Uma esposa para o príncipe. Maya Blake

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Uma esposa para o príncipe - Maya Blake


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Mãe…

      – Chegou a altura de ocupares o teu lugar no trono, Remirez. Sei que não me falharás.

      Um minuto depois, Remi saía do escritório. E, como previra antes de entrar, tudo tinha mudado.

      Mais cinco semanas.

      Maddie Myers conteve o desejo de tirar o telemóvel para ver as horas e saber quanto tempo faltava para que aquele pesadelo terminasse.

      Não deveria ter aceitado uma proposta tão absurda, mas as suas opções eram muito limitadas e, quando um luxuoso Lamborghini lhe bateu de lado e agravou as suas desgraças, fazendo-a deixar cair as compras que tinha pago com o último dinheiro que lhe restava, teve de aceitar que a situação era desesperada.

      Por sorte, conseguira escapar do horrível incidente apenas com um par de hematomas, uma pontada de dor nas costelas e um braço dolorido.

      Na verdade, tinha a certeza de que fora o susto de quase ter sido atropelada a levá-la a aceitar a proposta de Jules Montagne. Estava desesperada e quando o proprietário do Lamborghini lhe ofereceu uma solução para os seus problemas…

      Nesse momento estava a pensar vender um dos seus rins, portanto aparecer-lhe um tipo cheio de dinheiro parecera-lhe uma resposta às suas preces. Embora ainda tivesse demorado quarenta e oito horas a aceitar a proposta. Provavelmente porque ele não tinha deixado claro o motivo por que precisava dela. Se aprendera algo na vida era a olhar antes de saltar; a confiança cega já não era um dos seus defeitos.

      Tinha pensado que a sua mãe estaria presente para ajudar a família que ela mesma dilacerara. Tinha confiado no seu pai de cada vez que ele lhe dizia que tinha controlado os seus vícios. E Greg… esse fora o pior de todos.

      Quando Jules Montagne lhe fizera um ultimato: «Sem fazer perguntas», o instinto dissera-lhe para sair a correr. Mas por muitas vezes que revisse a sua conta bancária ou procurasse entre os seus pertences com a esperança de encontrar algo que pudesse penhorar, o resultado era o mesmo.

      Restava muito pouco tempo ao seu pai e não tinha outro remédio senão retribuir o telefonema de Jules. Naturalmente, a sua ajuda não era gratuita, por isso estava vestida como uma cara acompanhante, a ouvi-lo falar com o seu círculo de aristocratas enquanto bebiam litros de champanhe caríssimo na sala VIP de uma discoteca.

      Maddie tinha deixado para trás a eterna questão de «porque é que a vida é tão injusta comigo» e, depois do abandono da mãe, também tinha deixado de pensar que tinha alguma esperança.

      – Sorri! – incentivou-a Jules. – Olhas para o teu copo como se alguém tivesse morrido.

      Ela esboçou um sorriso falso, contendo o desejo de começar a gritar. Não, ninguém tinha morrido, mas o homem que uma vez tinha sido o seu forte e orgulhoso pai, um homem agora tristemente abatido, morreria a não ser que ela interpretasse o seu papel e arrecadasse o pagamento prometido.

      Setenta e cinco mil libras.

      O custo exato da operação aos rins em França.

      A quantia que Jules aceitara pagar-lhe se fingisse ser a sua noiva durante seis semanas.

      Maddie levantou o olhar e deparou-se com os olhos metálicos do seu falso noivo, o homem que mal lhe dirigia a palavra quando se afastavam dos paparazzi que os perseguiam a cada momento.

      – Sorri, chérie – insistiu Jules, com um brilho vítreo nos olhos, antes de continuar a conversar e a rir com os seus amigos.

      Maddie exalou um suspiro de alívio, fazendo uma expressão de dor ao sentir uma pontada nas costelas, e perguntou-se se conseguiria sobreviver àquilo.

      Na primeira vez em que que tinham saído juntos, um jornalista fizera perguntas sobre a família de Jules, especificamente o que pensava «a rainha» do seu comportamento. Maddie quisera saber a que se referia, mas Jules limitara-se a recordar-lhe a regra de não fazer perguntas.

