Suicídio Policial: Guia Para Uma Prevenção Eficaz. Dr. Juan Moisés De La Serna

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Suicídio Policial: Guia Para Uma Prevenção Eficaz - Dr. Juan Moisés De La Serna


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tentativas anteriores de suicídio.

      –os pacientes crônicos hospitalares.

      –o abuso de álcool.

      –a prisão.

      –as mudanças de estação.

      –a influência dos meios de comunicação.

      –os fatores sociais, como o isolamento ou eventos vitais recentes.

      –a exposição à violência.

      –o trabalhar em determinadas profissões, como no campo da saúde, em serviços de emergência ou na polícia.

      Sobre este último ponto no que diz respeito ao trabalho que é realizado, outras pesquisas têm associado uma maior taxa de suicídio a profissões como a de fazendeiro, médico, policial ou soldado (Tiesman et al., 2015); embora haja um maior número de suicídios na polícia em comparação com a população geral, dentro dos empregos de risco eles ficam atrás das taxas de suicídio de bombeiros, soldados e funcionários penitenciários (Milner, Witt, Maheen, & Lamontagne, 2017; Stanley, Hom, & Joiner, 2016).

      Portanto, e levando em consideração a descrição anterior, pode-se afirmar que os policiais estarão mais expostos a suicídios devido às características de sua profissão, ao isolamento social que às vezes produz, e à exposição quase constante à violência.

      Somente com esses três fatores, estaríamos falando de uma população particularmente vulnerável em que taxas de suicídio mais alta do que da população em geral poderiam ser esperadas, aos quais fatores temporários, como os sazonais (inverno ou verão), os eventos sociais (perda de um familiar), o consumo de álcool, … produzindo um maior risco de suicídio entre os agentes, dados os elevados níveis de estresse a que estão submetidos, com deslocamentos geográficos temporários, exposição quase contínua à violência, sensação de isolamento social (Mishara & Martin, 2012).

      A primeria coisa a esclarecer é o conceito de pessoa, cuja etimologia (origem do significado das palavras) se refere às máscaras que os gregos utilizavam em suas apresentações teatrais; ou seja, a pessoa (máscara) é a imagem com que nos apresentamos aos demais; sem ser tão estrito, o termo é usado para designar um indivíduo substancialmente diferente dos demais, que pertence a uma determinada espécie. Esta pessoa terá uma série de qualidades, além de suas características físicas, como peso, altura, cor do cabelo, pele ou olhos, entre outras; também apresentará uma forma de sentir e de se relacionar consigo mesmo e com os demais, mostrando um estilo de comportamento e maneiras próprias de agir. A este conjunto de estilos de pensar, sentir e agir que se denomina personalidade, em que se podem distinguir três facetas:

      –Biológica, que corresponde tanto à informação genética adquirida pela combinação dos pais (genótipo); bem como os caracteres morfológicos, funcionais e bioquímicos que a pessoa apresenta (fenótipo); o primeiro corresponderia à nossa carga genética, enquanto o segundo se refere a como essa genética se expressa de determinada maneira.

      –Individual, que abrange as necessidades, desejos e vontades, ou seja, é a motivação da pessoa, que será o que a levará a agir de uma determinada maneira para atingir seus objetivos, ela também tentará evitar o que lhe pareça pouco atraente ou desagradável

      –Social, através das relações interpessoais, aprendemos não só a conviver com os demais, mas também a pensar e sentir de uma determinada maneira. A cultura, o idioma, os hábitos e costumes vão configurando desde os primeiros meses, as tendências de pensar, sentir e se comportar do indivíduo ao longo de sua vida

      Com isso podemos ter uma ideia aproximada do que é a personalidade, como a tendência de pensar, sentir e agir de uma determinada maneira, que vai ser condicionada, por um conjunto de regras que regulam a convivência dentro da sociedade em que se vive, bem como pela expressão de uma genética transmitida por nossos pais, mas como se forma a personalidade?

