Um amor sem palavras. Lucy Monroe

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Um amor sem palavras - Lucy Monroe


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de software brilhante e não só no que dizia respeito à segurança. Kayla seria uma conselheira extraordinária para qualquer empresa em que estivesse interessado em investir e, quando se acalmasse, perceberia. Até então, certamente, devia enviar-lhe uns éclairs da sua pastelaria favorita de manhã. Comprá-los-ia a caminho do escritório, decidiu. Ou talvez devesse reorganizar a agenda para passar algumas horas com ela.

      No entanto, passar tempo com ela fora do escritório era uma tentação contra a qual tinha de lutar. A paixão incontrolável que tinham partilhado uma vez tinha de ser contida, pois esse tipo de atração não levava a nada de bom. Fora a perdição da mãe depois de uma aventura ilícita com o pai, um homem casado.

      Conter essa atração devia ter sido mais fácil à medida que o tempo passava, mas não fora assim. Andreas dava por si a olhar para Kayla de um modo muito pessoal, muito sexual, nos momentos mais inconvenientes.

      Contudo, não podia permitir que essa fraqueza danificasse a sua amizade. Esforçara-se muito para que o lugar de Kayla na sua vida fosse mais permanente do que o de uma simples companheira de cama.

      Kayla ligou o telemóvel enquanto saía do aeroporto em Nova Iorque. Um assobio indicou-lhe que tinha várias mensagens, como esperara.

      Quase chocou com uma mulher que empurrava um carrinho de bebé à velocidade de um raio e um homem de fato de treino chocou contra ela, empurrando-a contra a parede, mas Kayla não protestou, mais incomodada com a ideia de ter de falar com um desconhecido do que com a dor do ombro.

      Odiava viajar sozinha e sentia a falta da presença de Andreas, que parecia sempre abrir-lhes caminho. O traidor.

      Quando estava prestes a entrar num táxi, o telemóvel tocou. Era uma chamada da Segurança Hawk. Enviara uma mensagem de correio eletrónico a Sebastian na noite anterior, mas ainda não recebera resposta.

      – Sim?

      – Menina Jones? – Ouviu uma voz feminina.

      – Sim, sou a Kayla Jones.

      – Ligo da parte do Sebastian Hawk.

      Kayla sentiu um nó no estômago de esperança e inquietação.

      – Sim?

      Sebastian estava de viagem, mas tinha muito interesse em vê-la e estava disposto a almoçar com ela dois dias depois. A secretária deu-lhe o nome do restaurante e Kayla não fez nenhum esforço para disfarçar o seu entusiasmo. Agradecia-o e fê-la saber. Ao fim e ao cabo, o seu lar estava em jogo.

      Depois de desligar, olhou à volta, questionando-se o que ia fazer em Nova Iorque durante dois dias. Por enquanto, decidiu verificar as mensagens. Andreas, é claro, ligara-lhe várias vezes e Bradley deixara-lhe várias mensagens desesperadas, rogando-lhe que lhe salvasse o pescoço ligando ao seu chefe. Depois de o ouvir, não sabia se rir ou chorar. Embora ela já não chorasse. Chorar nunca mudava nada e deixava-a com dor de cabeça.

      Suspirando, Kayla ligou para o número privado de Andreas.

      – Onde raios estás? – perguntou ele, num tom ensurdecedor.

      – Disse-te que ia tirar o dia.

      – Não estavas em casa esta manhã.

      – E então? Talvez tenha ido para a cama com alguém – respondeu ela. Não sabia porque dissera isso, mas não o lamentava. Houve um silêncio do outro lado e Kayla até verificou o telemóvel para ver se a chamada caíra. – Andreas?

      – Não vais para a cama com desconhecidos. Nem sequer falas com desconhecidos.

      – O sexo ocasional não exige conversas longas.

      – E como sabes?

      – Falas como um amante ciumento.

      E, embora tivessem sido amantes há anos, Andreas nunca fora ciumento. Desde o começo, tinham combinado que não veriam outras pessoas, não porque a sua relação era romântica, mas por uma questão de saúde.

      – Falo como um amigo preocupado.

      – Sou uma adulta.

      – E o que raios fazes em Nova Iorque?

      – Como sabes onde estou?

      – Usei o localizador do teu telemóvel.

      – Não te dei a palavra-passe para que possas seguir-me como se fosse uma criança.

      – Sou um amigo e um sócio preocupado.

      – Bom, agora, já sabes onde estou.

      – Mas não porquê. Vais ver o Hawk?

      – Sim.

      – Mas está fora do país.

      – Vou encontrar-me com ele depois de amanhã. Vou tirar o resto da semana.

      – O quê? Não podes fazer isso!

      – Claro que posso.

      – Nunca o tinhas feito.

      – Há uma primeira vez para tudo.

      – O que vais fazer se o Hawk está fora da cidade?

      – O que quiser, tal como tu.

      – Eu não tiro dias sem avisar.

      – Vais vender a empresa, isso é muito pior. Vais abandonar os teus empregados.

      – Não vou abandonar ninguém. Parte do acordo de aquisição com o Hawk é uma garantia de trabalho para todos os empregados da KJ Software.

      – Que bom…

      – Não tinhas de ir vê-lo a Nova Iorque para confirmar isso – disse Andreas, aparentemente magoado.

      – Não vou ver o Hawk para que os outros empregados não percam o seu emprego.

      – Então, porque vais vê-lo?

      – Tenho de fazer planos para o meu futuro.

      – Eu já tenho planos para o teu futuro!

      – Que interessante que não me tenhas contado nada.

      – Fi-lo, sim. Quero que sejamos sócios noutra empresa.

      – Não.

      – Não falas a sério.

      – Claro que falo – afirmou Kayla. E falava completamente a sério. – Fizeste planos para o teu futuro e a tua casamenteira tem razão, não me diz respeito, mas o meu futuro diz.

      – A Genevieve estava enganada.

      – Talvez devesses tê-lo dito à frente dela. Então, talvez tivesse acreditado.

      – Eu não minto.

      – Só me escondes coisas. Coisas importantes.

      – Disse-te que tencionava falar contigo.

      – Se a minha opinião ou os meus sentimentos te importassem, terias falado comigo antes de falares com o Sebastian Hawk.

      E antes de contratar Genevieve.

      – É por isso que vais falar com o Sebastian, para me castigar?

      – Não sou assim tão mesquinha. Trata-se da minha sobrevivência.

      Andreas não entenderia, claro. Por muito difícil que tivesse sido perder a mãe, por muito que desprezasse o hipócrita do pai, ele sempre tivera uma casa, uma segurança. Não fora uma menina de três anos abandonada num bar de estrada. Não sabia o que era ver o mundo a afundar-se por baixo dos seus pés, não uma vez, mas duas vezes antes de fazer os dezoito anos.

      Se soubesse, não estaria disposto a vender a única coisa que lhe dera uma sensação de segurança desde a morte da sua mãe de acolhimento.

      – Eu não te deixaria sem recursos. Não to demonstrei?

      – Não, demonstraste-me o contrário – replicou ela,


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