Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5). Amy Blankenship

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Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5) - Amy Blankenship


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era com eles. O mesmo se aplicava à alcateia.

      Para ele, Michael, Damon e Kane eram uns descontrolados, o que lhes valera a cor amarela e a sua prole desalmada, esgueirando-se pelas sombras da cidade, tinha uma adequada cor vermelho-sangue. Pelo menos, esses cobardes tinham a simpatia de se recolher em grupos durante o dia e tendiam a manter-se em grupos à noite, tornando mais fácil detetar o seu território de alimentação.

      Com os caídos, a história era bem diferente. No início, tinham sido difíceis de localizar, mas recentemente andavam tão instáveis que ele desistira, embora soubesse quando eles estavam por perto – podia senti-los. Pensou na lição de história que tinha recebido de Storm.

      A versão resumida era que os caídos quase tinham destruído o seu próprio mundo ao invadir a nossa dimensão e roubar algumas das nossas mulheres, só porque achavam que elas eram lindas. Roubar humanos ainda só tinha sido o seu primeiro erro. Uma vez chegados ao outro lado do buraco de minhoca, os caídos tinham feito turnos a procriar com as mulheres roubadas.

      O problema é que as crianças que nasceram dessas uniões não eram o que eles esperavam e o nascimento matava sempre as fêmeas humanas.

      Apenas uma pequena percentagem das crianças nasciam caídos de sangue puro e apenas uma em várias centenas era fêmea. O resto eram demónios – híbridos que não sangue puro de nada. A maioria dos híbridos era aquilo a que os humanos chamavam de monstros. Quando esses monstros se viraram contra os seus próprios criadores, os caídos começaram a erradicar todos os híbridos do seu mundo, quer eles fossem monstros ou não.

      Uma vez acabado aquele genocídio, perceberam que agora tinham dezenas de machos para cada fêmea no mundo. Por isso, os idiotas tinham voltado pelo buraco de minhoca, desta vez mantendo as suas criações do nosso lado, ao mesmo tempo que acasalavam com o máximo de mulheres que podiam, o mais rapidamente possível.

      À medida que as crianças nasciam e as mães morriam, os caídos recolhiam os caídos de sangue puro e levavam-nos para o seu mundo, deixando para trás os híbridos. Como não precisavam das crianças do sexo masculino que nasciam, treinavam-nas para lutar contra os seus irmãos mestiços.

      Mesmo antes desses rapazes chegarem à puberdade, os líderes dos caídos enviaram-nos de volta para cá e fecharam o buraco de minhoca entre as duas dimensões, encalhando todas as crianças aqui, à exceção das fêmeas caídas, por quem tinham sacrificado tantas vidas.

      A história não acabava ali. Esses jovens guerreiros tinham sido treinados para fazerem a mesma coisa que os seus pais tinham feito – rasgar aberturas para a dimensão vizinha, desde que não fosse aquela que levava ao seu mundo de origem. Esse novo mundo existia tão próximo de nós que ficava apenas a um piscar de olhos de distância. Seria de presumir que fora daí que surgira a teoria sobre o Inferno. Tão perto que alguns humanos com sentidos mais apurados podiam por vezes vê-lo e senti-lo.

      Ao procurarem os híbridos, os guerreiros descobriram que muitos dos seus rivais eram tão poderosos como os caídos de sangue puro. Houve derramamento de sangue de ambas as partes e também foi documentado que alguns dos caídos foram arrastados para a dimensão alternativa com os híbridos.

      As grandes mentes por trás desses assassinatos que tinham enviado para cá os seus filhos sabiam que era uma sentença de morte. Tinham planeado que os seus descendentes se matassem entre si e limpassem a desordem que eles tinham deixado para trás.

      Apenas uma mão cheia desses rapazes ainda deambulavam pela terra e a maioria era mais nova que a primeira remessa, tendo chegado depois do rescaldo da guerra e dos híbridos se terem dispersado. Na opinião de Ren, era aqui que as coisas se complicavam. Nem todos os híbridos eram propriamente demoníacos. Se não fossem detetados, poderiam misturar-se com os humanos e os animais, uma vez mais reproduzindo-se durante mais de um milénio.

      O grande segredo que Storm tentava proteger era o facto de a maioria das criaturas, metamórficos e lobisomens, ou humanos com a mais pequena capacidade anormal, serem muito provavelmente descendentes de um desses híbridos, incluindo os poderes de súcubo que ele próprio usava para os encontrar e enfrentar. Ren ainda se sentia incomodado com a ideia de ele próprio ser parcialmente híbrido.

