A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2). Johannes Biermanski

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A Bíblia Sagrada - Vol. I (Parte 2/2) - Johannes Biermanski


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tôdas as formas imagináveis, cujo aspecto punge o coração. Para conseguir o favor do Céu, os penitentes violavam as leis de Deus transgredindo as leis da natureza. Eram ensinados a romper com os laços que Êle fizera para abençoar e alegrar a permanência do homem na Terra. Os cemitérios das igrejas contêm milhões de vítimas que passaram a vida em vãos esforços para subjugar as afeições naturais, para reprimir, como se fôsse ofensivo a Deus, todo pensamento e sentimento de simpatia para com o semelhante.

      Se quisermos compreender a decidida crueldade de Satanás, manifestada no transcurso dos séculos, não entre os que jamais ouviram algo acêrca de Deus, mas no próprio coração da cristandade

      e através da mesma em tôda a sua extensão, temos apenas de olhar para a história do romanismo. Por meio dêste gigantesco sistema de engano, o príncipe do mal leva a efeito seu propósito de acarretar a desonra a Deus e a desgraça ao homem. E, vendo nós como consegue disfarçar-se e realizar a sua obra por intermédio dos dirigentes da igreja, melhor podemos compreender o motivo de ter tão grande aversão à Escritura Sagrada. Se êste Livro fôr lido, a misericórdia e amor de Deus serão revelados; ver-se-á que Êle não impõe aos homens nenhum dêsses pesados fardos. Tudo que requer é um coração quebrantado e contrito, um espírito humilde e obediente.

      O Messias não dá em Sua vida nenhum exemplo que autorize os homens e mulheres a se encerrarem em mosteiros sob pretexto de se prepararem para o Céu. Jamais ensinou que o amor e a simpatia devem ser reprimidos. O coração de Yahshua transbordava de amor. Quanto mais o homem se aproxima da perfeição moral, mais acentuada é sua sensibilidade, mais aguda a percepção do pecado e mais profunda a simpatia para com os aflitos. O papa pretende ser o vigário de Cristo; mas como se poderá comparar o seu caráter com o de nosso Salvador? Viu-se alguma vez o Messias condenar homens à prisão ou ao instrumento de tortura, porque não Lhe renderam homenagem como Rei do Céu? Acaso foi Sua voz ouvida a sentenciar à morte os que O não aceitaram? Quando foi menosprezado pelo povo da aldeia samaritana, o apóstolo S. João se encheu de ira e perguntou: "Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também o fêz?" Yahshua olhou, compassivo, para os discípulos e censurou-lhe a severidade, dizendo: "O Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las." S. Lucas 9:54 e 56. Quão diferente do espírito manifestado por o Messias é o de Seu professo vigário!

      A Igreja de Roma apresenta hoje ao mundo uma fronte serena, cobrindo de justificações o registo de suas horríveis crueldades. Vestiu-se com roupagens de aspecto cristão; não mudou, porém / porém realidade não mudou. Todos os princípios formulados pelo papado em épocas passadas, existem ainda hoje. As doutrinas inventadas nas tenebrosas eras ainda são mantidas. Ninguém se deve iludir. O papado que os protestantes hoje se acham tão prontos para honrar é o mesmo que governou o mundo rios dias da Reforma quando homens de Deus se levantaram, com perigo de vida, a fim de denunciar sua iniqüidade. Possui o mesmo orgulho e arrogante presunção que dêle fizeram senhor sôbre reis e príncipes, e reclamaram as prerrogativas de Deus. Seu espírito não é menos cruel e despótico hoje do que quando arruinou a liberdade humana e matou os santos do Altíssimo.

      O papado é exatamente o que a profecia declarou que havia de ser: a apostasia dos últimos tempos (II Tessalonicenses 2:3 e 4). Faz parte de sua política assumir o caráter que melhor cumpra o seu propósito; mas sob a aparência variável do camaleão, oculta o invariável veneno da serpente. "Não se deve manter a palavra empenhada aos hereges, nem com pessoas suspeitas de heresias," declara Roma. - História do Concílio de Constança, de Lenfant. Deverá esta potência, cujo registo milenar se acha escrito com o sangue dos santos, ser- hoje reconhecida como parte da igreja do Messias?

      Não é sem motivo que se tem feito nos países protestantes a alegação de que o catolicismo difere hoje menos do protestantismo do que nos tempos passados. Houve uma mudança; mas esta não se verificou no papado. O catolicismo na verdade em muito se assemelha ao protestantismo que hoje existe; pois o protestantismo moderno muito se distancia daquele dos dias da Reforma.

