Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore

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Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore


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– exclamou ele. – A tua recusa foi... inequívoca, eu diria, não achas?

      – Uma das últimas coisas que o meu irmão me disse, antes de se ir embora, foi que eu não confiasse em Robert – disse ela, enquanto arrumava os frascos de perfume sobre a penteadeira, deixando cair um deles e recolocando-o de pé, em seguida.

      – E tu acreditaste no teu irmão?

      – Claro – respondeu Gabriella, sem hesitar. – O que aconteceu depois de o meu pai morrer prova que Bryce tinha razão. Se Robert fosse um meirinho competente e honesto, eu não estaria endividada neste momento.

      Ela dobrou a écharpe e foi guardá-la no baú, tentando manter a maior distância possível do barão.

      – Mas antes disso, tu tinhas algum motivo para desconfiar dele? – insistiu Etienne, sem alterar o tom brando de voz. Ele deu alguns passos na direcção de Gabriella, que se afastou, apressada, para pegar num vestido que estava sobre a tampa de outro baú. – É do meu entendimento que o teu irmão não gostava de Chalfront porque o meirinho costumava advertir o teu pai para que não lhe desse quantias de dinheiro tão exorbitantes.

      Gabriella passou a dobrar o vestido com movimentos mais lentos.

      – Na fase final da enfermidade, o meu pai falava continuamente sobre algo que não estava certo – explicou, sem olhar para o barão. – E quase sempre mencionava o nome de Robert. Quando a situação financeira do meu pai se tornou conhecida, ficou claro para mim que tanto ele quanto Bryce tinham razão em desconfiar de Robert.

      – E, no entanto, ele insiste em dizer que tentou prevenir o teu pai – A voz baixa e gutural do barão soou perto do ouvido de Gabriella, mas ela continuou a dobrar o vestido, como se a proximidade dele não a perturbasse. – Ele chega a afirmar que ofereceu dinheiro ao teu pai.

      Gabriella não respondeu. No fundo, não queria acreditar em Robert Chalfront. Reconhecia, contudo, que o pai fora um homem demasiadamente generoso, que apreciava o luxo, e a quem talvez tivesse faltado bom senso.

      – O meu procurador não encontrou qualquer sinal de falsificação nos registos da contabilidade. Por outro lado, reconheço que não seria difícil para um meirinho esconder esse tipo de crime. Farei questão que Jean Luc examine tudo outra vez, minuciosamente.

      Gabriella assentiu e mordeu o lábio inferior, e Etienne sentiu-se comovido com aquela súbita fragilidade, que contrastava com a força que ela normalmente demonstrava. Naquele momento, o desejo de Etienne era de abraçá-la e confortá-la.

      A sensação era tão inédita que, de repente, ele sentiu-se sozinho e desamparado, como se sentira anos antes, quando participara do seu primeiro torneio, numa época em que ainda era um jovem inexperiente, ao mesmo tempo assustado e deslumbrado com o mundo dos homens e das armas.

      Na ocasião, no entanto, ele não deixara que as suas emoções transparecessem, e agora também não o deixaria.

      – Se Jean Luc descobrir que Chalfront está a dizer a verdade, tu deves-lhe um pedido de desculpas.

      – Sim, milorde – assentiu Gabriella, secamente. – Se for preciso pedir desculpas, eu pedirei.

      – Se for para pedires com essa falta de graciosidade, será melhor não o fazeres.

      – Com licença, milorde... preciso de ir trabalhar – murmurou Gabriella, séria, enfrentando o olhar do barão.

      Ela virou-se para continuar a guardar as roupas de Josephine, mas ficou imóvel quando a voz do barão reverberou atrás dela.

      – Gabriella... eu lamento o que aconteceu no solário, com o capataz e os outros homens.

      Ela virou-se novamente e surpreendeu-se ao detectar ternura nos olhos azuis, normalmente frios. Desejou que ele a mandasse embora do quarto; ou que ele saísse; ou que Josephine entrasse. Qualquer coisa era preferível do que ficar sozinha com ele, consciente do torpor que lhe roubava a flexibilidade dos membros, do ritmo acelerado do seu coração, do inegável desejo que florescia dentro do seu ser.

