Cativa entre os seus braços. Carol Marinelli

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Cativa entre os seus braços - Carol Marinelli


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      – Estou de acordo – confirmou Maggie, com cortesia. Nenhuma das duas se ofereceu para continuar em contacto.

      Maggie estava habituada às despedidas. Ainda recordava uma em que fora a correr para casa da nova escola para ver o novo cachorrinho e, em casa, encontrara uma assistente social, que lhe dissera que estava na hora de voltar ao mesmo de sempre.

      Maggie nunca esqueceria os olhos azuis frios de Diane quando lhe pedira para ver o cachorrinho.

      – Posso despedir-me do Patch? – perguntara.

      – O Patch não está aqui – respondera a assistente social.

      Maggie não chorara quando punham as malas no carro da assistente social e também não o fizera ao sair daquela casa.

      As lágrimas não ajudavam. Se o fizessem, a mãe ainda continuaria viva.

      Sim, estava habituada às despedidas e a de Suzanne era um alívio.

      – Eh! – exclamou ela, de repente. Abriu a carteira. – Podes usar isto.

      Maggie olhou para o bilhete para o passeio daquela noite.

      – Tens a certeza?

      – Não vou usá-lo. Tencionava deixá-lo na receção e pedir que me devolvessem o dinheiro…

      – Não o faças. – Maggie deu-lhe o dinheiro que Tazia lhe dera. – Estou muito abaixo na lista de espera.

      – Então, terás de usar o meu nome. Também paguei para andar de camelo. – Suzanne sorriu. – Despacha-te, o autocarro sai às oito.

      Maggie tinha o tempo exato para prender o cabelo num rabo de cavalo e fazer uma mala pequena para aquela noite.

      – Vou-me embora – disse Suzanne.

      – Boa viagem.

      – Igualmente. E não te esqueças de que, por esta noite, és a Suzanne.

      Capítulo 2

      O príncipe herdeiro, o xeque Ilyas de Zayrinia, nascera para ser rei.

      E fora só isso.

      Os pais não tinham tido nenhum desejo de ser pais e não tinham extraído nenhum prazer do seu filho.

      Tinham tido o herdeiro de que o país precisava e, depois, tinham tido outro para o substituir, pelo sim pelo não.

      Ilyas vira-os muito poucas vezes fora dos eventos oficiais e fora criado numa zona afastada deles no palácio enorme. Tivera amas que o alimentavam e lavavam e idosos que lhe davam aulas.

      Fora uma vida ocupada e totalmente desprovida de afeto.

      Quando tinha quatro anos, Hazin nascera, mudando o tio que odiava o pai para o terceiro lugar na linha de sucessão. Dois meses depois, Ilyas aparecera na varanda real ao lado dos pais e só então é que percebera que o bebé que a mãe tinha ao colo era o seu irmão. Virara a cabeça para o ver, mas tinham-lhe dito para olhar em frente.

      – Posso vê-lo? – perguntara à mãe, a rainha, quando saíam da varanda.

      Mas a mãe abanara a cabeça.

      – O Hazin tem de ir comer – declarara, antes de dar o bebé a uma ama –, e tu tens de ir para as tuas aulas, embora o rei Ahmed queira falar contigo primeiro.

      Tinham-no levado ao pai, que estava a falar com Mahmoud, o seu vizir.

      – Muito bem, Alteza – elogiara Mahmoud, pois congregara-se uma grande multidão fora do palácio para cumprimentar o novo príncipe.

      O rei mostrara-se menos impressionado com o comportamento de Ilyas na varanda.

      – No futuro, não te mostres tão inquieto – avisara.

      – Só queria ver como é o meu irmão.

      – É apenas um bebé – replicara o rei. – Lembra-te, no futuro, olha sempre em frente, independentemente do que se passar à tua volta.

      Os irmãos tinham estado quase sempre afastados. Tinham considerado que Ilyas estava demasiado avançado nos seus estudos para ser atrasado. Hazin, que era apenas um suplente, acabara numa escola de Inglaterra.

      Fora Ilyas que nascera para ser rei.

      Nas suas primeiras duas décadas de vida, absorvera os ensinamentos e a sabedoria dos mais velhos e todos presumiam que estava de acordo com eles porque cumpria bem com os seus deveres.

      Os pais achavam que a disciplina rígida da sua educação funcionara bem, mas aquilo não era obediência filial. Não entendiam que era o próprio Ilyas que era disciplinado, que escolhera cumprir as regras.

      Naquele momento.

      Quando fizera vinte e dois anos, a tragédia atingira o palácio. O pai e o conselheiro tinham decidido que um casamento real animaria os habitantes do país e que era hora de Ilyas se casar. Tinham convocado uma reunião para o informar da sua decisão.

      Mas Ilyas mostrara-se em desacordo.

      – Não há necessidade de me casar.

      O rei Ahmed franzira o sobrolho, presumindo que Ilyas entendera mal, pois o rei estava habituado a que se cumprissem as suas exigências.

      No entanto, Ilyas mantivera-se firme no assunto do casamento.

      Aceitara o conselho do pai de olhar para o futuro e tinha muitos planos, mas não havia ninguém com quem pudesse arriscar-se a partilhar esses planos.

      Ninguém.

      O casamento não era algo que queria considerar naquele momento, por isso rejeitara a sugestão do pai. O rei insistira.

      – Um casamento, seguido de um herdeiro, agradaria ao nosso povo.

      – O povo chorará quando chegar o momento – replicara Ilyas. – Vou casar-me quando for o momento oportuno, não quando tu decidires.

      Nesse momento, olhara para Mahmoud, que empalidecera ao ouvir aquele desafio à autoridade absoluta do rei.

      – Disse que quero que te cases! – gritara o rei.

      – O casamento é um compromisso para o resto da vida e não estou disposto a fazê-lo agora. Por enquanto, basta-me o harém. – Ilyas voltara a olhar para Mahmoud e seguira em frente com a reunião. – Ponto seguinte.

      Ilyas era rígido, mas justo; equilibrado, mas frio e o povo de Zayrinia adorava-o e desejava em silêncio que chegasse o dia em que seria rei.

      À medida que a saúde do rei se deteriorava, o poder de Ilyas aumentava, embora não o suficiente para o seu gosto. Porém, naquela sexta-feira em particular, quando Mahmoud anunciou que uma nova crise ameaçava ao palácio, foi Ilyas que assumiu o controlo.

      – Já lidámos com ela – informou ao seu pai, com calma, embora o tom âmbar dos seus olhos cor de avelã brilhasse de irritação. Porque raios falara da última indiscrição do irmão mais novo à frente do rei?

      – Mas que tipo de festa era? – perguntou o monarca.

      – Era apenas uma reunião – indicou Ilyas, com suavidade. – Tu próprio disseste que querias que o Hazin viesse a casa com mais frequência.

      – Sim, mas para cumprir os seus deveres reais – respondeu o rei. Olhou para o assistente. – Que tipo de festa deu no seu iate?

      Ilyas conseguia adivinhar perfeitamente que tipo de reunião depravada acontecera.

      O irmão era famoso por elas.

      Quase.

      O palácio esforçara-se para esconder os escândalos que Hazin deixava atrás ele e o rei decidira que já estava farto. O rei Ahmed al-Razim estava mais do que disposto a deserdar o filho mais novo e privá-lo dos seus privilégios e do título.

      Muitos


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