Levada pelos seus parceiros. Grace Goodwin
Читать онлайн книгу.nesta sala a minha oportunidade de sair do planeta, então, eu queria saber. — Qual era o nome dele?
A Guardiã Egara franziu a testa. — De quem?
— Do meu parceiro?
Ela hesitou, como se fosse divulgar segredos de estado, depois, encolheu os ombros. — Príncipe Nial. O filho mais velho do Prime.
Eu ri, porque se eu tivesse saído da Terra teria me tornado verdadeiramente numa princesa. Emparelhada com um príncipe alienígena, em vestidos de baile e sapatos ridículos, com os meus longos cabelos loiros domados não por um rabo de cavalo normal, mas por presilhas decoradas com joias e tranças elaboradas mais adequadas ao meu status real. Céus, eu teria que usar rímel e batom, visto que a minha tez pálida não era tão bonita com a cara limpa.
Uma princesa? De modo algum. Talvez esse tenha sido o motivo de eu ter sido rejeitada. Eu não era de modo e forma alguma uma Cinderela.
— Creio que tenha sido melhor assim, Guardiã. Eu não sou o tipo de garota que sirva para princesa. — Eu era mais hábil com uma adaga do que com um palavreado polido de político, era mais apta com uma espingarda do que na pista de dança. E isso, tristemente, era a simples constatação dos fatos. Quem quer que fosse esse tal Príncipe Nial, ele tinha se safado e bem.
De mim.
Talvez esse príncipe ficasse muito melhor sem mim. Aquilo não significava que lá no fundo, onde as emoções daquela outra mulher na cerimônia de reivindicação se mantinham, no sonho onde, há alguns momentos, eu sabia o que era ser desejada, amada, fodida e tomada pelos parceiros dela, não significava que isso tudo não doía.
Príncipe Nial de Prillon Prime, a bordo da Nave de Combate de Deston
Enquanto eu ia até a tela de visualização para falar com o meu pai, sentia-me dormente. Eu me sentia como se o meu corpo não pesasse quase nada, não mais do que uma criança. Era mais fácil lidar com o meu pai se eu não apresentasse nenhuma emoção.
Os implantes que os ciborgues injetaram no meu corpo durante o meu tempo numa Câmara de Integração da Colmeia eram microscópicos e impossíveis de remover sem me matar. Portanto, eu era considerado contaminado, um perigo para os homens sob o meu comando e para as pessoas do meu planeta. Eu devia ser tratado como um charlatão altamente perigoso. Pelo menos isso era o que todo mundo pensava. Os guerreiros que eram contaminados pela tecnologia da Colmeia normalmente eram banidos para as colônias para viver o resto das suas vidas fazendo trabalhos árduos. Eles não tomavam noivas. E não se tornavam Primes dos mundos gêmeos de Prillon.
O meu direito de nascimento, como herdeiro do Prime e príncipe do meu povo, tinha me impedido de ser banido imediatamente para as colônias, mas havia uma coisa com a qual eu me preocupava mais do que isso e não era a pessoa que preenchia a tela perante mim.
Eu observei cuidadosamente a expressão vazia do homem que tinha o dobro da minha idade. Ele era bastante parecido comigo, só que mais velho e sem implantes de ciborgues. Ele era enorme, com um rosto feroz e uma armadura feita sob medida e concebida para fazê-lo parecer ainda maior do que o seu porte corpulento de dois metros. Ele era o Prime de dois planetas de guerreiros enormes. Ele tinha de ser forte. Uma pitada de fraqueza e os seus inimigos o derrubavam.
Neste momento, eu era a sua fraqueza. Eu era o filho charlatão que tinha se transformado numa ameaça ciborgue perigosa.
— Pai. — Inclinei a minha cabeça ligeiramente, cumprimentando-o, apesar da raiva que percorria o meu corpo. Ele podia ser o meu progenitor biologicamente, mas não era um pai para mim.
— Nial, eu falei com o Comandante Deston. Preenchi uma ordem formal para que seja transferido para as colônias.
