Vingança Do Coração. Barbara Cartland

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Vingança Do Coração - Barbara Cartland


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dela.

      Warren apenas olhava os jovens com complacência e se orgulhava da graça e comunicabilidade da noiva. Apesar de adorar patinar sobre o gelo, não gostava de fazê-lo com aqueles garotos ruidosos que gostavam de acrobacias e tinham mais prazer nas competições do que no esporte em si. Por isso Warren deixou a companhia dos mais jovens e foi cavalgar com o tio.

      O Marquês, devido à idade, preferia esportes mais suaves. Enquanto cavalgava, o velho nobre ia contando ao sobrinho a situação de suas terras e de seus bens.

      Falou sobre as providências que já havia tomado para deixar tudo em ordem para Raymond poder administrar com eficiência o que por herança lhe caberia.

      Entretanto, o Marquês sabia que o filho era ainda muito irresponsável e não se interessava pelos negócios do pai.

      Assim, o Marquês resolveu abrir-se com o seu sobrinho e pedir sua ajuda.

      –Gostaria que Raymond fosse um pouco mais ajuizado e tivesse maior interesse pelo patrimônio que herdará de mim. Por favor, converse com ele. Faça-o ver que propriedades enormes como as minhas só podem ser administradas se o dono controlar tudo que está sendo feito e todos os empregados que trabalham para ele.

      –Tenho certeza de que Raymond compreende tudo isso, tio Arthur, mas ainda é jovem. Esta manhã, por exemplo, ele e seus companheiros pareciam um bando de crianças brincando uns com os outros. Com o tempo vai ficar mais ajuizado e será um ótimo administrador destas terras e de todos os seus bens. Será assim como o senhor.

      –Queira Deus! Sinceramente, é o que desejo– murmurou o Marquês.

      Depois, mudando de assunto, ele continuou:

      –Agora quero lhe falar sobre o nosso novo capataz. Parece que o homem não está se ajeitando muito bem com o tipo de serviço…

      E lá foram os dois conversando enquanto cavalgavam até que, vendo que entardecia, retornaram a Buckwood.

      Já escurecia e os patinadores haviam voltado do lago. Estavam todos ao redor da mesa de bilhar. Continuavam com suas brincadeiras, piadas e a algazarra costumeiras. Warren os observava e se enternecia olhando para Magnólia.

      Ela parecia muito feliz e estava linda com as faces coradas e os cabelos agora soltos, levemente desalinhados.

      Queria tomá-la nos braços e beijá-la, mas quando tentou tirá-la da companhia dos jovens, ela lhe disse baixinho que talvez fosse um erro se desaparecesse do salão.

      –Amo-o demais querido, mas devemos ser muito, muito cautelosos– ela disse com ternura.

      Ele compreendeu e foi até a biblioteca para ler os jornais recém-chegados de Londres.

      Enquanto se dirigia para a biblioteca, pensava em como Magnólia era adorável e como se adaptava bem a cada situação. Sem dúvida, ela seria uma esposa perfeita.

      Somente quatro dias mais tarde, quando os dois voltavam para Londres foi que a bomba explodiu.

      Depois de saber a verdade, Warren pensou melhor em tudo que havia acontecido e viu como havia sido um perfeito idiota por não perceber o que acontecia diante de seus próprios olhos.

      Todas. as noites, em Buckwood, havia bailes. Para essas festas vinham rapazes e moças das fazendas vizinhas, a convite de Raymond. A mansão vivia dias alegres e movimentados.

      Raymond organizara tudo com muita habilidade. Primeiro tocavam valsas, bem do agrado dos mais velhos e Warren as dançava com Magnólia.

      Depois era a vez das barulhentas e vivazes quadrilhas, além de lancers e reels, estas duas danças escocesas, as quais eram dançadas em ritmo alucinado, rapazes e moças rodopiando entre gritos de alegria e risos descontraídos.