      – Não é fácil perder a inocência... a ingenuidade – prosseguiu Etienne. – Mas, infelizmente, o mundo é um lugar ingrato, e todos temos de aprender a lição. Estamos sozinhos no mundo, Gabriella, e não podemos contar com a ajuda de ninguém.

      – Eu... tenho o meu irmão! – protestou Gabriella, debilmente.

      – Que não aparece, e não pode ser encontrado. E todos aqueles camponeses, que tu tanto relutas em abandonar, não te ajudarão.

      – Eles ajudar-me-iam! Se eu estivesse realmente em perigo, eles...

      – Salvariam a própria pele, primeiro. O mundo é assim, Gabriella, e tu precisas de saber disso.

      Ela balançou a cabeça.

      – Eu não acredito.

      – Então, terás muitas decepções na vida – A voz do barão não passava de um sussurro. – Eu poupar-te-ia desse sofrimento, Gabriella. Eu ajudar-te-ia...

      Subitamente, Gabriella visualizou-se a si mesma nos braços de Etienne DeGuerre, a beijá-lo, a acariciá-lo e a ser acariciada. Deitada na cama com ele, a fazer amor... no lugar de Josephine!

      Ela engoliu em seco e deu um passo para trás, horrorizada com a própria reacção. Aquele homem ocupara o seu lar, fizera dela a sua serva... e ela ainda tinha aquele tipo de pensamento?!

      Gabriella abriu a boca para dizer ao barão que não queria a ajuda dele, mas as palavras não saíram, pois ele enlaçou-a com os braços musculosos e puxou-a para junto de si. Ela não se atreveu a olhar para ele nos olhos; contemplou a boca máscula e sensual, a poucos centímetros da sua, e ia baixar o rosto quando Etienne se inclinou e lhe capturou os lábios.

      De repente, nada mais parecia ter importância; quem ele era, o que fizera, por que é que estava ali; a única coisa que importava era a sensação dos lábios dele sobre os seus e a indescritível emoção que tomou conta de todo o seu ser.

      Em toda a sua vida, Etienne nunca sentira uma emoção tão forte ao beijar uma mulher. Era como se Gabriella fosse uma jovem inocente, fascinada pelo primeiro contacto com um homem, e ao mesmo tempo uma mulher experiente e sensual, consciente e segura do seu poder feminino.

      Ele não tivera intenção de beijá-la, mas perdera o controlo quando a tomara nos braços e contemplara a sua expressão ao mesmo tempo tímida e provocante, o peito arfante de expectativa.

      Gabriella gemeu baixinho quando a língua de Etienne lhe invadiu a boca, e arqueou-se para trás, sobre o forte suporte do braço dele. Um desejo intenso explodiu dentro de Etienne quando a sua língua encontrou a de Gabriella; ele acariciou-lhe as costas, sentindo nas palmas das mãos a tensão que a fazia vibrar. O raciocínio e o bom senso abandonaram por completo a mente de Etienne; tudo o que ele queria era prolongar aquela sensação de prazer crescente, extasiante.

      – N... Não! – protestou Gabriella, de repente, desenvencilhando-se dos braços dele e recuando, com os olhos arregalados e a expressão culpada.

      Etienne ficou chocado com a brusca e intensa sensação de vazio que o invadiu.

      – Porquê? – perguntou, determinado a ignorar as emoções que Gabriella despertava dentro de si. Etienne não tinha dúvida alguma de que ela gostara tanto quanto ele. Tentou, contudo, convencer-se de que não passara de uma atracção momentânea. – Tu queres-me tanto quanto eu te quero, Gabriella, ou não me terias beijado assim. Não há mal nenhum num beijo...

      Gabriella baixou o olhar e enrubesceu, e Etienne deu um passo em frente, fazendo menção de a tomar novamente nos braços, atribuindo o protesto dela à timidez. Ela, porém, recuou, com uma expressão tão indignada e contrafeita que Etienne se sentiu como se fosse a própria encarnação do demónio.

      – Isto é mais uma lição sobre a perda de inocência? – investiu ela, condenando-o com o olhar.


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