Arrebatadas . Блейк Пирс

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Arrebatadas  - Блейк Пирс


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ele tinha a certeza. Algo nela o havia desencorajado.

      Ele sabia perfeitamente que ela era mais velha do que dizia ser. Não era apena o corpo – até prostitutas adolescentes tinham marcas de partos. E também não eram as rugas que já despontavam no seu rosto. As prostitutas envelheciam mais rapidamente.

      Não conseguia entender. Mas havia muitas mais coisas nela que o deixavam perplexo. Ela mostrava um certo tipo de entusiasmo falsamente ameninado que não era característica de uma verdadeira profissional, nem mesmo de uma novata.

      Dava demasiadas risadinhas como se se tratasse de uma criança a jogar um jogo. Era demasiado ávida. E muito estranhamente, ele suspeitava que ela gostava realmente do que fazia.

      Uma prostituta que gosta realmente de sexo, Pensou ele ao vê-la aproximar-se. Quem já ouviu uma coisa destas?

      Na verdade, era algo que o excitava.

      Bem, pelo menos tinha a certeza que não era uma polícia infiltrada. Tê-lo-ia percebido num instante.

      Quando ela se aproximou o suficiente para o ver, ele buzinou. Ela parou de falar ao telemóvel por um momento e olhou na sua direção, protegendo os olhos da luz da manhã. Quando viu quem era, acenou-lhe e sorriu - um sorriso que parecia completamente sincero.

      Depois caminhou pelas traseiras do ginásio na direção da entrada de “serviço”. Ele apercebeu-se que ela muito provavelmente teria um compromisso no bordel. Não importava, solicitaria os seus serviços noutro dia quando lhe apetecesse gozar um tipo de prazer mais específico. Entretanto, havia por ali muitas mais prostitutas.

      Agora recordava-se em que ponto as coisas tinham ficado no seu último encontro. Ela mostrara-se alegre, bondosa e apologética.

      “Volta sempre que quiseres,” Dissera-lhe. “Da próxima vez vai correr melhor. Vamos consegui-lo juntos. Vai ser mesmo excitante.”

      “Ah, Chiffon,” Murmurou em voz alta para si próprio. “Nem fazes ideia.”

      CAPITULO QUATRO

      Um tiroteio desfilava à volta de Riley. À esquerda, ouvia os ruídos ensurdecedores de pistolas. À direita, ouvia armas mais pesadas – rebentamentos de espingardas de assalto e o silvar pausado de submetralhadoras.

      No meio de todo este clamor, sacou da sua Glock do coldre na anca, descendeu à posição de decúbio ventral e disparou seis rodadas. Ergueu-se para a posição de joelhos e disparou três rodadas. Recarregou a arma rápida e habilmente, depois levantou-se, disparou seis rodadas e, finalmente, ajoelhou-se e disparou mais três rodadas com a mão esquerda.

      Levantou-se e guardou a arma no coldre, depois afastou-se da linha de fogo e retirou os protetores auditivos e óculos de proteção. O alvo em forma de garrafa estava a vinte e três metros de distância. Mesmo àquela distância, conseguiu ver que tinha agregado todos os tiros juntos. Nas filas ao lado da sua, estagiários da Academia do FBI continuavam a treinar sob a orientação dos seus instrutores.

      Já tinha passado algum tempo desde que Riley disparara uma arma pela última vez, apesar de andar sempre armada em serviço. Tinha reservado aquela fila da carreira de tiro da Academia do FBI para treinar e, como sempre, sentira a satisfação do poderoso recuo da arma, da força bruta que transmitia.

      Ouviu uma voz atrás de si.

      “És mesmo da velha guarda, não és?”