      Tendo estado as igrejas protestantes à procura do favor do mundo, a falsa caridade lhes cegou os olhos. Não vêem senão que é direito julgar bem de todo o mal; e, como resultado inevitável, julgarão finalmente mal de todo o bem. Em vez de permaneceremem defesa da fé que uma vez foi entregue aos santos, estão hoje, por assim dizer, justificando Roma, por motivo de sua opinião inclemente para com ela, e rogando perdão pelo seu fanatismo.

      Uma numerosa classe, mesmo dentre os que consideram o romanismo sem favor, pouco perigo percebe em seu poderio e influência. Muitos insistem em que as trevas intelectuais e morais que prevaleceram durante a Idade Média favoreceram a propagação de seus dogmas, superstições e opressão, e que a inteligência maior dos tempos modernos, a difusão geral do saber e a crescente liberalidade em matéria de religião, vedam o avivamento da intolerância e tirania. O próprio pensamento de que tal estado de coisas venha a existir nesta era esclarecida, é ridicularizado. É verdade que grande luz intelectual, moral e religiosa resplandece sôbre esta geração. Das páginas abertas da santa Palavra de Deus, tem-se derramado luz do Céu sobre o mundo. Mas cumpre lembrar que quanto maior a luz concedida, maiores as trevas dos que a pervertem ou rejeitam.

      Um estudo da Escritura Sagrada, feito com oração, mostraria aos protestantes o verdadeiro caráter do papado, e os faria aborrecê-lo e evitá-lo; mas muitos são tão sábios em seu próprio conceito que não sentem necessidade de humildemente buscar a Deus para que possam ser levados à verdade. Pôsto que se orgulhando de sua ilustração, são ignorantes tanto sôbre as Escrituras como a respeito do poder de Deus. Precisam de algum meio de acalmar a consciência; e buscam o que menos espiritual e humilhante é. O que desejam é um modo de se esquecer de Deus, que passe por um modo de lembrar-se dÊle. O papado está bem adaptado a satisfazer às necessidades de todos êstes. Está preparado para duas classes da humanidade, abrangendo o mundo quase todo: os que desejam salvar-se pelos próprios méritos, e os que desejam ser salvos em seus pecados. Eis aqui o segrêdo de seu poder.

      Uma época de grandes trevas intelectuais demonstrou-se favorável ao êxito do papado. Provar-se-á ainda que um tempo de grande luz intelectual é igualmente favorável a seu triunfo. Nos séculos antigos, quando os homens estavam sem a Palavra de Deus e sem conhecimento da verdade, seus olhos estavam vendados, e milhares se enredavam, não vendo a cilada que lhes era armada sob os pés. Nesta geração muitos há cujos olhos se tornam ofuscados pelo resplendor das especulações humanas — da "falsamente chamada ciência;" não percebem a rêde e nela caem tão facilmente como se estivessem de olhos vendados. É o intuito de Deus que as faculdades intelectuais do homem sejam tidas na conta de um dom proveniente de seu Criador, e empregadas no serviço da verdade e da justiça; mas, quando são acariciados o orgulho e a ambição, e os homens exaltam as suas próprias teorias acima da Palavra de Deus, pode então a inteligência causar maior dano que a ignorância. Assim a falsa ciência da atualidade que mina a fé nas Escrituras Sagradas, mostrar-se-á tão bem sucedida no preparar o caminho para a aceitação do papado com seu formalismo aprazível, como o fez a retenção do saber ao abrir o caminho para o seu engrandecimento na Idade Média.

      No movimento ora em ação nos Estados Unidos a fim de conseguir para as instituições e úsos da igreja o apoio do Estado, os protestantes estão a seguir as pegadas dos romanistas. Na verdade, mais que isto, estão abrindo a porta para o papado a fim de adquirir na América protestante a supremacia que perdeu no Velho Mundo. E o que dá maior significação a êste movimento é o fato de que o principal objeto visado é a obrigatoriedade da observância do domingo, prática que se originou com Roma, e que ela alega como sinal de sua autoridade. É o espírito do papado - espírito de conformidade com os costumes mundanos, com a veneração das tradições humanas acima dos mandamentos de Deus - que está embebendo as igrejas protestantes e levando-as a fazer a mesma obra de exaltação do domingo, a qual antes delas fêz o papado.

      Se o leitor deseja compreender as agências (agentes) que atuarão na luta prestes a vir, não tem senão que investigar o relato dos meios que Roma empregou com o mesmo fito nos séculos passados. Se quiser saber como romanistas e protestantes, unidos, tratarão os que rejeitarem seus dogmas, veja o espírito que Roma manifestou em relação ao sábado é


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