A volta do sedutor. Barbara Cartland

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A volta do sedutor - Barbara Cartland


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a Itália?

      —Na ocasião Kathy estava apenas com dois anos, e a mãe não pôde suportar aideia de deixar a criança para trás.

      —Mas… o Conde não protestou?

      —Apenas uma vez eu e seu pai falamos sobre o assunto, e o que fiquei sabendo foi que o conde era um homem extremamente orgulhoso. Como inúmeros outros aristocratas ingleses, o Conde de Halesworth preferiu renunciar a tudo a ver o nome da família manchado pelo divórcio, uma vez que, quando este ocorre entre a nobreza, é levado à Câmara dos Lordes.

      —Compreendo. Dessa forma o conde preferiu ficar em silêncio e deixar a esposa partir com a filha. No entanto, na minha opinião ele deveria ter tentado ficar com sua única filha.

      O médico permaneceu em silêncio, e Janet observou logo depois:

      —Imagino que, em se tratando de uma menina, o conde não deu tanta importância ao fato. Se a questão fosse com seu filho e herdeiro, ele se empenharia em tê-lo de volta.

      —Suponho que você esteja certa. Mas no momento o que mais me preocupa é o fato de Kathy estar em contato com a mãe, correndo o risco de contagiar-se. Você não ignora o quanto a moléstia é terrível.

      —Naturalmente, e tal preocupação deve atormentá-lo— Janet observou, penalizada—, mas o que pensa fazer com a garota?

      —Gostaria que ouvisse meu plano. Já discuti cada detalhe com a Condessa, e ela incumbiu-me de lhe pedir encarecidamente que leve Kathy para a Inglaterra e a entregue ao pai. Como você é inglesa, isto facilita as coisas.

      —A Condessa quer mesmo que eu faça isso? Mas eu jamais a vi!

      —Fique sabendo que ela já ouviu falar muito sobre você!— o médico asseverou com um sorriso—, a Condessa sempre foi uma mulher solitária, durante todos estes anos; mesmo a adorando, o Conde não tem condições de ficar sempre junto dela. Se fosse possível, pode ter certeza de que ficaria aos pés da mulher amada noite e dia.

      Ele fez um gesto bem tipicamente italiano.

      —Muitas vezes o Conde tem de retornar à família, passa muito tempo fora, e a Condessa sente-se imensamente só.

      —Ela não tem amigos?

      —Embora pareça estranho dizer, a verdade é que são pouquíssimos seus amigos. Sempre foi difícil para ela fazer amizade com os italianos ou os ingleses, receando que viessem a descobrir que o Conde não era verdadeiramente seu marido. Qualquer lady inglesa a evitaria se soubesse quem ela era e a consideraria uma “mulher de má vida”!

      —Oh… compreendo! Só lamento que papai não a tivesse convidado para nos visitar. Eu teria sido muito bondosa para com ela.

      —Acredito que lorde Compton tenha pensado apenas em você— o médico observou com simplicidade.

      —E agora a Condessa deseja que eu leve sua filha para a Inglaterra.

      —Exatamente. Por essa razão, sugiro que depois do almoço me acompanhe até a villa da Condessa e poderá falar com ela pessoalmente. Vai constatar o quanto a pobre mulher está desesperada para encontrar uma pessoa de confiança para acompanhar sua garotinha nessa viagem tão longa.

      —Posso imaginar e, se me for possível, é claro que acompanharei Kathy até a Inglaterra— uma súbita lembrança fez Janet hesitar—, meu único receio é ter de ir a Londres ainda de luto; terei de falar com as pessoas sobre o papai, o que me fará... sentir vontade de chorar.

      —Nesse caso, o melhor a fazer será ocupar sua mente com outra coisa!— O Dr. Pirelli sugeriu com entusiasmo—, seu pai não gostaria de vê-la em prantos. Lembre-se disso!

      —Tem razão. Ao chegar à Inglaterra talvez eu decida ir para nossa casa de campo, que está fechada todo este tempo, aos cuidados de caseiros.

      —É uma atitude muito sensata! Faça isso até começar frequentar os círculos sociais, como seu pai sempre desejou que fizesse.

