Uma esposa para o príncipe. Maya Blake

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Uma esposa para o príncipe - Maya Blake


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      – Não sei por que se importa com isso…

      – Conhece-o há uma semana – interrompeu-a ele. – Tem saído com ele quase todas as noites e, no entanto, nunca foi a sua casa.

      – Isso não significa nada.

      – Pelo contrário, isso leva-me a pensar que me esconde algo. O que é, menina Myers?

      – Sexo, drogas e rock and roll, claro – respondeu ela, irónica.

      – Eu sei que o Jules não toma drogas.

      – Como sabe?

      – É uma condição para que o tesoureiro de palácio lhe dê dinheiro. Em troca de uma generosa soma, o Jules faz testes todos os meses.

      Embora essa informação tivesse dissipado os seus medos, também era uma revelação perturbadora.

      – Faz testes? Está a dizer que lhe pagam para que não se drogue?

      O príncipe franziu a testa.

      – Entre outras coisas – murmurou.

      – Que coisas? – perguntou-lhe ela, pensando que estava na altura de saber algo mais sobre o homem que prometera pagar-lhe para fingir ser sua noiva.

      – Coisas que não são assunto seu – respondeu o príncipe. – Mas aviso-a de que se algo disto sai nos jornais vou processá-la por tudo o que tem.

      – Sim, pois boa sorte – replicou ela.

      – Não acredita em mim?

      Maddie suspirou, aliviada, quando a limusina parou à frente da porta da sua casa.

      – Não, quero dizer que pode processar-me à vontade, que não irá receber nada.

      Assim que pronunciou estas palavras quis retirá-las, mas era demasiado tarde.

      – Está na miséria – disse ele.

      Maddie sentiu uma onda de vergonha e raiva.

      – A minha vida não é assunto seu. E, se não der por garantido que sou uma golpista desejosa de ligar a um jornalista, eu também não pensarei que você é um rico e pomposo imbecil que olha por cima do ombro para os restantes mortais.

      – Não tenho provas de que seja uma golpista, mas sei que é uma exibicionista – respondeu ele, com a sua carismática pronúncia.

      – Desculpe? Que direito tem…? – Maddie não terminou a frase, sentindo a cara a arder.

      «Ai, meu Deus».

      O vestido tinha-lhe subido quase até entre as pernas e o top decotado não conseguia esconder tudo o que deveria. O vestuário que Jules tinha decretado para as suas saídas noturnas era uma das muitas coisas que lhe desagradavam naquele acordo, mas uma das coisas que ele tinha exigido.

      – Sugiro-lhe que se acalme – aconselhou-lhe ele.

      A sua voz profunda e o seu ardente olhar aqueciam lugares que não deveriam aquecer e Maddie puxou o vestido, sabendo que estava a ser julgada e condenada.

      – Já terminámos?

      – Isso depende.

      – Depende do quê?

      Ele limitou-se a sorrir, mas o sorriso provocou um fogo no seu ventre.

      Maddie estava quase exigir uma resposta quando alguém abriu a porta do carro.

      – Vai descobri-lo no momento certo. Boa noite, menina Myers.

      Desde que se vira obrigada a abandonar os seus estudos de psicologia infantil e voltar para casa para cuidar do pai, as noites de Maddie estavam repletas de preocupações. Não dormir era algo habitual e o rangido do estrado de quinta categoria sob o colchão era o acompanhamento das suas ansiedades.

      No entanto, nessa noite outros pensamentos, outras imagens davam voltas à sua cabeça e o que o impedia de dormir era uma estranha mistura de emoções. Incredulidade por ter conhecido um príncipe a sério, um príncipe lindo que parecia saído do grande ecrã. Fúria porque estava a ameaçá-la. Desejo? Não, não ia pensar nisso.

      E ansiedade.

      Era evidente que o príncipe tinha um grande poder sobre o seu meio-irmão, apesar da atitude desafiante de Jules. Atrever-se-ia a negar-lhe o que Jules lhe tinha prometido?

      Este último pensamento manteve-a acordada até que por fim saltou da cama antes que o despertador tocasse às seis.

      O seu pai já se tinha levantado, embora não estivesse vestido, quando chegou à cozinha. Maddie parou à porta, contendo o fôlego enquanto o examinava. Estava raquítico, resultado de uma falha renal causada pelos fortes analgésicos em que se viciara quando a sua próspera imobiliária falira dez anos antes.

      Tinha escondido os seus vícios durante anos para manter as aparências e agarrar-se a uma esposa que esperava um verdadeiro estilo de vida e exigia que o seu marido lho proporcionasse.

      Uma sobredose tinha posto tudo em claro três anos antes, mostrando o surpreendente dano que Henry Myers fizera ao seu corpo. E também tinha sido o princípio de muitas promessas de deixar as drogas, de muitas recaídas, e da ruína em que se metera.

      Por fim, passar de uma vida acomodada a cuidar de um viciado num apartamento diminuto num dos bairros mais pobres de Londres fora demasiado para a sua mãe.

      Anos atrás, o seu pai tinha sido um homem rico e admirado pelos seus colegas. Maddie tinha sido uma menina mimada e alegre, com uma mãe mais interessada em comprar-lhe vestidos do que em dar-lhe afeto e um pai carinhoso, embora sempre ocupado.

      Mas a sua vida tinha dado uma volta após um telefonema de Priscilla Myers, quando Maddie estava na universidade. Estava farta, tinha-lhe dito. Tinha de voltar para casa para cuidar do seu pai porque ela já não podia mais e não estava disposta a continuar a viver na pobreza. No seu tom não havia vergonha nem sentimento de culpa por abandonar o marido e filha. Partira sem olhar para trás e sem deixar morada.

      Maddie tentou conter a angústia enquanto entrava na cozinha.

      – Levantaste-te muito cedo – disse-lhe.

      O pai encolheu os ombros.

      – Não conseguia dormir.

      – Queres tomar o pequeno-almoço? Torradas e chá? – perguntou-lhe ela, tentando animar-se.

      O pai evitava o seu olhar, sinal de que os demónios do vício estavam novamente a apertá-lo. Sentiu o coração encolhido. Se pudesse, tiraria o dia e ficaria em casa para oferecer-lhe o apoio de que precisava.

      – A senhora Jennings virá dentro de um momento – disse-lhe, tentando sorrir. – Ela far-te-á o almoço se tiveres fome.

      O seu pai não disse nada e Maddie tentou não se sentir culpada. O desespero tinha-a levado a pagar à vizinha um pequeno salário para cuidar dele umas horas por dia e o seu pai sabia-o.

      Depois de o terem tirado da lista de transplantes duas vezes, por culpa das recaídas, recorrera a todo o tipo de tretas para o vigiar, mas os últimos exames revelavam que em poucas semanas poderia ter uma falha renal grave.

      Os médicos tinham-lhe dito que não aprovariam a operação a não ser que estivesse limpo durante pelo menos seis meses e, por agora, não tinha recaído, mas precisava de dinheiro para pagar a operação; um dinheiro que dependia de que cumprisse o acordo com Jules Montagne. Correção, Jules Montegova, meio-irmão do príncipe Remirez Alexander Montegova.

      A imagem do imponente homem de olhos cinzentos fez com que sentisse um calafrio na espinha.

      Horas depois, quando acabou de atender os clientes do pequeno-almoço no café em que trabalhava, Maddie começava a estar realmente preocupada.

      Normalmente, Jules enviava-lhe uma mensagem à noite, antes de ir para a cama, dizendo-lhe onde e quando voltariam a ver-se. E, quando a meio


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