      Em sua defesa, Ren tinha quase a certeza de que os demónios que matara no passado não tinham qualidades de redenção, ou então poderia sempre alegar autodefesa, porque eles tinham certamente tentado matá-lo.

      Para tornar tudo ainda pior, Storm ainda tinha largado a bomba de que alguns híbridos originais não eram maléficos, embora transmitissem a mesma aura que um demónio de alto nível. E se isso não lhes desse dores de cabeça suficientes, ainda se juntava o facto de um vampiro nem ser de todo um híbrido, mas algo totalmente diferente que tinha invadido a terra.

      Ren esfregou a têmpora esquerda enquanto olhava para o mapa de grelha. Todas as zonas que encontrara onde sentira um aumento de poder estavam iluminadas com uma luz negra e, tendo em conta que Misery nunca ficava no mesmo lugar, constituíam a maior parte da cidade. Porém, considerando que ela tinha um fetiche por vampiros sem alma, ele só a podia deixar reclamar zonas próximas do ninho dos vampiros.

      Isso deixava muitos poderes por enumerar e algures pelo meio deles estava a razão para a profecia sangrenta de Storm. Por falar em Storm, já não o via desde que tinha levado os seus poderes divinatórios de volta para a ilha e até agora ainda não tinha aparecido ninguém que pertencesse à equipa PIT.

      Ren esboçou um sorriso afetado, sabendo exatamente como atrair a atenção de Storm. Estava tão sintonizado com o sistema informático de alta tecnologia que já não tinha de fazer mais nada a não ser estar na mesma divisão em que ele estava. Observou o ecrã do computador a piscar enquanto se ligava ao sistema principal da PIT, depois introduziu o mapa de grelha por entre as densas firewalls que apenas ele e Storm conseguiam contornar.

      Geralmente, apenas esperava alguns minutos até Storm responder ou aparecer, por isso quando os minutos foram passando sem resposta, Ren ficou preocupado. Depois o ecrã piscou.

      Storm surgiu no ecrã para que Ren o visse e baixou um pano manchado de vermelho do seu nariz, antes de se reclinar na cadeira e sorrir para Ren através da webcam.

      Ren franziu o sobrolho perante a cena e reparou que Storm estava em casa, na ilha. “Estou surpreendido por não teres aparecido em pessoa, mas realmente parece que andaste outra vez a quebrar as regras” – censurou Ren, com uma sobrancelha levantada.

      “O fluxo de tempo na tua zona está a impedir-me de saltar e a dar-me uma dor de cabeça do caraças.” Storm explicou-se segurando no lenço ensanguentado no punho.

      “Então pára de tentar” – retorquiu Ren.

      Storm acedeu – “Vamos ter de nos manter em contacto desta forma até as coisas acalmarem um pouco do teu lado. Por agora, vais ter equipas PIT a chegar e está na altura de aprenderes a trabalhar com eles para o bem de todos. Já que tens memória fotográfica e já leste os ficheiros deles, de certeza que vais saber mais sobre eles do que eles sabem sobre eles próprios.”

      “Então vais finalmente pôr-me no meio de um monte de pessoas com poderes? Isso será uma jogada inteligente? E se eu não me conseguir controlar?” Ren fez a pergunta desagradado com a ideia de trabalhar com mais alguém para além de Storm.

      Storm sorriu e encolheu os ombros – “A prática leva à perfeição, Ren e tu estás prestes a ter um curso intensivo sobre interação humana. O Zachary e a Angelica vão mudar-se para aí para poderem aceder ao banco de dados e a todo o equipamento que guardei no castelo. Também vão tratar da maioria das equipas PIT que vão chegar aí. Quanto a ti, o teu trabalho é tentar descobrir o que raio é que está a provocar o fluxo de tempo e a barrar-me o acesso à zona.”

      Fez uma pausa de alguns segundos antes de se inclinar na direção do ecrã. “Tens gente à tua porta.”

      O vídeo perdeu a ligação subitamente, deixando Ren a olhar para o ecrã com ar surpreso. Uma batida forte na porta fê-lo olhar para a entrada e depois de volta para o ecrã vazio.

      “Detesto quando ele faz isto.” Ren resmungou e levantou-se da cadeira, pegando nos óculos de sol para esconder


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