José, O Grande Servo. Juan Moisés De La Serna

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José, O Grande Servo - Juan Moisés De La Serna


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do cavalheiro e seguiu seu caminho. A noite o surpreendeu e ele chamou em uma casa, próxima a uma aldeia que não conhecia e pediu pousada. E disseram-lhe para entrar, apesar de não se dedicarem a fornecer pousada. Mas ele poderia passar uma noite em casa, pois o costume os obrigava a serem caridosos com aqueles que pediam corretamente. Quando entrou, ele percebeu que era a casa que o eremita havia indicado. Eles disseram:

      - Meu senhor, somos pobres, mas honrados por isso em nossa mesa não existe muita comida e é possível que você não goste como é preparada, mas não podemos prepará-la de outra maneira.

      E voltaram a servir aqueles ensopados que ele tanto gostou quando foi servido pela velha daquela casa. E assim que o viu e provou, ele se lembrou e não conseguindo se conter, disse:

      - Está magnífico, como na outra vez.

      E a mulher ficou olhando para ele e disse:

      - Meu senhor, você já esteve aqui alguma vez para se lembrar do ensopado? Pois como você pode ver, não tem nada porque não temos nada. Está apenas cozido, são produtos do campo e só tem sal para temperá-lo e como molho, tem um pouco de azeite e de pimenta moída.

      - No entanto, está magnífico! - disse José.

      Depois serviram um frango e aconteceu a mesma coisa. Ele comentou como estava bom e a mulher voltou a dizer:

      - Meu senhor, não tem nada de mais e só está cozido com sal e mais nada.

      José notou que a mulher estava grávida e perguntou:

      - Para quando é a criança?

      - Falta pouco, mas precisamos fazer uma viagem até a casa de alguns parentes e é possível que nasça ali - ela respondeu.

      Era costume que quando uma mulher fosse ter um filho se reunisse na casa de algum parente que cuidaria dela pelo tempo que fosse necessário, desde o parto até que ficasse em pé.

      - Se você tivesse passado na próxima semana, não teria nos encontrado – acrescentou o homem – pois é a semana que tínhamos planejado reiniciar a viagem já que tem de ser a pé e pelo fato do parto estar próximo, leva-se muito tempo para chegar.

      - Por que vocês não vão de carroça? - perguntou José.

      - Senhor – respondeu a mulher – não temos nem carroça nem cavalo para puxá-la e também não podemos alugá-la pois não temos dinheiro. Além disso, é bom para as mulheres caminharem bastante quando chega a hora, porque isso nos fortalece e temos os filhos quase sem sofrimento. Portanto, não pense nisso – e eles agradeceram pelo seu interesse.

      José, querendo fazer algo por aquela família, disse:

      - Eu gostaria de voltar para ver o que vocês tiveram, se um varão ou uma fêmea, para trazer um presente. Porque ele ou ela estão me servindo agora – dizia isso pelo fato da mãe estar lhe servindo e a criança estar em seu ventre.

      O homem riu da ideia de José e perguntou:

      - Diga-me, pois eu não o conheço destas redondezas e você parece sério. Você conheceu a voz do ALTÍSSIMO?

      José olhou para ele surpreso e os dois olharam para ele esperando pela sua resposta. José respondeu:

      - Eu a conheci e a carrego dentro de mim, guiando meus passos.

      - Estava esperando por isso! – disse o homem – já que eu também a tenho e ELE já havia me informado. Não queremos presentes pois algum dia você terá de nos presentear, mas de outra maneira. Agora dorme nesta cama e pela manhã cumpra sua tarefa. E mesmo que demore muito tempo para nos encontrarmos novamente, lembre-se que o ALTÍSSIMO sempre escolhe as pessoas, os lugares e as maneiras. E o homem só tem de obedecer para fazer sua Vontade.

      O casal foi dormir no outro quarto e José ficou no cômodo em que comeu, pois, a casa não tinha outros. E ele dormiu maravilhosamente.

      No dia seguinte, seguiu seu caminho, mas não sem se despedir deles calorosamente. E ele perguntou à mãe:

      - Posso, por favor, segurar sua mão?

