A valsa encantada. Barbara Cartland

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A valsa encantada - Barbara Cartland


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que entendi.

      —Estou expondo uma situação complexa de modo bastante simples.

      —Obrigada pela atenção.

      —Alexander, o Czar da Rússia, almeja anexar a Polônia a seu país. A Áustria não pode concordar com isso, tampouco a Inglaterra e a França. O Czar vem sendo difícil; é magnânimo às vezes, outras vezes calculista e astuto.

      —Parece-me assustador.

      —A grande dificuldade, na minha posição, é conseguir adiantar-me aos opositores, o que só pode ser obtido quando se tem uma ideia do que será dito ou feito. Está me acompanhando?

      —Naturalmente!

      —E um dos meios mais fáceis de antecipar a atitude dos opositores é descobrir seus planos. E, desde o início dos tempos, as mulheres são as confidentes dos homens.

      —E é assim que o senhor pretende que eu ajude?

      Wanda encarou-o. E o Príncipe apreciou a maneira como os olhos dela enfrentaram os seus.

      —É o que peço a você, Wanda. É recém chegada a Viena, é linda e ninguém sabe nada sobre sua pessoa.

      —Mas o Czar pode não gostar de mim… pode não se interessar por mim…

      —É o que veremos logo. Ele tem uma inclinação por mulheres bonitas, nesse terreno você não precisa se preocupar. Ele possui uma amante, madame Marie Narischkin, com quem vive há anos. Contudo, para não causar embaraços à Imperatriz Elizabeth, que também se encontra em Viena, madame Narischkin estabeleceu-se nos arredores da cidade.

      —Mesmo assim… não sei…

      —Perdoe-me se lhe falo francamente, mas é importante que saiba tudo.

      O Príncipe Metternich fez uma pausa antes de continuar:

      —Madame Narischkin exerce extraordinária influência sobre o Czar. Mas, enquanto ela se permite ter outros amantes, exige absoluta fidelidade da parte do soberano. Meus informantes dizem que ele observa isso ao pé da letra, mas só em público. Em segredo, faz amor com muitas mulheres e tem insaciável interesse pelo sexo oposto. É tudo. Fui claro?

      —Claríssimo. Mas como me poderei encontrar com o Czar? Por onde devo começar?

      —Tudo será arranjado— respondeu o Príncipe—, você apenas precisa agarrar a oportunidade quando ela se apresentar e ouvir o que ele disser. Homens falam sempre, Imperadores ou lacaios, Príncipes ou mendigos. Falam se as mulheres em sua companhia são recetivas e demonstram interesse, por menor que seja.

      —E depois?

      —Depois você me contará o que escutou. Mas precisamos ter muito cuidado, nós dois.

      —Em que sentido?— indagou Wanda.

      —Viena é, no momento, um antro de bisbilhotice. Nada se fala numa casa que não chega ao conhecimento da outra. Até as paredes têm ouvidos. Se quer fazer esse trabalho para a Áustria, é essencial que ninguém desconfie de coisa alguma.

      —Entendo muito bem.

      —Ótimo. Para todos você não me conhece, não tem conexão nenhuma comigo, nunca fomos apresentados. Cuidarei para que fique com uma pessoa respeitável que lhe dará acesso às reuniões, as mais conceituadas da cidade. Será conhecida como a filha de Carlotta. Ninguém sabe que eu e sua mãe fomos amigos.

      —Mas… terei chance de vê-lo outra vez, Excelência?

      A pergunta espontânea de Wanda trouxe um sorriso aos lábios do Príncipe.

      —Você me verá muitas vezes, em público e em particular, porém temos de ser discretos. Pode fazer isso por mim, querida Wanda? Peço-lhe esse serviço só porque estou desesperado.

      Wanda suavizou a expressão ao dizer:

      —Farei o que me pedir. Minha mãe falava do senhor frequentemente, e contou-me que era um homem maravilhoso. Sei quanto a Europa lhe deve.

