Refém dos seus beijos. Эбби Грин
Читать онлайн книгу.vazias. Entrando em pânico, Nessa procurou nas outras secretárias, mas não havia rasto do computador. Então, as palavras de Paddy ecoaram na sua mente: «Esse portátil é a única oportunidade que tenho de provar a minha inocência. Só preciso de seguir a pista das mensagens de correio eletrónico para descobrir o pirata informático…»
Nessa ficou imóvel no centro do escritório, mordendo o lábio.
Não ouvira nenhum barulho que pudesse denunciar que não estava sozinha nos escritórios. Por isso, quando o escritório se abriu de repente e a luz invadiu a sala, só teve tempo para se virar, espantada, para a figura imponente que enchia a ombreira da porta.
Atordoada, mal conseguiu reconhecer que se tratava de Luc Barbier. E que estivera certa ao temer encontrar-se com ele cara a cara. Era o homem mais bonito e mais impressionante que alguma vez vira.
Luc Barbier usava umas calças de ganga pretas e um polo de manga comprida que realçavam a sua energia tão puramente masculina. Os seus olhos observavam-na fixamente, escuros como dois poços sem fundo.
– Vieste procurar isto? – perguntou ele, mostrando-lhe o portátil prateado que tinha nas mãos.
A sua voz era grave e tinha um sotaque estrangeiro leve e sensual. Ao ouvi-lo, Nessa sentiu uma injeção de adrenalina diretamente no coração. A única coisa que lhe ocorreu fazer foi correr para a mesma porta por onde entrara, mas quando a abriu, encontrou um guarda com cara de poucos amigos.
A mesma voz ouviu-se atrás dela outra vez, daquela vez, num tom gelado.
– Fecha a porta. Não vais a lado nenhum.
Quando ela não se mexeu, o guarda fechou a porta, deixando-a novamente a sós com Luc Barbier. Que, obviamente, não estava em França.
Com renitência, virou-se para o encarar, consciente de que se vestira com umas calças largas e pretas, uma camisola de gola alta preta e com o cabelo apanhado num boné escuro. Devia ter o aspeto de uma ladra.
Luc Barbier fechara a outra porta. Deixara o portátil numa mesa e estava ali parado, com os braços cruzados por cima do peito e as pernas entreabertas, preparado para ir atrás dela se tentasse fugir novamente.
– Quem és tu?
Nessa cerrou os dentes e baixou o olhar, esperando que o boné escondesse o seu rosto.
Ele deixou escapar um suspiro.
– Podemos fazer isto da pior maneira, se preferires. Posso chamar a polícia e terás de lhes contar quem és e porque entraste na minha propriedade. Mas ambos sabemos que procuravas isto, não é? – indicou ele, tocando no portátil com os dedos. – O mais certo é que trabalhes para o Paddy O’Sullivan.
Nessa mal ouviu as suas palavras. Só conseguia concentrar-se nas suas mãos lindas. Grandes e masculinas, mas elegantes. Mãos capazes. E sensuais. Percorreu-a um calafrio inoportuno.
O silêncio pesou sobre eles por uns instantes, até Barbier praguejar em voz baixa, pegar no portátil e se dirigir para a porta. Então, Nessa percebeu que envolver a polícia irlandesa naquilo seria ainda mais desastroso. O facto de Barbier ainda não os ter chamado dava-lhe um pouco de esperança de salvar a situação.
– Espera! – gritou ela.
Ele parou a meio caminho, virando-lhe as costas. A sua imagem era tão imponente por trás como pela frente. Devagar, virou-se.
– O que disseste?
Nessa tentou acalmar o seu coração acelerado. Tinha medo de que lhe visse a cara, portanto, inclinando a cabeça, tentou mantê-la escondida por baixo do boné.
– Disse para esperares, por favor – repetiu ela, encolhendo-se. Como se, sendo educada, pudesse ganhar alguns pontos.
Depois de um silêncio breve, Barbier voltou a falar, com incredulidade.