      Existem dois mecanismos principais que usamos para moldar a personalidade ao longo do tempo: a experiência direta permite que a pessoa, desde a mais tenra idade, experimente ações diferentes, e por tentativa e erro, aprenda o que é agradável ou desagradável. O primeiro, se torna uma fonte de desejo, gerando tendências para sua realização; enquanto o desagradável, tende-se a evitá-lo ou até fugir dele; e o aprendizado vicário, também conhecido como aprendizado observacional, em que a pessoa é capaz de aprender as consequências de certas ações vendo os resultados que estas geram em outras, por exemplo, um bebê é capaz de aprender a não tocar em coisas afiadas se ele vê como outra pessoa se machuca ao fazê-lo

      Através destes dois mecanismos, aprenderemos a nos identificar como um indivíduo, diferente dos demais, com nossas próprias características, como nosso corpo, nossa maneira de pensar e de agir. Mas para chegar a este ponto, o bebê tem que passar por um período de experiência e aprendizado, como demonstrado pelo teste da mancha; antes do teste, é colocada uma mancha (de batom) em alguma parte da testa do bebê, e depois ele é colocado em frente ao espelho para observar sua reação. Se este tentar tocar a mancha, conclui-se que o bebê tem consciência de que está se vendo no espelho, ou seja, é seu reflexo; portanto, já teria consciência de si mesmo, como indivíduo diferente dos demais.

      Igualmente, com o tempo, vai adquirindo a consciência moral, que é aquela que vai reger nosso comportamento ao longo da vida, e pela qual, aprendemos o que se estabelece como correto ou incorreto, dentro de determinada sociedade. Assim, estarão permitidos e até encorajados certos desejos, pensamentos e formas de agir; enquanto outros serão banidos, perseguidos e punidos

      Personalidade que vai estar na base de como sentimos, pensamos e agimos, e é justamente neste último aspecto que tentamos explicar alguns comportamentos desalinhados e até psicopatologias; assim, uma das maiores dificuldades no tratamento de viciados é quando existem variáveis de personalidade envolvidas no abuso de substâncias; de modo que se alguma das características de nossa personalidade favorece o abuso de substâncias, estaremos mais predispostos a isso, embora não devamos pensar em qualquer tipo de determinismo de personalidade no abuso de substâncias, ele guiará nossos passos em direção ao que queremos e buscamos.

      Existem muitas variáveis de personalidade que poderiam estar envolvidas, dependendo do modelo teórico que empregamos; mas talvez o narcisismo esteja se destacando nos últimos anos como uma característica determinante de nosso comportamento. O narcisismo é aquela percepção de si mesmo, intimamente relacionado à autoimagem e à autoestima, que motiva condutas autoindulgentes. No extremo está o narcisismo patológico, que leva a uma distorção da realidade, com pensamentos de grandiosidade, fantasias de ter capacidades ilimitadas, sentir-se superior aos outros, e até mesmo perfeito. Onde há uma baixa moralidade no que o satisfaz, não considerando que ele nunca está errado, motivado apenas por recompensas e sem qualquer remorso pelo que faz, mas que papel a personalidade desempenha no abuso de substâncias?

      É exatamente isso que uma pesquisa do Departamento de Psicologia da Universidade de Mohaghegh Ardabili, junto com o Departamento de Psicologia da Universidade de Guilan, e o Departamento de Psicologia Clínica da Universidade Allameh Tabataba’i, Teerã, (Irã) (Mowlaie, Abolghasemi, & Aghababaei, 2016). Participaram do estudo duzentos estudantes universitários, dos quais 38,5% eram mulheres, com idades entre 18 e 35 anos. Todos eles receberam um questionário padronizado para avaliar os níveis de narcisismo patológico através do Inventário de Narcisismo Patológico (Pincus et al., 2009) ; da mesma forma, seu nível de dependência de álcool e outras drogas foi avaliado por meio da Escala de Reconhecimento de Dependência (Weed, Butcher, McKenna, & Ben-Porath, 1992); além disso, o autocontrole foi avaliado por meio da Escala de Autocontrole Cognitivo (Grasmick, Tittle, Bursik, & Arneklev, 1993); e por último foram administradas as escalas BIS/BAS (Carver & White, 1994) para avaliar a sensibilidade para executar ou inibir comportamentos em busca de recompensa.

      Entre os principais efeitos, descobriu-se que o narcisismo patológico e o comportamento ativo estão significativamente relacionados ao abuso de substâncias. Embora o comportamento


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