Rangi os meus dentes para conter a minha resposta imediata. Tudo isso graças ao fato de estar dormente. Portanto, o meu status como herdeiro legítimo ao trono não me impediria totalmente de ser banido. Ele não se importava minimamente com o fato de eu ser seu filho. Eu estava danificado, destruído pela Colmeia e não era digno de ser um líder. De ser o filho dele.
Alguém lhe passou um tablet e ele leu atentamente o seu conteúdo enquanto falava comigo, não se importando em olhar para cima. — Vou partir para a frente dentro de alguns dias para visitar os nossos guerreiros e avaliar as condições de várias naves de combate antigas. Espero que a tua transferência tenha sido concluída até o meu retorno.
Inspirei fundo e tentei manter o meu tom de voz tão neutro e benigno quanto o dele. — Compreendo. E a minha noiva? Ela deveria chegar pelo transporte há três dias.
— Você não tinha o direito de solicitar uma noiva. Eu tinha um acordo com o Governador Harbart. Você deveria tomar a filha dele como parceira.
Não pude evitar a forma como as minhas mãos agarraram a cadeira que estava diante de mim.
— Harbart era um covarde idiota que planejava me matar e a noiva do Comandante Deston. Por que eu tomaria a filha dele?
O Prime ergueu uma sobrancelha e chegou mesmo a olhar para mim, como se estivesse confuso. — Essa pergunta agora é irrelevante tendo em conta que você é… inadequado para tomar uma parceira. Não vai tomar ninguém. O transporte da tua noiva da Terra foi negado, como é óbvio. Não é permitido a nenhum guerreiro contaminado a honra de ter uma noiva. Você sabe disso. A esta altura, ela provavelmente já foi emparelhada com outro guerreiro que não esteja…
A voz dele falseou e ele inclinou a sua cabeça, estudando-me. Deixei que ele me observasse. Se ele fosse um pai de verdade, olharia para além das modificações ciborgue da Colmeia e veria que eu ainda era a mesma pessoa, ainda era o seu filho. Ainda era o príncipe.
— Que não esteja o quê?
Aquela era a primeira vez que ele me via desde o meu resgate da Colmeia. Com os braços cruzados, deixei que ele observasse o brilho metálico ligeiro na pele do lado esquerdo do meu rosto, a coloração prateada estranha da íris do meu olho esquerdo de agora, que antes era de um dourado escuro. Eu tinha deixado os meus antebraços despidos propositalmente para que ele pudesse ver a folha fina de biotecnologia que tinha sido transplantada em metade do meu braço e parte da minha mão esquerda. Eu queria que ele visse tudo, e que ainda assim visse a mim.
Os olhos dele pairavam no meu braço. — Os implantes e os transplantes de pele metálicos não podem ser removidos?
A minha esperança ridícula morreu com aquela única pergunta. Eu pensei que talvez nada daquilo importasse, mas não. Ele só via aquilo que a Colmeia tinha feito, não o seu filho.
— O Dr. Mordin disse que os transplantes são permanentes. Eles teriam que retirar todo o meu braço para retirá-los.
— Entendo.
— Será que entende mesmo, pai? O que você vê? — Ele não tinha visto os outros transplantes da Colmeia que cobriam metade do meu ombro esquerdo, a maior parte da minha perna esquerda e parte das minhas costas. Eu conseguia ver pela frieza nos seus olhos que o que ele tinha visto já era o suficiente.
O meu pai, o homem que eu nunca amei, mas que respeitei e passei toda a minha vida tentando agradar, balançou a cabeça.
— Eu vejo um guerreiro que já foi o meu filho. — Ele inclinou-se para trás na sua cadeira, e o olhar nos seus olhos tornou-se ainda mais frio. — Você será retirado da lista de herdeiros e transferido para as colônias. Peço desculpa, filho.
— Filho? Filho? Ousa me chamar de filho na mesma frase em que me bane para as colônias? — Ergui o meu tom de voz. Não adiantava nada permanecer calmo. Não ganhava nada com isso.
Ele inclinou-se para frente para cortar a nossa ligação, mas a minha próxima pergunta impediu-o. — E quem será o teu herdeiro?
— Você tem vários primos distantes, Nial. Talvez o Comandante Deston