      Voltou-se e viu o sorridente Agente Especial Bill Jeffreys próximo dela. Ela devolveu-lhe o sorriso. Riley sabia muito bem o que ele queria dizer com “velha guarda”. Há alguns atrás, o FBI tinha alterado as regras de fogo real para habilitação no disparo de armas de fogo. Disparar na posição de decúbio ventral fazia parte do antigo exercício e já não era obrigatório. Agora davam mais ênfase ao disparo contra alvos mais próximos, a distâncias entre os três e os seis metros. A isso acrescentou-se ainda uma instalação de realidade virtual onde os agentes eram inseridos em cenários que envolviam confrontos armados em bairros. E os formandos também passavam pelo conhecido Hogan’s Alley, uma cidade de dez acres em tamanho real onde combatiam terroristas com armas de paintball.

      “Às vezes gosto de agir à moda da velha guarda,” Disse ela. “Pode ser que um dia tenha que fazer uso de força letal à distância.”

      Da sua própria experiência, Riley sabia que as situações mais sérias eram próximas e pessoais, e eram muitas vezes inesperadas. Na verdade, ela já tivera que lutar com as suas próprias mãos em dois casos bem recentes. Tinha morto um assassino com a sua própria faca e outro com uma pedra.

      “Achas que alguma coisa prepara estes miúdos para a realidade?” Perguntou Bill, indicando com a cabeça os formandos que se preparavam para abandonar a carreira de tiro.

      “Nem por isso,” Respondeu Riley. “Na RV o teu cenário assume o cenário como real, mas não há perigo iminente, não há dor, não há raiva para controlar. Algo no nosso íntimo sabe que não podemos ser mortos.”

      “Pois é,” Disse Bill. “Vão ter que o descobrir por si próprios como nós descobrimos há tantos anos atrás.”

      Riley observou-o de lado enquanto se afastavam da carreira de tiro.

      Tal como ela, Bill tinha quarenta anos e cabelos brancos a despontar da cabeleira escura. Perguntava-se qual o significado de o estar a comparar mentalmente com o seu magro e enjeitado vizinho.

      Qual era o nome dele? Questionou-se. Ah, sim… Blaine.

      Blaine era atraente, mas não estava certa se batia Bill. Bill era grande, sólido e cativante.

      “O que te traz por cá?” Perguntou Riley.

      “Soube que estarias cá,” Respondeu Bill.

      Riley fitou-o apreensiva. Muito provavelmente, aquela não era uma visita de cortesia. Pela sua expressão, Riley percebeu que ele ainda não estava preparado para lhe contar o que queria.

      Bill disse, “Posso cronometrar se quiseres fazer o exercício completo.”

      “Agradecia-te,” Disse Riley.

      Dirigiram-se a uma secção à parte da carreira de tiro onde não correria o risco de ser atingida por balas perdidas provenientes dos formandos.

      Enquanto Bill segurava num cronómetro, Riley ultrapassou todos os níveis do curso de habilitação para manuseamento de arma, disparando contra o alvo a uma distância de três metros, depois cinco, depois sete, depois quinze. A quinta e última fase do exercício era a única parte que Riley considerava pouco desafiante – disparar atrás de uma barricada a uma distância de vinte e três metros.

      Quando terminou, Riley retirou os protetores de cabeça. Ela e Bill encaminharam-se para o alvo e observaram o resultado do treino de Riley. Todas as marcas estavam juntas.

      “Cem porcento – um resultado perfeito,” Disse Bill.

      “Só tinha que ser,” Disse Riley. Não gostaria nada de constatar que estava a perder o jeito.

      Bill apontou para o cenário natural atrás do alvo.

      “Um tanto surreal, não?” Perguntou Bill.

      Vários veados de cauda branca pastavam satisfeitos no alto da colina. Na verdade, tinham-se ali reunido enquanto Riley disparava. Estavam a curta distância, facilmente alcançáveis até para a sua arma. Mas a realidade é que não estavam minimamente incomodados com os milhares de balas que embatiam contra os alvos logo abaixo da cumeeira em que se encontravam.

      “Sim,” Concordou Riley, “e belo.”

      Naquela altura do ano os veados eram uma presença natural ali na carreira de tiro. Era época de caça e de alguma forma sabiam que ali estavam seguros. De facto, os terrenos da Academia do FBI tinham-se tornado numa espécie de refúgio de vida selvagem para muitos animais, incluindo raposas, perus selvagens e marmotas.

      “Há


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