      —Não estou bastante segura de que é o que desejo.

      —Pela primeira vez a ouço dizer uma tolice! Ora, você é linda, Janet! Quanto antes passar a conviver com pessoas da alta sociedade, como sua mãe planejou para você, melhor.

      O modo firme como o médico falou fez Janet pensar, divertida, que aquele discurso fora motivado pelo hábito do Dr. Pirelli de estar sempre tentando provocar uma reação positiva num paciente em convalescença, que, depois de uma longa enfermidade, relutava em enfrentar o mundo.

      —Sei exatamente o que quer dizer, caro Dr. Pirelli. Terei de fazer “o que é melhor para mim”. Não foi o que disse quando me convenceu a tomar aquele remédio horrível que me receitou logo que nos conhecemos?

      —Sei que você o fará. E agora, se for bastante generosa, me convidará para o almoço, depois a levarei para conhecer a Condessa.

      Sentada ao lado do médico, que conduzia sua confortável carruagem por alamedas sinuosas, Janet pensava na villa Agnolo, achando extraordinário que, morando tão perto dessa linda propriedade, jamais estivera ali.

      Agora entendia por que o pai sempre tinha tão pouco a dizer cada vez que ela fazia qualquer pergunta sobre aquela villa. Sabia também que todos os seus parentes desaprovariam terminantemente qualquer amizade com uma lady que pudesse ser chamada de “mulher de má vida”.

      Não ignorando que as italianas eram notórias mexeriqueiras, Ja- net duvidava que as mesmas não soubessem que a Condessa di Agnolo estivesse levando uma ”vida dupla”.

      A carruagem entrou na villa, e Janet pôde constatar que, de perto, aquela propriedade era ainda mais grandiosa do que parecia a distância. Veio-lhe à mente que o Conde desejara cercar a mulher que amava de muita beleza.

      Um criado usando libré vistosa e imponente abriu a porta aos visitantes, que foram imediatamente conduzidos por um corredor em cujas paredes pendiam quadros magníficos. Logo Janet encontrou-se em uma das mais lindas salas de estar que já vira.

      Ali tudo era branco: as paredes, as cortinas, o revestimento das poltronas e sofás, os tapetes sobre o assoalho bem lustroso.

      Quadros pintados por grandes mestres italianos enfeitavam as paredes, suas cores vivas emprestavam alegria ao ambiente. Vasos imensos de cristal estavam repletos de flores.

      Janet ficou sozinha na sala enquanto o médico foi por um instante ver sua paciente e saber se realmente se sentia bem e disposta a recebê-los.

      Andando pelo aposento, chamou-lhe a atenção uma estante cheia de lindíssimos e raros objetos de arte, os quais, ela não ignorava, valiam uma pequena fortuna.

      Mal teve tempo de admirar os valioso objetos, pois o médico voltou com um sorriso nos lábios.

      —A Condessa está encantada por você ter atendido seu pedido. Só lhe recomendo que não se demore demais no quarto; ela encontra-se debilitada e não pode se cansar.

      —Compreendo.

      Os dois subiram pela ampla escadaria, e o Dr. Pirelli abriu uma porta. O quarto em que entraram era tão grande quanto a sala de estar logo abaixo dele e achava-se bem claro, embora as venezianas do lado de fora estivessem abaixadas.

      Numa grande cama com baldaquinho, de cujos lados pendiam cortinas de musselina e seda, estava a Condessa, reclinada sobre travesseiros com fronhas enfeitadas com rendas.

      Vendo-a, magra de dar pena, e imóvel, os cabelos tão loiros quanto as primeiras luzes da aurora, achou que ali estava uma das mulheres mais lindas que já vira em sua vida.

      Impressionaram-na aqueles olhos da enferma, orlados de longos cílios escuros e que, naquele rosto magro, pareciam ainda maiores. Eram olhos de uma tonalidade verde-clara com pequeninos pontos dourados.

      A Condessa, ao contrário do que Janet havia imaginado, tinha as maçãs do rosto coradas e não se mostrava abatida, embora a doença a estivesse destruindo.

      Janet


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