      Embora precisasse de dinheiro desesperadamente, a possibilidade de tornar-se membro de uma família real enervava-a e não tinha a intenção de responder às perguntas dos repórteres. Jules sugerira que levasse auriculares com a música no máximo e foi isso que decidiu fazer. Afinal, não poderia responder a perguntas que não tinha ouvido.

      A sua aparente antipatia devia ter suscitado muitas críticas nas redes sociais, mas o lado positivo de ter vendido o seu computador portátil para comprar comida ou só usar telemóvel para chamadas de emergência permitia-lhe uma abençoada ignorância. Era melhor não saber o que diziam dela.

      E, assim, ali estava, firmemente instalada no país das maravilhas, sem saber por que se fazia passar pela noiva de um homem bonito, caprichoso e talvez membro de uma família real que viajava com dois guarda-costas.

      Jules pediu outra meia dúzia de garrafas de Dom Perignon e depois fez um gesto a um dos seus guarda-costas, com o qual desapareceu nas traseiras da discoteca.

      A suspeita de ter-se aliado a um homem que tinha tomado o mesmo caminho que o seu pai foi suficiente para que se levantasse da cadeira. Não sabia o que faria se encontrasse Jules a tomar drogas, mas não conseguiria conter a raiva.

      Estava no meio da sala quando um alvoroço à porta lhe chamou a atenção. Dois guarda-costas, mais altos e encorpados que os que seguiam Jules, afastaram as pessoas e Maddie ficou sem fôlego ao ver o homem que apareceu atrás deles.

      Gelada, imóvel, estava certa de que o fumo artificial e as luzes da discoteca eram responsáveis pela sua imaginação ao fazê-la ver uma criatura tão magnífica assim à sua frente.

      Mas não, era de carne e osso. E, a julgar pela autoridade com que se movia, e os guarda-costas que formaram uma barreira semicircular ao seu redor, tinha sangue real.

      Havia algo de vagamente familiar nele, embora estivesse certa de nunca ter visto aquela mandíbula quadrada, aquelas maçãs do rosto altas e lábios tão sensuais. Uns olhos como prata derretida brilhavam sob umas sobrancelhas arqueadas enquanto abria caminho entre as pessoas.

      Quando se aproximou, Maddie pensou que deveria afastar o olhar, não por vergonha ou incómodo, mas por instinto de sobrevivência. O desconhecido irradiava um estranho poder que a levava a afastar-se da sua órbita antes que ele a engolisse inteira. E, no entanto, não conseguia mover-se. Não conseguia deixar de olhar para o homem que se movia como um felino à caça. Totalmente magnético, hipnótico.

      Quando se aproximou dela, o seu aroma, tão poderoso quanto o próprio homem, invadiu-lhe os sentidos. Cheirava a gelo e a terra, algo tão especial, tão único que poderia ter ficado ali a respirar durante uma eternidade.

      – Onde está? – perguntou-lhe.

      O seu tom altivo provocou-lhe um calafrio. Tinham baixado o volume da música e ouviu a sua voz profunda, com um toque de pronúncia. E soube que quando aquele homem falava não era em vão.

      – A quem se refere?

      – Ao homem com quem veio.

      Jules apareceu então.

      – Que fazes aqui? – perguntou-lhe, num tom de raiva, pânico e desafio.

      E Maddie deu-se conta então de que o recém-chegado a conhecia, sabia que estava com Jules.

      – Que achavas que ia acontecer quando te recusasses a responder aos nossos telefonemas? – atirou-lhe o desconhecido num tom gélido. – Pensavas que não iríamos intervir?

      – Tu não…

      – Não vou ter esta conversa aqui, enquanto tu estás nesse estado. Vai ao meu hotel amanhã de manhã, e então falaremos.

      Cada frase era uma ordem que não admitia desacordo ou desobediência.

      Jules endireitou as costas, olhando-o com ar de desafio.

      – Pas possible. Tenho planos para amanhã.

      O homem fulminou-o com o olhar.

      – Segundo


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