na vida, tem um lado bom e um lado ruim.
Eu fico me perguntando se isso pode ser mudado. Mas absolutamente tudo o que eu vejo sobre o futuro, incluí o uso e a amplificação das relações através da tecnologia.
Se a tecnologia é inerente ao ser humano, ao seu estado, você, como um profissional do mercado digital, precisa compreender o nível de relevância ou insignificância que pode ter na vida de alguém. Você pode se tornar parte essencial ou ser descartado prontamente porque as opções são infinitas.
Qual é a solução? Aprenda a gerar valor, dentro do contexto do seu público. Se você gerar valor primeiro e estiver contextualizado, vai ser impossível de ignorar.
Velocidade importa
Em um cenário de paralisia cognitiva, muitos ficam travados, aguardando a inspiração, o alinhamento de recursos e pessoas, para aí sim começar a agir.
É cada vez mais comum ver empresas travadas, plantadas em pensamentos retrógrados e cultura defasada. A máxima de que qualidade é sempre melhor, já morreu há muito tempo.
Ter qualidade, no contexto e na hora errada, é o mesmo que não ter. Você perdeu o timing. E se você perdeu o timing, existe uma grande chance de o negócio morrer.
Em um ambiente acelerado, exponencial, a velocidade é um elemento importante para quem deseja se adequar.
É importante ter o conceito de velocidade em mente. Ele dá propósito e direção, já que você é obrigado a tomar uma decisão em um ponto específico da sua jornada.
O principal motivo para isso é que como estamos falando de infinitas variáveis, quando você para pra analisar excessivamente uma situação, as variáveis são alteradas, e quando você menos espera, está tomando decisões com base em um contexto que simplesmente não existe mais. Nesse caso, focar na qualidade ao invés da velocidade vai prejudicar a própria percepção de qualidade, já que os parâmetros pelo qual você está avaliando a qualidade, já estão ultrapassados.
Ter acesso a tudo muito rápido, estar conectado, assistir o que quiser, quando quiser, quantas vezes quiser via Netflix, comprar qualquer coisa em qualquer lugar do mundo a partir do seu celular. Conversar, acessar qualquer pessoa, conteúdo, no mundo todo. Estamos mal-acostumados. Ou melhor, é o novo padrão, nos acostumamos com qualidade e velocidade.
Ninguém