A esposa do Siciliano. Kate Walker

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A esposa do Siciliano - Kate Walker


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como lava de um vulcão. Estava tão perto que o seu aroma a intoxicava. O coração batia a toda a velocidade e sentia dificuldade em respirar.

      – Não me faças isto, Cesare. O que é que se passa? É um novo jogo divertido? Diverte-te atormentar-me, mentir-me? Porque…

      – Que tal se te dissesse que agora não te estou a mentir, mas que já te menti?

      – Já?

      Parecia que, com cada palavra que dizia, a situação se tornava mais e mais estranha. Era como se o Cesare Santorino que ela conhecia tivesse desaparecido, sendo substituído por uma pessoa totalmente diferente.

      – Quando?

      Sentiu a boca seca e dificuldade em falar.

      – Quando te disse que não me interessavas. Quando agi como se me aborrecesses. Quando…

      – Não…! Chega…! Não, não, não!

      Megan tapou os ouvidos com as mãos e depois cobriu o rosto.

      – Chega! – murmurou atrás das mãos. – Isto não é justo…

      No ano anterior, quando cumpriu vinte e um anos, teria adorado ouvir aquelas palavras. Durante as festas e até durante aquela festa horrível de Nova Iorque, o seu coração teria saltado de júbilo. Mas agora… era demasiado tarde.

      Naquela altura, não podia sonhar com nada melhor. Mas agora, era o pior que lhe podia acontecer. Porque se aquilo que Cesare dizia era verdade, deixaria de sê-lo assim que ele descobrisse que…

      – Chega! – repetiu com mais energia.

      – Mi dispiace… Lamento.

      Agira demasiado rápido, pensou Cesare. Mas depois de a ver, após seis meses, perdera todo o controle. Andava há seis longos anos a controlar-se e já não aguentava mais.

      – Perdoa-me, Megan…

      O seu tom continha tanta emoção que ela afastou as mãos do rosto para o contemplar.

      – Tens razão – disse, enquanto se erguia. – Nunca devia ter brincado com isto.

      Era o que ela tinha pensado! Viu-o ir até à outra extremidade do quarto. Megan sabia que nenhuma daquelas declarações podia ser verdade.

      Ainda assim, sentia-se muito magoada. Muitíssimo. Sobretudo, depois do que acontecera com Gary; a maneira como este se comportara e as consequências dos seus actos.

      – Não importa – conseguiu ela dizer. – Agora que já te divertiste, por favor, deixa-me sozinha.

      – Divertir-me? Achas que me estou a divertir? Que ando a brincar contigo?

      Ela ergueu o queixo.

      – Que mais é que podias estar a fazer?

      – La venta! – disparou Cesare. – Estou a dizer-te a verdade!

      Aquilo era demasiado! Estava a levar a brincadeira demasiado longe e Megan não se encontrava em condições de suportar aquela nova forma de tortura.

      – Não me faças isto! – gritou com dor.

      – O que é que se passa? – perguntou ele, emocionado. Megan apenas conseguia negar com a cabeça; estava muda e sentia-se abatida. Então, Cesare aproximou-se dela e, com uma mão, ergueu-lhe a cara para que o olhasse nos olhos. Estava a chorar. As lágrimas corriam abertamente e iam cair por sobre o queixo.

      – Carina, porque é que estás a chorar? Meggie… – sem pensar, da sua boca escapou o diminutivo que ela usara aquando a sua infância. – Diz-me o que se passa.

      Foi o diminutivo que lhe arrasou com as forças que ainda lhe restavam. Senão a tivesse chamado de «Meggie»… daquela maneira. Senão tivesse utilizado aquele nome tão familiar que só as pessoas mais queridas utilizavam, talvez, então, conseguisse resistir.

      Mas proferira-o com um tom e uma expressão tão doce que a transportara até outra época. Um tempo no qual era sempre Verão, o sol brilhava no céu e parecia que nada podia correr mal.

      Um tempo no qual ela sonhava com um futuro feliz… com o dia em que aquele homem a amasse.

      Foi então que soube. Soube que lhe ia contar toda a história.

      Capítulo 2

      – Meggie, conta-me tudo – dessa vez, não pronunciou o seu nome com tanta doçura; a sua indecisão estava a fazê-lo perder a paciência. – Qual é o problema? Preciso de saber.

      Megan continuou muda, incapaz de dizer uma palavra. A expressão severa do seu rosto recordou-lhe o Cesare que ela conhecia, o homem que temera na adolescência. Naquela época, era muito fácil para ele deixá-la muda, temerosa, com a cara vermelha, incapaz de responder a qualquer pergunta.

      E, naquele momento, Cesare estava a ter o mesmo efeito sobre ela.

      – Megan…

      Dessa vez, o seu tom era como uma advertência que piorou a situação. Megan apenas conseguia abanar a cabeça, incapaz de encontrar as palavras para lhe responder.

      – É o teu pai? Estás preocupada com os problemas que ele tem na empresa?

      – Ele contou-te? – inquiriu, surpreendida.

      – Claro que me contou. Acima de tudo, sou amigo dele.

      – E pediu-te que o ajudasses…? Vais ajudá-lo?

      Estava a começar a recuperar um pouco de força nas pernas e parecia que o seu cérebro voltara a funcionar. Se Cesare estava disposto a ajudar o seu pai, ajudá-lo a sair da quase inevitável falência, então, uma das suas preocupações deixava de existir.

      – Vais ajudá-lo?

      Mas foi o rosto masculino que lhe deu a resposta. Distanciou-se dela mentalmente, antes de o fazer fisicamente.

      – Não – respondeu com suavidade.

      – Não? – repetiu ela, incapaz de acreditar no que estava a ouvir. – Negaste-lhe ajuda? Não posso acreditar…

      – Acredita – interrompeu-a bruscamente, infeliz com o rumo que a conversa estava a levar. – O teu pai falou-me dos seus problemas. Infelizmente…

      – É uma desgraça, mas parece que não tens nada a ver com isso – adiantou ela com tal cinismo que o fez pestanejar. – Tens dinheiro para o ajudar. O valor que ele precisa não é nada comparado com a tua fortuna.

      Megan levantou-se e dirigiu-se até ele, desesperada. A fúria que sentia dentro de si provocava-lhe um diferente brilho nos olhos verdes.

      – Claro que tenho dinheiro para o ajudar.

      – Que grande amigo que tu és!

      Cesare suspirou, impaciente.

      – Meggie… – disse com toda a calma. – Não teria sido de grande ajuda. O teu pai sabe disso.

      – Mas eu não! Vais ter que me explicar. E pára de me tratar por Meggie. Podias fazê-lo quando eu era miúda, mas já não sou nenhuma criança. Sou uma mulher com vinte e dois anos de idade e com uma carreira. Cresci muito ultimamente.

      – Não tenho a menor dúvida.

      Cesare olhou-a dos pés à cabeça com os seus olhos escuros. Desde as calças de ganga justas à t-shirt, detendo-se provocantemente na curva dos seus seios. Sem querer, Megan pensou nas mudanças que sentira no seu corpo durante as últimas semanas.

      – Chamo-me Megan e agradecia que te lembrasses disso.

      – Claro – respondeu ele com um sorriso.

      – Estás a gozar comigo?!

      – Não me atreveria – retorquiu, sério.

      A mudança de humor na sua voz


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