– És uma menina?
A sua pergunta chegou à alma de Nessa. Sabia que estava vestida de preto dos pés à cabeça e que usava um boné. Mas o seu aspeto era assim tão andrógino? Tinha consciência de que os seus movimentos não eram demasiado femininos. Passara a infância a brincar na lama e a subir às árvores. Ergueu o queixo, ofendida, esquecendo-se da sua intenção de manter a cara escondida.
– Tenho vinte e quatro anos. Já não sou uma menina.
Observou-a com ceticismo.
– Andar pelo mato para entrar numa propriedade privada não é o tipo de atividade a que uma mulher se dedique.
Ao pensar no tipo de mulher de que um homem como ele podia gostar, Nessa ficou ainda mais nervosa. Sentiu-se vulnerável e isso fê-la ficar à defesa.
– Devias estar em França.
– Estava. Mas já não.
Quando Barbier a inspecionou com mais atenção, sentiu um interesse repentino. Sim, conseguia reconhecer que era uma mulher. Embora o seu corpo fosse esbelto e miúdo, tanto que podia parecer o de um rapaz. Contudo, conseguia adivinhar os seus seios, pequenos e perfeitamente formados, por baixo de uma camisola preta.
Também conseguiu perceber o seu queixo, demasiado delicado para ser masculino, e a sua boca carnuda. Naquele momento, estava a mordiscar o lábio inferior.
De repente, experimentou o aguilhão do desejo e a tentação de a ver melhor.
– Tira o boné! – ordenou ele, sem pensar.
Ela ergueu o queixo outra vez. Houve um momento de tensão em que Luc não soube o que ia acontecer. Então, como se tivesse percebido que não tinha escolha, ela tirou o boné.
Durante um instante, Luc só pôde ficar a olhar para ela como um parvo, enquanto uma cascata de cabelo avermelhado lhe caía sobre os ombros.
Depois, quando reparou no resto da sua cara, ficou ainda mais embevecido. Vira centenas de mulheres bonitas, algumas eram vistas como as mais belas do mundo, mas, naquele momento, não conseguia lembrar-se de nenhuma.
A mulher que tinha à sua frente era impressionante. Faces altas. Pele cremosa e pálida, impecável. Nariz reto. Olhos cor de avelã enormes com brilhos verdes e dourados. Pestanas pretas e espessas. E uma boca suculenta e apetitosa.
Imediatamente, Luc experimentou uma ereção. Confuso, pensou que não costumava reagir assim com nenhuma mulher. Talvez o motivo estivesse na situação inesperada, pensou.
– Agora, diz-me quem és ou chamo a polícia.
A temperatura de Nessa subira sob o escrutínio intenso de Barbier. Sentia-se demasiado vulnerável sem o boné. Mas estava hipnotizada com o olhar do seu interlocutor e não era capaz de desviar o olhar. Era um homem bonito, intensamente viril e atraente. Os seus traços eram duros, à exceção da boca, que era provocadora, sensual… e a distraía.
– Estou à espera.
Nessa corou. Desviou o olhar, cravando-o no quadro de um cavalo de corridas. Sabia que não tinha escolha. Devia responder, se não quisesse acabar nas mãos da polícia. Na sua pequena comunidade, depressa se saberia em toda a vila o que acontecera. Ali, não existia o conceito de privacidade.
– O meu nome é Nessa… – disse ela e, depois de hesitar por um instante, acrescentou: – O’Sullivan.
– O’Sullivan? – perguntou ele, franzindo o sobrolho. – És parente do Paddy?
Ela assentiu, incomodada pelo seu fracasso desastroso.
– Sou a irmã dele.
Barbier parou por uns segundos para processar a informação. E sorriu.
– Enviou a maninha mais nova para fazer o trabalho sujo?
– O Paddy é inocente! – exclamou ela, imediatamente.
Luc Barbier não parecia impressionado com a sua defesa veemente.
– Piorou as coisas