Uma esposa perfeita. Julia James

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Uma esposa perfeita - Julia James


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contínua e descaradamente, que deviam casar-se. No entanto, não teria sentido casar-se com Nadya, pois, com isso, não obteria nada que não tivesse conseguido antes.

      Agora, queria mais do que o estatuto de celebridade. Queria dar um passo em frente na vida, conseguir o seu próximo objetivo.

      Nadya fora um troféu, a celebração da sua chegada ao mundo dos mais ricos, mas o que queria agora era uma esposa que completasse a imagem que procurara durante toda a sua vida.

      A sua expressão toldou-se, como acontecia sempre que as lembranças o invadiam. A aquisição de uma fortuna vasta e de tudo o que vinha com ela, desde a casa no exclusivo Cap Pierre até à sua relação com uma das mulheres mais bonitas do mundo e todos os luxos que podia permitir-se, tinham sido apenas os primeiros passos na transformação do filho ilegítimo, um «inconveniente embaraçoso» dos pais odiados.

      Uns pais que o tinham concebido com a despreocupação egoísta de uma aventura adúltera para o rejeitarem quando nascera e o deixarem com uma família de acolhimento como se não tivesse nada a ver com eles.

      Bom, demonstrar-lhes-ia que não precisara deles e que conseguiria o que eles lhe tinham negado com o seu próprio esforço.

      Enriquecer demonstrara que era um filho digno do magnata naval grego que o concebera, mas decidira que o seu casamento devia demonstrar que estava à altura da sua mãe francesa aristocrata, habilitando-o a viver nos mesmos círculos sociais do que ela, mesmo que fosse apenas um filho indesejado e ilegítimo.

      Virou-se abruptamente para entrar no quarto. Tais pensamentos e tais lembranças eram sempre tóxicos e amargos.

      Lá em baixo, na piscina, Nadya saiu da água e olhou para a varanda deserta, fazendo beicinho.

      Diana tentava disfarçar o seu aborrecimento enquanto os oradores falavam sobre negócios e regras fiscais, assuntos de que ela não sabia nada e que lhe importavam menos. Fora àquele jantar num dos edifícios mais emblemáticos de Londres porque o seu acompanhante era um antigo conhecido, Toby Masterson.

      O homem com quem tencionava casar-se.

      Porque Toby era rico, muito rico. Herdara um banco, de modo que poderia financiar as reformas de Greymont. E também era um homem por quem nunca se apaixonaria.

      Os olhos cinzentos de Diana toldaram-se. Isso era bom porque o amor era perigoso. Destruía a felicidade das pessoas e arruinava vidas.

      Destruíra a vida do pai quando a mãe os trocara por um magnata australiano. Aos dez anos, Diana descobrira o perigo de amar alguém que não se importaria de lhe partir o coração, como a mãe partira o coração do pai.

      Desde esse momento, o pai tornara-se muito protetor com ela. Perdera a mãe e não ia permitir que perdesse a casa que tanto amava, a sua querida Greymont, o único lugar onde se sentira segura depois do abandono da mãe. A vida mudara dramaticamente, mas Greymont era uma constante. O seu lar para sempre.

      O pai sacrificara a oportunidade de encontrar a felicidade num segundo casamento para que nenhum outro filho tivesse prioridade sobre ela, para se certificar de que ela herdava a casa familiar.

      Contudo, se quisesse deixar Greymont aos seus próprios filhos, teria de se casar e, embora não quisesse arriscar o seu coração, tinha a certeza de que conseguiria encontrar um homem suficientemente compatível com ela como para que o casamento fosse suportável.

      Sempre pensara que teria tempo para procurar esse homem, mas, agora, com a sua situação económica desesperada, precisava de um marido rico depressa e não podia ser exigente.

      Olhou para Toby enquanto ouvia o orador e sentiu um aperto no coração.

      Toby Masterson era afável e de bom caráter, mas também desesperadamente aborrecido e pouco atraente. Embora não se arriscasse a casar-se com um homem por quem pudesse apaixonar-se, gostaria que fosse um homem com quem o ato de conceber um filho não fosse… repulsivo.

