ANTIAMERICA. T. K. Falco

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ANTIAMERICA - T. K. Falco


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minutos se passaram antes que um tipo alto de meia-idade entrasse na sala. De bronzeado escuro, cabelo preto curto e terno cinzento. Ele pousou uma pasta castanha, um bloco de notas amarelo e uma caneta na mesa de madeira entre eles. O seu olhar recaiu sobre ela quando se sentou na cadeira de metal diante dela. “Menina Blake. Chamo-me Ethan Palmer. Sou um agente especial dos Serviços Secretos.”

      Ela permaneceu imóvel com os braços pendurados nas laterais da cadeira. Os Serviços Secretos e a FCCU. Um exagero para um simples arrombamento e invasão. Ela imaginou qual dos seus crimes aparecera no radar deles. Ou há quanto tempo a vigiavam. Independentemente das provas que tivessem, ela não fazia intenção de revelar nada sobre os seus golpes ou invasão.

      Ele pousou a mão direita sobre a pasta. “O seu arquivo diz que você foi dada como desaparecida na Carolina do Norte pouco depois do seu décimo sexto aniversário. Não há registo de atividade desde então. Importa-se de nos dizer o que tem feito nos últimos dois anos?”

      Ela olhou para o lado. Cada centímetro da parede estava pintado no mesmo cinzento monótono e deprimente. Ele pegou na caneta com um sorriso afetado. "Os seus pais foram dados como mortos. Tem alguém que gostaria que contatássemos? Um amigo ou familiar?"

      “Não.”

      “Lamento ouvir isso. Deve ser difícil… uma rapariga da sua idade a viver sozinha.”

      A última coisa de que ela precisava era deste tipo a ter pena dela. “Tem muita experiência com raparigas da minha idade?”

      “Na verdade, a minha filha mais velha é alguns anos mais nova do que você.”

      Quando os cantos dos lábios dele se suavizaram num sorriso, ela fez um esforço consciente para não retribuir com qualquer sinal de emoção. O silêncio fugaz foi quebrado quando a rabo-de-cavalo surgiu com um blusão azul-escuro sobre a sua camisa branca de mangas compridas. Mascava uma pastilha elástica enquanto passava pela mesa e ia para o fundo da sala.

      O tipo fez um gesto na sua direção enquanto mantinha contato visual com Alanna. “Suponho que já conhece a agente especial da FCCU, Sheila McBride.”

      Ele lançou um olhar rápido à agente, que ela ignorou. “Desculpe, começámos sem si.”

      A mulher descansou contra a parede, amuada, com as duas mãos nos bolsos do casaco. Tinha todas as qualidades de uma maníaca por controlo. Alanna percebeu isso pela forma como esta agente McBride dava ordens no momento da sua detenção. Também estava bem familiarizada com o brilho penetrante que a agente lhe lançou na altura e agora. Durante toda a sua vida cresceu em torno de pessoas que a rotularam de delinquente. Respondeu com um sorriso largo e zombeteiro.

      O agente dos Serviços Secretos acenou com a mão para chamar a atenção dela. “Então, quer nos dizer o que estava a fazer naquele prédio? Ou porque fugiu dos agentes da FCCU que a abordaram?”

      Ele pressionou as pontas dos dedos, enquanto ela descansava os ombros contra o encosto da cadeira.

      “Importa-se de nos dizer como chegou lá? Localizámos o seu carro no seu apartamento.”

      Ela cerrou a mandíbula. Se eles não sabiam do Brayden, com certeza que ela não lhes iria dizer. A agente McBride avançou para a mesa. Definitivamente ainda estava dorida do empurrão fora do apartamento de Javier. A hostilidade corria para os ambos os lados. Alanna nutria pouca simpatia pelas pessoas com quem se cruzava. Especialmente tipas com atitude. Ela atribuiu isso aos anos de raiva reprimida de viver com uma figura materna disfuncional. O suficiente para durar uma vida inteira.

      A agente McBride inclinou-se de forma ameaçadora. “Adivinha o que descobriram no teu portátil após uma busca judicial ao teu apartamento?”