      Tudo parecia próprio dos jovens e era muito divertido, o que fez Warren pensar que estava ficando velho para tanta agitação e barulho. Todavia, alguns anos antes, o próprio Príncipe Charles havia lançado a moda das brincadeiras e dos chistes nas festas, nas quais ele próprio se divertia a valer.

      Agora Warren percebia que apreciava bem mais uma partida de bridge.

      Foi somente quando vira Raymond conversando baixinho com Magnólia na véspera de voltarem para Londres, que estranhou aquela intimidade, mas atribuiu ao fato de os dois terem ficado tão bons amigos, e na verdade, até se alegrara com isso.

      Porém, quando voltavam para Londres em um vagão particular, estando a criada de Magnólia no compartimento ao lado do deles, foi que a moça falou, com alguma hesitação:

      –Preciso lhe dizer uma coisa, Warren…

      –O que é minha querida?

      –Quero que compreenda que, apesar de eu amá-lo demais, não posso me casar com você.

      –Mas o que está dizendo?– a voz dele soou ríspida pois ele ficara atônito e até pensou que ouvira mal.

      Ela ergueu os olhos suplicantes, dizendo:

      –Por favor, não fique zangado comigo!

      –Claro que não me vou zangar com você! E por que deveria? Não estou entendendo nada do que está falando!

      –Estou dizendo, meu querido Warren, que, apesar de amar você, vou me casar com Raymond!

      Warren apenas olhou fixamente para ela, os olhos muito abertos, sentindo a cabeça girar, sem poder atinar com o significado daquelas palavras cruéis.

      Depois, com uma voz que não parecia a sua, ele disse num ímpeto:

      –Vai casar-se com Raymond? Como?! Ele mal atingiu a maioridade!

      –Ele quer se casar comigo e eu lhe pedi para esperar claro, até eu poder tirar o luto…

      –Então está pensando mesmo em… em fazer isso comigo?– suas palavras saíram trêmulas de indignação.

      –Sinto, realmente, muitíssimo, meu querido Warren, mas tem que compreender.

      –Tenho que compreender o quê?

      Ela hesitou, porém nem precisava dizer nada. Warren pressentiu a verdade.

      –O que está querendo me dizer, é que Raymond vai tornar-se o Marquês de Buckwood!

      –Você mesmo disse que eu era digna de viver em um lugar como aquele!

      –E você fez o possível para conseguir isso, não?

      Ele se sentiu zonzo, parecia que o trem estava dando voltas e mais voltas. Percebeu então que já se aproximavam da estação de Paddington. Magnólia havia calculado até o tempo para fazer aquela revelação horrível coincidir com a chegada deles a Londres.

      Um minuto mais tarde a porta do vagão foi aberta por um carregador, a criada de Magnólia apareceu e não houve mais tempo nem oportunidade de eles continuarem o assunto.

      Uma carruagem fechada estava esperando por Magnólia. Warren ajudou-a a subir, deu-lhe o chapéu e se afastou, caminhando. A carruagem seguiu para o lado oposto.

      Desde que haviam saído do trem não haviam trocado uma palavra. Warren tomou uma carruagem de aluguel e ordenou ao cocheiro que o levasse até seu clube. Estava até trêmulo de ódio.

      Ao mesmo tempo, uma desesperadora sensação de perda irreparável o dominou. Era como se o mundo desabasse sobre sua cabeça.

      Ele havia amado Magnólia como jamais amara mulher alguma!

      Havia acreditado que ela sempre fora sincera quando jurava amá-lo também.

      Agora farrapos soltos de conversas vinham à sua mente.

      –Receio que jamais seremos ricos, minha querida– ele dissera uma vez apesar de meu pai ter deixado uma ótima renda para minha mãe, jamais terei uma fortuna sólida como a do meu tio.

      –Eu o amo pelo que você é– dissera Magnólia com voz suave e melodiosa–,


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