Encontro apaixonado. Carol Marinelli
Читать онлайн книгу.que Cecelia ficasse na empresa e ele conseguia sempre o que queria.
– E então? O que querias dizer?
Não era a primeira vez que tentara demitir-se e Cecelia preparou-se para repetir um discurso bem ensaiado. No entanto, ficou em silêncio. Porque, quando Luka olhava para ela nos olhos, como naquele momento, faltava-lhe o ar e não conseguia respirar.
– Vou-me embora.
– O quê? – Luka fingiu que não ouvira bem. Ia obrigar Cecelia a repetir-se e a ser mais explícita.
– Não vou renovar o meu contrato – declarou ela. – Pensei bem e, embora tenha sido um ano extraordinário, preciso de uma mudança.
– Podes ter pensado muito bem, mas não falaste comigo.
– Não preciso que me dês permissão para me demitir, Luka.
Não, não ia ser fácil, pensou Cecelia, depois de mal ter conseguido responder.
Apesar de tudo, já não conseguia aguentar mais e muito menos quando Bridgette ligou para o telefone interior.
– Uma mulher que se chama Katia está na receção e quer ver-te, Luka.
Luka revirou os olhos.
– Estou ocupado.
– Não para de insistir. Aparentemente, tu sabes porquê.
– Diz ao segurança que a deixou entrar que está despedido.
Depois, Luka olhou para Cecelia e acrescentou:
– Porque é que as mulheres se recusam a aceitar um «não»?
– Porque é que o meu patrão se recusa a aceitá-lo?
– Touché – concedeu ele. Foi então que decidiu mudar de tática, procurando a compreensão dela. – Cecelia, um dos motivos por que não tirei o dia hoje, como tencionava fazer, é porque a minha mãe não se sente bem.
– Lamento – respondeu Cecelia. – Se houver alguma coisa que… – Cecelia fechou a boca para não continuar.
– O que ias dizer? – Luka esperou. Ao ver que Cecelia não respondia, acrescentou: – Eu gostaria de te pedir um favor, Cece. Durante os próximos meses, vou passar muito tempo fora. A minha mãe tem cancro e o tratamento vai ser muito difícil e prolongado…
Cecelia pestanejou.
Luka nunca falava da sua família.
– Vou passar muito tempo em Xanero. Tu és uma assistente pessoal extraordinária e espero que saibas como te aprecio. – Luka viu-a a engolir em seco e preparou-se para o golpe de graça. – Neste momento tão difícil, seria muito complicado ter de lidar com uma assistente nova.
– Luka, lamento o que se passa com a tua mãe, mas isso não vai mudar a minha decisão.
Cecelia era tão fria como o gelo. No entanto… Sentiu a sua tensão e também que esses olhos verdes lindos não se atreviam a encontrar-se com os dele.
– Podia pedir-te para ficares mais seis meses? Naturalmente, pagaria por…
– Nem tudo é uma questão de dinheiro, Luka.
Luka sabia perfeitamente que Cecelia o considerava apenas um playboy rico.
Cecelia não sabia nada sobre os começos da sua vida e ele não ia dar-lhe explicações.
Ninguém conhecia a verdade.
Até os seus pais pareciam acreditar na mentira que ele urdira, que o complexo turístico da ilha de Xanero com o seu restaurante famoso fora o começo da sua vida profissional.
Não era assim.
O sexo fora o seu começo.
Turistas ricas em busca de aventuras tinham-no ajudado a sair do limite da pobreza e a desfrutar do seu estilo de vida atual.
A versão mais estéril era que o primeiro restaurante Kargas lhe servira de trampolim na vida.
Mentira, tudo mentira.
Mas não tinha motivos para contar isso a Cecelia.
Luka não tinha de dar explicações à assistente pessoal.
– E se te oferecesse mais férias?
– Já aceitei um emprego.
Ao ver que apelar à sua compreensão não funcionara, Luka tornou-se mais hostil.
– Que emprego?
– Não tenho obrigação de responder a essa pergunta.
– De facto, Cece…
– E não me chames Cece! – exclamou ela. – Luka, por um lado, dizes que aprecias muito o meu trabalho, no entanto, por outro, nem sequer te incomodas em chamar-me pelo meu nome.
Finalmente, fizera com que ela explodisse.
– Vais-te embora porque não te chamo pelo teu nome?
– Não.
– Então, porquê?
– Não tenho obrigação de responder a isso.
– De facto, Ce-ce-lia, se lesses bem o teu contrato, perceberias que não podes trabalhar na empresa de nenhum dos meus adversários e não podes…
– Para, Luka – pediu ela. – Tenho todo o direito do mundo de sair desta empresa.
Era verdade.
– É claro. – Mas não gostava que o fizesse.
– Segundo o meu contrato, tenho de continuar a trabalhar durante mais um mês. Nesse tempo, naturalmente, começarei a procurar uma substituta. A menos, é claro, que tenhas alguém em mente.
– Vou deixá-lo nas tuas mãos.
– Muito bem.
Luka, com um gesto da mão, indicou que podia ir-se embora. Cecelia saiu do escritório, mas não se dirigiu para a secretária.
Uma vez na casa de banho, apoiou-se numa das paredes de mármore.
Fizera-o.
Talvez fosse a pior decisão que tomara na sua vida profissional, mas depressa recuperaria o bem-estar mental e emocional.
Durante o trajeto para o trabalho no metro, pararia de sonhar com ser a mulher deitada por baixo do corpo relaxado e bonito de Luka…
Finalmente, deixaria de sentir cãibras na barriga cada vez que sorria.
Reinaria a ordem sobre o caos que se apoderara do seu coração.
Embora ainda não.
Era verdadeiramente um dia terrível.
Cecelia assinou a entrega do ramo de flores que tinham enviado a Luka e, estupidamente, leu o cartão.
A oferta de Katia era extremamente explícita.
Cecelia pôs o cartão no envelope e levou as flores para o escritório de Luka.
– Isto é para ti.
– De quem?
– Não sei.
Luka tirou o cartão do envelope, leu-o e atirou-o para o lixo.
– Fica com elas, se quiseres – ofereceu, apontando para as flores.
– Não, obrigada.
– Então, deixa-as num sítio onde não as veja.
Para evitar a tentação, quis perguntar ela.
Mas, é claro, não perguntou.
Então, a rececionista do vestíbulo cometeu um erro e passou uma chamada a Luka, mas, por sorte, Cecelia estava no escritório de Luka e atendeu o telefone.
–