Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes


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com A ponte japonesa pendurado na parede acima da cama. Que bálsamo! Adoro Monet, meu Deus! E com a televisão ligada também. Que desleixado! Pensei. Caminhei vagarosamente até o banheiro, apreciando a clássica decoração inspirada no estilo Luís XVI. Dois pequenos abajures, um de cada lado da cama, uma cortina de tecido grosso de cor pastel e com bordas vermelho escuro, duas poltronas aveludadas brancas e um tapete de cor dourado envelhecido, que cobria o assoalho de madeira fina, ofereciam um ar imponente ao ambiente. No banheiro, o aroma do Givenchy Gentleman me recepcionou. Será que ele só usa Givenchy porque está em Mônaco? Não importa. Pensei. Precisava de um calção. Procurei nas gavetas e achei dois, um preto de cintura larga, e um branco, de cintura ajustável. Não poderia usar o preto, era largo demais e eu iria me perder lá dentro. Sobrou-me o branco. Ainda bem que estou de cueca preta. Pensei. Tirei minhas roupas e sapatos e dispus tudo sobre a cômoda do espelho. Vesti o calção e ajustei a cintura. Realmente estou muito magro. Papai está certo. Tomei um dos pares de sandálias de dedo que estavam ao chão do banheiro e virei-me para sair. Foi quando me assustei. Oh, meu Deus! O que ele está fazendo aqui? Não acredito que estava me olhando trocar de roupa! Que ódio! Que ódio, meu Deus! Pensei. Aidan estava parado na porta da suíte, olhando-me. Meio desconcertado, com a voz gaguejando, sem decidir se seus olhos paravam em minha cintura ou em meu rosto e, coçando sua barba suavemente, disse:

      — É que... eu não lhe disse que... que o calção estava na gaveta do banheiro. Você saiu tão rápido da mesa e... e eu não tive tempo. Fiquei com medo de não achar.

      — Não se preocupe, Aidan. Eu achei — comentei, com indiferença, caminhando em direção à porta.

      — Espere! É melhor levar uma toalha e um protetor. Você tem a pele muito branca. A piscina é coberta, mas entra sol. Eu vou pegar.

      Ele passou por mim em direção ao banheiro, e eu fui ao lugar onde ele estava. Depois, entregou-me uma toalha branca e um protetor solar, comentando:

      — Se você quiser, posso passar nas suas costas.

      — Peço para o meu irmão. Obrigado — e dei as costas para sair, quando ele segurou meu braço e me virou de frente para ele.

      — Olha, Gaius! Sei que as coisas ficaram estranhas entre nós depois do seu aniversário, mas quero que saiba que sinto muito pelo que aconteceu naquela noite. Não foi minha intenção constranger você, eu só... — falou, olhando-me com cara de arrependido.

      — Você só bebeu demais e tentou forçar uma história que não existe entre nós, Aidan! E, por favor, largue o meu braço — completei, irritado, olhando-o nos olhos.

      Depois que ele me soltou, dei as costas, saí da suíte e caminhei em direção ao elevador, que ficava no final do corredor. Quantos quadros bonitos, meu Deus! Este hotel tem bom gosto! Pensei. Ao lado do elevador, um grande espelho refletia a imagem de Aidan, fechando a porta da suíte e encarando minhas costas. Ele vestia somente um calção branco, seus cabelos castanhos estavam molhados e bagunçados, e seus olhos estavam cheios de luxúria. Tenho certeza, meu Deus! Ele quer fazer sexo comigo. Pensei.

      Chegando à piscina, vi meu irmão ao celular. Estendi o protetor diante dele e sentei-me de costas. Marcus falava sobre negócios, enquanto espalhava o protetor solar primeiro em meus ombros, depois no meio das costas, e, por último, já perto das nádegas. Que mãos fortes têm o meu irmão! Pensei. Dei um tchauzinho a ele e mergulhei. Havia poucas pessoas na piscina, talvez três ou quatro casais, mais dois homens e algumas crianças. A água estava morna, e eu nadava de uma ponta a outra, quando uma câimbra me paralisou.

      — Não acredito! Ai que dor, meu Deus! Está doendo demais! — exclamei.

