Vingança Do Coração. Barbara Cartland

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Vingança Do Coração - Barbara Cartland


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      Vingança do Coração

      Barbara Cartland

      Barbara Cartland Ebooks Ltd

      Esta Edição © 2014

      Título Original: “Revenge of the Heart”

      Direitos Reservados - Cartland Promotions 2014

      Capa & Design Gráfico M-Y Books

       m-ybooks.co.uk

      Nota da Autora

      Durante o reinado do Czar Alexandre 111, da Rússia, os judeus foram perseguidos cruelmente. Outra perseguição desse porte, só se deu cinquenta anos mais tarde, quando Adolf Hitler assumiu o Poder, na Alemanha. O Czar ordenou que um terço dos judeus fosse exterminado. Um terço deveria emigrar e o outro terço deveria ser assimilado.

      Tal programa de terror resultou na morte de milhares de judeus, na confiscação de seus bens e na emigração de 225.000 deles para a Europa Ocidental.

      Em 1892 o irmão do Imperador, o Grão-Duque Serge, provocou o terror entre pequenos artesãos e comerciantes judeus, que viram suas casas cercadas pelos cossacos durante a noite. Tirados de suas camas enquanto dormiam, foram expulsos ou mortos, acusados de traição ou de outros crimes.

      Em meados de 1894 o Czar ficou gravemente enfermo, com hidropisia. Essa doença foi consequência de um desastre de trem que afetou seus rins. Depois de sofrer horrivelmente, o Czar morreu a 11 de novembro de 1894.

      O Príncipe Nicolau, filho do Czar Alexandre II1, foi coroado como Czar Nicolau II e reinou até 1917. Em 1918 ele e sua família, foram assassinados pelos bolchevistas.

      CAPÍTULO I

       1894

      Warren Wood entrou no Hotel Maurice e se apresentou ao rececionista. Warren havia estado ausente da Europa durante quase um ano e somente depois de o rececionista encaminhá-lo para o gerente é que ele foi reconhecido.

      –Que prazer vê-lo novamente, monsieur Wood!– disse o gerente em um inglês perfeito–, espero que tenha apreciado sua viagem para o exterior.

      “Viagem” não seria bem o termo que Warren usaria para descrever sua ida ao norte da África, onde ele havia experimentado momentos de grande prazer mas, também, muito desconforto e por inúmeras vezes, perigo de vida.

      Entretanto, ele estava contentíssimo por estar de volta a Paris e não queria perder tempo com conversas. Perguntou apenas se havia quarto para ele, de preferência o mesmo onde sempre costumava ficar. Depois pediu que sua bagagem, que havia ficado guardada no Hotel durante quase um ano, fosse mandada para seu quarto.

      O gerente prometeu-lhe providenciar tudo imediatamente, com toda a gentileza que caracteriza os franceses.

      Como Warren fizesse menção de se afastar, o gerente disse-lhe:

      –Há correspondência para o senhor. Quer que eu a apanhe agora ou prefere que seja mandada daqui a pouco para seu quarto?

      –Posso pegá-la agora se estiver à mão.

      O gerente entrou em um pequeno cômodo e voltou com uma porção de cartas amarradas com um cordão, formando um grande pacote.

      Warren Wood apanhou o pacote e esperou que um dos pajens trazendo sua mala fosse à sua frente para indicar-lhe seu quarto.

      O quarto, apesar de não ser o mesmo onde ele sempre costumava ficar, era idêntico e ficava também no quarto andar, dali tinha-se uma vista maravilhosa dos telhados das casas e das árvores de Paris.

      Enquanto esperava pelos carregadores com sua bagagem, Warren ficou à janela, achando que não podia haver algo mais lindo que Paris banhada pelos raios do sol da tarde.

      Bem acima das casas com suas janelas cinzentas erguia-se, majestosa, a Torre Eiffel, com seus trezentos metros de altura. A Torre havia sido concluída cinco anos antes, para uma exposição. Quando viera da estação, Warren havia admirado a Torre , um marco inconfundível da cidade luz.