      —Vai ouvir outras histórias bem diferentes sobre mim, Wanda. Lorde Castlereagh, por exemplo, chama- me de “O político palhaço”.

      —Que ousadia!

      —Ele tem o direito à própria opinião como você tem à sua. Mas não demonstre publicamente seu ponto de vista. Acha mesmo que não vai ter medo? Se quiser voltar atrás, entenderei. Arranjarei um local para você em Viena, irá a bailes e a receções, e toda nossa conversa será esquecida.

      Wanda tocou o braço do príncipe.

      —Creio que o senhor não me entendeu bem. Quando disse que amava a Áustria, fui sincera. Estou pronta a morrer por meu país, se necessário for; e se, como declarou, há um jeito em que eu possa ser útil, sinto-me orgulhosa e honrada por ter sido escolhida.

      O Príncipe tomou-lhe a mão. Os dedos de Wanda estavam quentes e ele notaram que as faces dela também queimavam pela intensidade das emoções.

      Tenho orgulho de você— sussurrou ele—, mas agora vá. Não é bom que sua carruagem fique lá fora muito tempo. Não faça segredo de que esteve aqui para me pedir uma audiência, mas diga que não foi recebida. Se alguém lhe perguntar por que me visitou imediatamente após sua chegada, esclareça que considerou cortês apresentar-me seus respeitos ao entrar na capital.

      —E para onde irei agora, Excelência?

      —Para a casa da Baronesa Waluzen, uma prima distante de minha mulher, pessoa de absoluta confiança. Porém, nem a ela revele sua missão. Mais tarde farei arranjos quanto ao modo de nos comunicarmos. E a primeira coisa que deve fazer ao chegar na casa da Baronesa é descansar para o baile de máscaras desta noite.

      —Um baile de máscaras?

      —Sim. Bailes de máscaras são o ponto forte da Convenção.

      Nesses bailes os visitantes de Viena, soberanos, Príncipes, estadistas e pessoas notáveis, misturam-se com a multidão. Qualquer um dança com qualquer um. Todos usam máscaras, mas tomarei providências para que você saiba qual será a fantasia do Czar da Rússia.

      —Tenho de dançar com ele?

      —Sem dúvida. E lembre-se de que um encontro ao acaso é sempre mais interessante que uma apresentação formal.

      —Não posso acreditar em tudo isso!— exclamou Wanda—, que maravilha! Obrigada, muito obrigada!

      Ela inclinou a cabeça e beijou a mão do Príncipe; seus olhos brilhavam como estrelas ao sussurrar:

      —Tive tanto medo quando cheguei aqui e tanto medo de que Vossa Excelência não me recebesse! Mas agora tudo mudou. Sinto-me feliz, tão feliz que não sei como me expressar em palavras.

      —Não há necessidade de palavras, Wanda— ele ergueu com os dedos o rosto dela para poder vê-la melhor—, você não se parece nada com sua mãe, sabe?

      —Nem com meu falecido pai— acrescentou a moça.

      Metternich não manifestou surpresa, e Wanda não entendeu a razão.

      Ele foi para a escrivaninha e escreveu uma breve nota. Entregou-a a Wanda.

      —Isto é para a Baronesa Waluzen. Ela tem minhas instruções para lhe comprar tudo o que necessita. Garanto que, do ponto de vista social, achará Viena um sonho.

      —Um sonho? Que bom!— Wanda pegou o bilhete, foi à porta. Lá, parou e pediu—, há mais uma coisa. Pode dar-me o colar de volta? Pertenceu a minha mãe.

      —Naturalmente! Já ia devolvê-lo, desculpe. Metternich tirou-o do bolso e passou-o para as mãos dela.

      —Minha querida mãe recomendou-me, que devia guardá-lo para sempre— acrescentou Wanda—, foi-lhe dado por uma pessoa muito querida.

      —Ela revelou o nome dessa


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