      Sentiu um calafrio ao pensar no excesso de peso de Toby e nas suas feições roliças. Não era a sua intenção ser cruel, mas sabia que seria desagradável suportar os seus abraços trôpegos…

      «Serias capaz de suportar isso durante anos e anos, décadas?»

      Tentando pensar noutra coisa, olhou para os convidados do jantar, os homens de smoking e as mulheres com vestidos de noite.

      E, de repente, no meio do mar de pessoas, o olhar concentrou-se num em concreto. Um homem cujos olhos escuros estavam fixos nela.

      Nikos recostou-se na cadeira, com um copo de conhaque na mão, indiferente ao orador que falava sobre negócios e regras fiscais que ele já conhecia. Não estava a pensar nisso, mas na mulher que seria a sua esposa e um troféu. A mulher que, agora que conseguira uma fortuna que poderia rivalizar com a do pai odiado, seria o meio para entrar na elite social da mãe aristocrática, mas desalmada. Demonstraria a si próprio, ao mundo e, sobretudo, aos seus pais que o seu filho indesejado triunfara sem eles.

      Nikos franziu o sobrolho. O casamento devia ser um compromisso para o resto da vida, mas queria isso? Depois de dois anos, começara a cansar-se de Nadya. Queria um casamento para o resto da vida ou, quando conseguisse uma esposa e o seu lugar no mundo, poderia livrar-se dela?

      Não haveria amor na relação porque era uma emoção desconhecida para ele. Nunca amara Nadya e Nadya também não o amara, simplesmente, usavam-se um ao outro. O casal que o criara também não o amara. Não eram más pessoas, simplesmente, eram desinteressados e não tinha contacto com eles.

      Quanto aos seus pais biológicos… Nikos torceu o nariz. Teriam pensado que a sua aventura adúltera e sórdida era amor?

      No entanto, incomodava-o pensar neles e voltou a pensar na sua esposa troféu. Primeiro, pensou, teria de acabar a sua relação com Nadya, que estava num desfile de moda em Nova Iorque. Dir-lhe-ia com tato, agradecendo o tempo que tinham passado juntos. Dar-lhe-ia um presente de despedida, as suas esmeraldas favoritas, e desejar-lhe-ia o melhor na vida. Sem dúvida, ela estava preparada para esse momento e já teria um sucessor à espera.

      Como ele estava a planear escolher a próxima mulher da sua vida.

      Nikos relaxou os ombros e bebeu um gole de conhaque. Fora a Londres numa viagem de negócios e fora àquele jantar para fazer contactos. Olhava preguiçosamente para todos, identificando aqueles com que lhe interessava falar quando o orador tedioso acabasse o discurso.

      Estava a pousar o copo na mesa quando o seu olhar se fixou num rosto. Uma mulher sentada a alguns metros dele.

      Era extraordinariamente bela, com um estilo diferente das feições fogosas e dramáticas de Nadya. Aquela mulher era loira, com o cabelo apanhado num coque francês elegante, pálida, com uma compleição de alabastro, olhos claros e uma boca perfeita e destacada por um batom de cor discreta. Parecia remota e ausente. Era uma beleza gelada.

      Uma donzela de gelo que parecia dizer: «Olhar, mas não tocar.»

      Imediatamente, era o que Nikos queria fazer. Aproximar-se dela, acariciar esse rosto de alabastro e sentir o cetim frio da pele pálida por baixo dos dedos, deslizar os polegares sensualmente pelos seus lábios, ver a reação naqueles olhos claros e fazer com que o olhar gelado se derretesse.

      A intensidade desse impulso surpreendeu-o e, sem se aperceber, apertou o copo de conhaque. Uma esposa troféu era o próximo item na sua lista de objetivos, mas não tinha de a procurar imediatamente. Não havia nenhuma razão para não desfrutar de uma aventura temporária antes de procurar uma esposa.

      E acabara de encontrar a mulher ideal para esse papel.

      Fazendo um esforço, Diana desviou o olhar do estranho e, finalmente, o orador acabou o seu discurso.

      – Ainda bem – comentou Toby. – Lamento ter-te feito suportar este discurso.

      Ela esboçou um sorriso amável, pensando no homem que a observava do outro lado da sala. A imagem parecia gravada na sua mente.

      Moreno, de pele bronzeada, cabelo


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