      Os dados dos seus ataques de phishing – o maior campeão de vendas de todos os seus golpes. Ela enviou montes de e-mails que pareciam vir do Instagram, Facebook ou qualquer outra fonte amplamente confiável. Alguns alvos desavisados os abririam, clicariam nos links da mensagem e inseririam as suas informações pessoais em páginas falsas da web que ela criou.

      Ela baixou o queixo antes de responder. “O Minecraft?”

      Os olhos azuis da agente McBride se estreitaram. “Informações pessoalmente identificáveis. Roubo de identidade. Resistência à autoridade. B&E1. Você está prestes a fazer o sortudo de um procurador federal muito feliz.”

      A pulsação de Alanna disparou. A maioria dos dados estava encriptada no seu servidor privado. Exceto os e-mails que ela enviou esta manhã. Poderia ter sido mais cuidadosa, mas não contava com uma emboscada dos federais ao início da tarde. Se não estavam a fazer bluff, ela estava tramada. Mas ela não cometeria o erro de mostrar algum sinal de pânico. O jogo da agente McBride era entrar no seu psicológico. Alanna suportara ser a vítima tantas vezes, que isso já não a incomodava mais.

      Ela mudou sua atenção para o agente Palmer. O tipo devia estar na casa dos quarenta.

      As rugas começavam a aparecer no seu rosto. “Quero um advogado.”

      “Tem um advogado a quem possa ligar? Se não, terá que esperar horas até que o tribunal lhe atribua um.”

      Ela franziu a testa para a sua pequena tentativa de intimidação. “Eu espero. Até lá, não vão conseguir arrancar nada de mim.”

      Ele interrompeu a agente McBride antes que ela pudesse ripostar. “Tudo bem. Não fale. Primeiro vai ouvir o que temos a dizer?”

      “Esteja à vontade.”

      Ele abriu a pasta e, em seguida, meteu-lhe um papel debaixo do nariz. “Está familiarizada com este grupo?”

      Ela reconheceu imediatamente a captura de ecrã. No topo havia uma bandeira vermelha e preta da anarquia com uma estrela no centro. Por baixo havia uma imagem a preto e branco do Che Guevara — a que ela viu nas t-shirts. O Javier não ficou muito contente ao ver o rosto dele quando Brayden mostrou aquele site pirateado.

      Ao lado da imagem havia uma citação: “Está na hora de se livrar do jugo, forçar a renegociação de dívidas externas opressoras e forçar os imperialistas a abandonar as suas bases de agressão.”

      Ela rolou a cabeça sobre o ombro esquerdo. “Sim. Eu conheço o AntiAmerica. Eles estão nas notícias todos os malditos dias.”

      Não que ela estivesse de olho por vontade própria. Fora submetida a repescagens não solicitadas e a comentários de cortesia por Brayden. Hacktivista de longa data e apoiante incondicional das causas sociais na Internet e profetante de discursos anticapitalistas. Assim que ele começou a perceber como “o sistema é manipulado para que os ricos explorem as massas,” ninguém o conseguiu calar.

      O agente Palmer pegou na página da captura de ecrã e abanou-a enquanto a sua parceira andava de um lado para o outro no canto. “Isto era o site do Nexus Bank após o primeiro ataque do AntiAmerica no 1º de maio – Dia do Trabalhador – a comemorar os ataques da Ameaça Vermelha de 1919 há um século atrás. Seguido por ataques contra o Domínio e a Primeira Regência. Os três maiores bancos do país pirateados nos últimos dois meses.”

      Os agentes agiam como se o seu discurso fosse relevante para ela. “É por isso que estão aqui os dois a falar comigo?”

      O agente Palmer assentiu com a cabeça. “A agente McBride e eu fazemos parte de uma força-tarefa interagências designada para os investigar.”

      “Bom para vocês.”

      “Qual é a sua opinião sobre o AntiAmerica?”

      Os ouvidos de Alanna já estavam fartos do som da agente McBride a mascar a pastilha elástica no canto da sala. “Não tenho uma. Estou-me a borrifar. Qual é a sua?”

      “Eles não são hacktivistas que lutam por causas como um LulzSec2 ou NullCrew3. São anarquistas. O objetivo final deles é deixar este país de rastos. E quanto mais seguidores


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