      Toda aquela estrutura rendada de metal, era para os franceses, orgulhosos de sua pátria, o símbolo da criatividade, do vigor e do brilhantismo da França.

      No momento, entretanto Warren estava interessado em seus próprios sentimentos de frustração e desespero.

      Como se a Torre , cujos contornos se delineavam contra o céu, o fizesse lembrar de algo que ele estivesse determinado a esquecer, Warren afastou-se da janela. Deu gorjetas aos carregadores que esperavam à porta, sentou-se em uma poltrona e começou a olhar a correspondência.

      Para surpresa dele, havia tantas cartas que ficou pensando em quem poderia se preocupar em escrever-lhe, desde que deixara a Inglaterra, além de sua mãe.

      Depois de desamarrar o cordão, rasgou também a tira de papel que envolvia as cartas, olhou para uma delas no alto da pilha e ficou rígido. Não podia acreditar no que estava vendo!

      Mas não havia engano, a letra floreada, o envelope azul-claro, o suave perfume de magnólias, tudo lhe era tão familiar, tudo refletia tão bem a personalidade da remetente!

      Warren ficou com o envelope em suas mãos, fitando demoradamente, como se estivesse fascinado.

      «Por que iria Magnólia, justo ela, escrever para mim e ainda aqui para Paris?”» ele se perguntava.

      Naturalmente, havia conseguido o endereço dele com sua mãe, que era a única pessoa a saber onde ele se hospedaria ao voltar da África e antes de ir para sua casa, na Inglaterra. Porém, se havia uma pessoa de quem ele não queria nem ouvir falar naquele momento era Magnólia.

      Então, franzindo levemente as sobrancelhas e apertando os lábios, abriu o envelope.

      Warren Wood era um homem excessivamente atraente. Sua aparência, entretanto, não era mais aquela de antigamente, que o qualificava de elegante, frequentador de altas rodas e presença obrigatória em todos os eventos sociais importantes. Agora desaparecia o dândi para ceder lugar a outro Warren mais másculo, mais duro e insensível e até mais cruel.

      Teria sido impossível viver todas as experiências que partilhara com Edward Duncan sem ter aprendido que a vida não é apenas uma sucessão de prazeres e diversões, como havia sido para ele no passado. Sua vida, doravante, jamais voltaria a ser a mesma.

      Às vezes, na África, Warren havia pensado que não suportaria viver sem conforto, mas devia admitir que o Warren dândi, havia sido derrotado pelos elementos, pela comida intragável e sobretudo, pelos camelos.

      Ah, os camelos! Que animais desagradáveis, difíceis de lidar e fedorentos! Os camelos cheiravam tão mal, que até acostumar-se mais com eles, Warren sentia náuseas.

      Só depois de meses de sofrimento ele aprendera a dominar os horríveis animais, mas eram os cavalos que ele amava e não podia imaginar sua vida sem eles ou sem cachorros.

      Warren pensava até que os camelos faziam-no lembrar de alguns amigos e conhecidos. Uma vez ele dissera a Edward:

      –Certamente, no futuro, vou fugir dessas pessoas sempre que puder!

      Edward rira daquela observação tão zombeteira. Quando os dois amigos se separaram, na manhã anterior, em Marselha, Edward dissera:

      –Adeus, Warren! Não tenho palavras para lhe dizer o quanto apreciei sua companhia e que grande prazer foi tê-lo comigo.

      Havia tanta sinceridade na voz de Edward que Warren se sentiu ligeiramente embaraçado, pensando em quantas vezes ele havia maldito sua sorte por ter aceito o convite de Edward. Entretanto, sabia, ao repassar na memória os longos meses ao lado do amigo, que aquele tempo todo servira para enriquecer seu caráter, alargar-lhe os horizontes de maneira inimaginável.

      Todavia, ali estava ele, de volta á Europa, diante de uma carta de Magnólia. Sim, a mesma Magnólia que ele procurara esquecer quando partira para a África.

      Como se lembrava


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