      E não era comum que os homens tocassem as mãos das mulheres casadas. E ela, sem se surpreender, estendeu a mão. E quando José a segurou, sentiu o mesmo calor que havia sentido nas duas ocasiões anteriores. E isso encheu todo seu ser. Ele olhou nos olhos da mulher e viu que eram da mesma cor que viu naquela menina e naquela velha e pensou que tinha de ser assim porque é a mãe daquela que será minha mulher. E sem conseguir se conter, beijou a mão que tinha entre as suas. A mulher permitiu e retirou suavemente a mão. E olhando em seus olhos disse:

      - Este beijo não é para mim e eu sei!

      José continuou a viagem e chegou onde o rei se encontrava. Ele se pôs elegante, pegando a roupa que levava guardada em um pacote para não manchá-la no caminho.

      Ele se apresentou ao Rei e transmitiu a mensagem. E não lhe dando ouvidos, o Rei disse:

      - Está bem! Coma o que quiser e depois volte para sua casa, porque você ainda não tem idade para andar sozinho por estas estradas.

      Isso ofendeu José, que respondeu:

      - Meu senhor, realmente não tenho idade para fazer isso, somente para escoltar seu cavalheiro e salvar sua vida quando foi necessário e também para servi-los e trazer a mensagem que você estava esperando. Portanto, vou embora para obedecer, mas você não tem razão!

      Dizendo isso, ele começou a ir embora, mas o Rei o impediu, surpreso com a resposta e disse:

      - Seu nome, qual é?

      José disse e o Rei disse a seguir:

      - Você tem razão em dizer estas coisas, mas quando um Rei pede que você vá embora, você vai embora e mais nada! Porque o Rei pode ter outros assuntos neste momento que está despachando ou apenas não quer ser importunado. E é privilégio seu ouvir ou dispensar as pessoas e mais nada. Diga-me uma coisa, pois apesar de ter razão, você se mostrou insolente e a juventude tem seus impulsos que costumam ser justos. Você considera que eu não lhe dei a atenção devida já que percorreu um longo caminho para transmitir um recado que poderia ter sido enviado por um criado? Você tem razão, portanto me desculpe. Fique hoje e aproveite as coisas do palácio e amanhã, descansado, vai embora para sua casa.

      José ficou pensativo e perguntou:

      - Como posso fazer duas coisas diferentes ao mesmo tempo já que o próprio Rei me mandou embora. Se fico, desobedeço. Se vou embora, também desobedeço. Portanto, meu senhor, diga a terceira para ver o que eu tenho de fazer.

      O Rei começou a rir de bom grado e disse:

      - Pois bem, a terceira é que você se sente aqui - e indicou um lugar ao seu lado.

      José obedeceu e encontrou-se sentado ao lado do Rei que perguntou de onde ele era e quem era seu pai. E assim descobriu que José era descendente da casa real, em linha direta e brincando, o Rei disse aos presentes:

      - Coma bem, porque você pode ser o pai do MESSIAS e trouxe a boa notícia que não preciso deixar o trono – e dizendo em voz baixa para José, continuou – em segredo te digo que não pretendia fazê-lo senão matar o recém-nascido e assim evitar que surja outro que possa tirá-lo de mim.

      José viu que tinha diante de si um assassino e não um Rei, ou melhor dizendo, um Rei assassino pois pretendia matar uma criança sem sequer provar que ela era culpada de alguma coisa. Uma criança cujo único delito era ser filho de uma pessoa e que o ALTÍSSIMO havia abençoado. Ele pensou que precisava sair logo dali ou ficaria doente.

      Naquele momento lhe ofereceram uma bebida e pegando o copo, ele o levou à boca. Mas como nunca bebia, ele pensou: - O que eu faço agora? E ocorreu-lhe a solução, que rapidamente colocou em prática. Ele tomou um gole e com ele molhou o Rei que era quem estava ao seu lado e começou a tossir sem parar. O Rei se irritou de tal maneira que, embora José continuasse tossindo, ele gritou:

      - Saia da minha vista! Que desajeitado você é que nem sabe beber. Vá para


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