O mais importante. Kim Lawrence

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O mais importante - Kim Lawrence


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Odeio acabar com as tuas fantasias, mas, não, não me agrada a ideia fazeres com que as minhas empregadas percam tempo. Temos prazos a cumprir, sabes? Como te sentirias se eu me apresentasse no teu hospital fazendo-me passar por enfermeira?

      – Deixa-me pensar… Estou a imaginar-te com… As enfermeiras ainda usam toucas na cabeça? – Rowena nem sequer teve tempo para responder àquela piada machista, porque Quinn olhou para ela de um modo tão penetrante que a fez preferir as chacotas. – Posso saber o que tens andado a fazer, Rowena? – sentou-se na borda da mesa e esticou as pernas.

      – Cortei o cabelo.

      – Não me refiro a isso. Estás mais magra.

      – Obrigada.

      As suas ancas sempre tinham sido a inveja das suas amigas, mas os seis quilos que tinha perdido nas últimas semanas faziam com que a mini-saia que antes se cingia nas suas ancas lhe ficasse folgada.

      – Tens muito mau aspecto. Não podes perder tantos quilos a não ser que estejas doente ou submetida a uma grande pressão – disse ele com uma voz autoritária.

      Ela afastou o olhar. Os enjoos matinais podiam ser considerados uma doença?

      – Bem, doutor, muito obrigada pelo seu diagnóstico, mas não tenho nem uma coisa nem outra. Somente me deito tarde todas as noites e apenas tenho tempo para comer.

      – Sim, a vida é como uma grande festa – disse ele com cepticismo.

      – De facto – respondeu ela em tom de desafio.

      – E estás tão ocupada que não pudeste responder aos meus telefonemas, nem aos meus e-mails. Embora isso já não seja um problema, não é? Pelo menos desde que mudaste os teus números e desapareceste da lista telefónica.

      Rowena viu, com irritação, como ele revolvia a fila de esferográficas que estavam dispostas simetricamente sobre a mesa. A olhar para os largos e hábeis dedos, recordou como tinham acariciado os seus peitos, enquanto o seu… Mordeu o lábio e apercebeu-se de que estava a sentir-se culpada.

      – É somente uma coincidência – tentou dizer com uma voz segura.

      – Se é somente uma coincidência, como explicas que agora me consideres persona non grata na tua casa?

      – Estava aqui há pouco tempo, Quinn. Nova Iorque era tão agitada que… – calou-se de repente, desejando não ter mencionado o nome daquela cidade. Ao contrário de toda a gente, Rowena não associava Nova Iorque a um sítio emocionante, mas, sim, exclusivamente a Quinn, ao sexo incrível que tinham mantido e às fatais consequências… – Acabo de começar um novo trabalho – continuou ela a dizer. – Só tive tempo para contactar com todos os meus conhecidos – arrependeu-se logo por ter utilizado aquela palavra tão pouco apropriada.

      – Conhecidos? – perguntou ele. – Conhecidos… – repetiu com voz mais suave. – Diz-me, Rowena, como é que cumprimentas os teus amigos mais íntimos?

      Ela fechou os olhos e relembrou aquele dia em que caminhava por uma rua de Nova Iorque, três meses antes. Talvez tivesse sido o facto de se ter mudado para uma cidade desconhecida ou talvez devido à vontade de demonstrar a si mesma o seu valor, mas a realidade era que nunca na sua vida se tinha sentido tão sozinha.

      Então, viu-o. Nem sequer teve que se assegurar para saber que era ele. Nenhum homem caminhava daquela maneira, com tanta elegância e segurança. Sem pensar nas regras de cortesia, que infringiu ao empurrar os demais peões, foi a correr ao seu encontro, gritando o seu nome como uma histérica. Quando o alcançou, ele voltou-se e Rowena deteve-se bruscamente. Quinn olhou-a primeiro com surpresa e imediatamente a seguir com desejo. Ela também sentiu que o desejo a invadia.