      A dor era insuportável, e eu fiquei paralisado no meio da piscina na esperança de ela me deixar. Mas não passava e eu fazia cara feia, quando vi que dois homens me olhavam, curiosos.

      — Oi! Você está bem? — perguntou-me um homem de olhos pretos.

      Como não respondi, eles foram em minha direção.

      — Oi! O que você tem? — perguntou-me outro homem, mais jovem que o primeiro, e com a pele queimada pelo sol.

      — É que minha perna está doendo. Acho que é uma câimbra.

      — Vamos tirar você da água, certo? — disse o primeiro homem.

      Eles encaixaram seus ombros sobre meus braços abertos, um de cada lado, ajudando-me a sair da piscina. O homem de olhos pretos segurou-me nos braços e me levava em direção às cadeiras de sol, quando Aidan avistou-nos de longe e correu ao nosso encontro.

      — O que houve? O que você tem? — perguntou, ansioso.

      — Não foi nada. Ele só teve uma câimbra respondeu calmamente o homem que me carregava, enquanto me deitava na cadeira.

      De costas para mim, Marcus continuava ao celular e não viu nada do que acontecia.

      — Obrigado! Por favor, você pode chamar meu irmão? É aquele que está ao celular — pedi ao homem de pele queimada, que parecia ter menos de vinte anos.

      — Está sentindo alguma coisa? — perguntou-me o de olhos pretos.

      — É que está doendo muito — agarrei a perna na tentativa de fazer parar a dor e comecei a chorar.

      — Ei! Calma. Olhe! Eu sou fisioterapeuta. Vou fazer uma massagem e, logo, vai passar. Certo?

      Aidan, rapidamente, trouxe um óleo para a pele, e o homem massageava minha perna, enquanto conversava comigo. Dizia-me ele que ter câimbra em piscinas é normal, e, também, que certos alimentos ajudam a evitá-las, e ficou a citar alguns. Sorridente, afirmou que iria pedir à minha mãe para cuidar melhor da minha alimentação. Naquele instante, fitei-o.

      — Minha mãe morreu há alguns meses — comentei baixinho.

      Ele enrubesceu e se desculpou pelo comentário:

      — Eu não sabia. Sinto muito.

      Era tarde demais, pois o choro havia se apossado de mim.

      Marcus e o outro homem chegaram e encontram Aidan agachado, tentando me consolar, o fisioterapeuta em pé, e eu, chorando.

      — Ei, maninho. O que foi? O que houve? — perguntou meu irmão, beijando-me o rosto, tentando me acalmar.

      — Eu... eu quero ir embora — disse eu, e enxugava as lágrimas com as mãos, tentando não tremer o queixo.

      Aidan explicava que eu tive uma câimbra na piscina e que aqueles homens me ajudaram.

      — Olhe, maninho. Foi só uma câimbra. Já vai passar. Calma, certo? — repetia Marcus, acarinhando-me os cabelos.

      Meu irmão apresentou-se aos homens que me ajudaram e franziu a testa ao olhar para o fisioterapeuta. Então, falou:

      — Conhecemo-nos de algum lugar? — olhando-o, curioso.

      Foi quando uma surpresa invadiu meus ouvidos.

      — Acho que estive no apartamento do Senhor em Nova Iorque com Richard no aniversário dele. Sou Pablo, e este é o meu irmão Juan.

      Parei de chorar no mesmo instante. Olhei para eles dois e pensei: O quê? Que mundo pequeno, meu Deus!

      Ao lado da piscina, um espaço aberto permitia que respirássemos o ar daquele entardecer. O sol se escondia lentamente diante de nossos olhos. A noite dava as caras em Monte Carlo, e os últimos raios do crepúsculo só poderiam ser apreciados por mais alguns instantes antes de ela firmar-se por completo. A tarde aquecida dava lugar ao vento refrescante e agradável da noite. Mais parecia vento de verão, mas não era, pois estávamos no inverno. Lembro-me bem que aquela mescla de vento, pôr do sol e chegada da noite tornou-se mágica para mim. Aquilo me despertou sensações e desejos. No dia seguinte àquele é que descobri que eu não estava inebriado de alguma força sobrenatural e sob os efeitos das belezas da natureza. Era bebida mesmo. Eu estava


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