      – Estás aqui! – disse como uma estúpida. – Não posso acreditar.

      Sem dizer nada, ele beijou-a.

      – Estás convencida agora? – perguntou, ao afastar-se.

      Rowena ficou meio atordoada, incapaz de fazer qualquer coisa a não ser olhá-lo em silêncio, enquanto à sua volta a maré humana fluía incessantemente.

      – Sempre soube que com uma boca tão perfeita, beijarias maravilhosamente – conseguiu finalmente dizer.

      Ele continuou a demonstrar os seus dotes no táxi e no elevador do hotel. Não parou de a beijar, nem quando entraram no quarto, onde começaram a fazer outras coisas…

      Voltou ao presente e deparou-se com o enfado de Quinn por ter-se referido a ele como um conhecido.

      – Apanhaste-me num mau momento – disse como uma desculpa.

      – Eu não diria isso – disse ele, tocando-lhe no queixo com um dedo.

      – E de certeza que te perguntas por que é que te evito – replicou ela, afastando o queixo.

      – Pensei que era tudo imaginação minha – Quinn deslizou sobre a mesa e sentou-se, olhando para ela.

      – Sabia que tudo acabaria assim – murmurou ela, passando as mãos pelo cabelo. – Pensei que entenderias que Nova Iorque foi só um erro, não o início de nada.

      – O único erro foi permitir que me convencesses a ir-me embora.

      Rowena sentiu um aperto no coração e fechou os olhos, exasperada por aquela atitude tão exigente.

      – Falar contigo é como… como falar com uma parede!

      Pensou que, se as coisas piorassem, começaria realmente a falar com as paredes. Estupendo, precisamente o que necessitavam os seus inimigos.

      – Desejas-me – insistiu ele.

      Rowena olhou-o em silêncio durante uns segundos.

      – Isso é uma possibilidade – concedeu, tentando não sucumbir ao sorriso de Quinn.

      – É a única possibilidade.

      Ela encolheu os ombros.

      – Só podes culpar-te a ti, por queres impor tantas regras e condições. O que é feito do amor livre e espontâneo? – perguntou ela, com um estremecimento, ao reconhecer a sua má sorte. Tinha encontrado o amante dos seus sonhos, alguém tão pouco disposto como ela à devoção inquebrável, todavia tinha que aguentar os seus ataques de moralidade.

      – Amor livre? Estou a tentar ver-te como uma hippie, mas não é fácil.

      – Não passas de um libertino reformado! – aquele termo antiquado assentava muito bem a Quinn.

      – Para que saibas, eu também acredito na espontaneidade, mas é algo que não se consegue gratuitamente. Há gente disposta a prestar os serviços de que necessitas… em troca de dinheiro.

      A mão de Rowena voou até à cara dele, mas Quinn foi mais rápido e travou-a. Pôs-se de pé e fê-la baixar o braço.

      – Quero ser parte da tua vida, Rowena… Uma parte íntegra. Não tenho qualquer interesse no tipo de aventura obscena que sugeriste em Nova Iorque.

      – Íntima não quer dizer obscena – disse ela. A maioria dos homens ter-se-ia morto para conseguir a relação que oferecia a Quinn. Algo sem complicações nem dramas sentimentais.

      – Não gosto de enganos.

      – É o que diz um homem que entrou neste edifício usando mentiras.

      – Se tivesses sido mais razoável, não teria de as pôr em prática.

      Ela soltou-se e apontou-lhe um dedo acusatório.

      – Ambos sabemos que, quando queres algo, não há nada que não estejas disposto a fazer.

      Sem perder uma pitada da sua serenidade, Quinn mirou-a intensamente e acariciou-lhe um joelho.

      – E, neste momento… és tu o que quero.

      A fúria de Rowena abandonou-a por completo, deixando-a pálida e quase sem respiração. Onde


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